1. Foi notícia, no final da pretérita semana, que seria intenção do Governo vender uma centena de edifícios de repartições de finanças, para com isso arrecadar cerca de € 106 milhões de receitas.
2. O modo como a notícia foi dada parece sugerir que se trata de uma operação a concretizar com brevidade, a fim de permitir realizar o dito encaixe com a maior rapidez, ajudando a compor as receitas não fiscais do Orçamento e a amenizar a imensa dificuldade das contas públicas do exercício em curso.
3. A ser assim (haverá que confirmar) - a notícia sobre este ponto era omissa tanto quanto me apercebi – poderemos estar em presença de mais um negócio imobiliário que o Estado realiza consigo próprio...
4. Como? Muito simplesmente vendendo esses patrimónios a uma empresa que detém a 100%(Estamo, de seu nome) e recebendo a correspondente verba. A dita Estamo se encarregará depois de vender esses patrimónios no mercado, “au fur et à mesure”, resta saber por que preço...
5. A pergunta que se segue é a seguinte: e onde vai a Estamo encontrar os fundos para pagar o negócio ao Estado seu accionista único? A resposta é simples: à Banca, evidentemente, que assim concede um crédito que não lhe será difícil, por enquanto, mobilizar junto do BCE e com um diferencial de juros bem “jeitoso”...
6. Todos ganham, então? Infelizmente não – ganha o Estado, ganham os bancos financiadores destas operações, mas ficam a perder as empresas mais pequenas, as famosas PME’s, que não têm condições para enfrentar um concorrente deste peso no acesso ao crédito bancário...
7. Crédito bancário ao qual dificilmente as PME’s acedem, como se sabe, a não ser pagando diferenciais de juro imensamente gordos...
8. É assim que a economia vai sendo “apoiada”...E ainda há quem se surpreenda com as más notícias sobre o desempenho da economia que, em fluxo quase ininterrupto, vão sendo divulgadas...
9. Cumpre acrescentar que, a confirmar-se este negócio, a moralidade pública ficará também a perder pois este tipo de negócios constitui um péssimo exemplo para o sector privado...mas será que ainda faz sentido falar-se em moralidade pública?
Nessa lista de perdedores falta aquele que está lá sempre: EU!
ResponderEliminarEntretanto nem o ministério público, nem o tribunal de contas vêm nada de esquisito nisto? Tipo...ROUBO!?!?
Bem visto!
ResponderEliminarFicam a perder as PME's e fica a perder o contribuinte, que será no final quem vai pagar o spread do banco mais o preço do arrendamento destes edifícios.
ResponderEliminarEssa moral/ética pública tão rara...
ResponderEliminarNessa caldeirada amanhada
entre muitos milhões emprestados
a moral fica acabrunhada
por comportamentos enquistados.
Pagando juros bem “jeitosos”
por dívidas tão nutritivas
ficam arrojos desditosos
dessas éticas putativas…
Em suma:
Assim prossegue o devastar
de muitos valores decentes,
pois é proibido atentar
contra práticas indecentes…
Caro Tonibler,
ResponderEliminarAs minhas desculpas pela omissão...mas considerei-o, porventura por lapso, na categoria das PME's...
Caro JMG,
É certo que não mencionei os contribuintes...mas ainda acha necessário dizer, em relação a qualquer medida dos incumbentes, que o contribuinte vai ficar a perder?
Caro M. Brás,
Precisamos dessa poesia de intervenção/combate bem afinada...vêm aí tempos muito difíceis...
A incessante rapacidade estatal promove o arranjinho, a esperteza saloia, o pequeno truque, a cosmética de 2ª categoria e - talvez o pior de tudo - a irresistível tentação de tentar fazer de todos os outros parvos.
ResponderEliminarAté quando?
Vamos lá então à moralidade pública,
ResponderEliminarou pura e simples mente, à Moral:
«A ética da República é a ética da lei» - Pina Mora: antigo funcionário do PCP, ministro e deputado do PS (socialista), presidente da empresa Iberdrola em Portugal.
«A credibilidade da política não está na ética» - Paulo Rangel, antigo deputado do PSD na AR, euro deputado do PSD em Bruxelas.
«Finalmente um debate ideológico sem os tiques pacheco-pereiristas de só discutir o suposto carácter dos outros» - Paulo Pedroso, antigo ministro e deputado do PS, indiciado no caso da Casa Pia, após programa Quadratura do Círculo na SIC.
Que fazer?
BMonteiro
Caro Tavares Moreira:
ResponderEliminarIsto já é uma verdadeira paródia, uma comédia. 0 drama é que vai acabar em tragédia.
Caro Eduardo F.,
ResponderEliminarAirresistível tentação e o enorme sucesso de fazer quase todos os outros parvos, há que reconhecer!
Um sucesso alicerçado numa magnífica e muito eficaz parceria entre o mal-feitor e os media...
Caro Bravomike,
Que fazer? Mas haverá alguma coisa a fazer a não ser nada fazer?
Caro P. Cardão,
Tragédia grega ou à grega, muito provavelmente...
A engenharia financeira passou a malabarismo financeiro...
ResponderEliminarCara Suzana,
ResponderEliminarDiria, utilizando as suas metáforas, que estamos em presença do casamento perfeito entre a engenharia e o malabarismo...
O que nada tem de estranho, de resto, numa época em que o conceito de casamento tem vindo a rasgar velhas fronteiras e conquistando novos e muito ousados aderentes!