A luta contra a discriminação sexual tem sido uma realidade nos últimos tempos. Seria fastidioso enumerar os diversos movimentos sociais e políticos destinados a por cobro à discriminação feminina. O processo, apesar de estar no bom caminho, ainda não atingiu a igualdade plena, mesmo no ocidente, já que nos povos de influência islâmica a situação é mais do que confrangedora, é obscena, e não há razões culturais ou outras capazes de a justificar.
O ocidente está, felizmente, a feminizar-se, o que é natural. No entanto, certos comportamentos podem dificultar a obtenção do estatuto de igualdade plena, devido ao impacto e influência sobre a sociedade.
Um ensaio extraordinário, publicado no El País, por Juan G. Bedoya, chamou-me a atenção pela riqueza e profundidade do tema relacionado com a mulher. O título é sugestivo, “Ella como pecado”, visão criada pela igreja católica e que o autor analisa. O objetivo é contestar a discriminação das mulheres ao impedir que sejam ordenadas. Mas como se isto não fosse suficiente para contribuir para a discriminação de género, o facto de ter sido publicado na carta apostólica como sendo um delito grave, a par de outros, caso da pedofilia, levantou celeuma que ainda não se apagou.
Não é difícil para os teólogos que defendem a discriminação invocarem razões e mais razões que só convencem quem quer ser convencido e, caso haja quem não se deixe convencer, podem, em última instância, argumentar que este assunto só diz respeito aos que pertencem à igreja. Ninguém é obrigado a entrar. Não é bem assim, porque não estamos a falar de um clube desportivo ou associação recreativa, mas sim de uma instituição com poderosíssima capacidade de intervenção na sociedade, influenciando católicos, não católicos e, até, ateus. Logo, o seu exemplo, pode ter efeitos negativos. E, quanto a efeitos negativos, estamos conversados, porque o número de vezes que já pediram desculpa pelos erros do passado estão bem documentados. Quanto aos efeitos positivos, princípios cristãos, não são os únicos detentores, outras religiões e movimentos também os defenderam e defendem, até mesmo antes de Cristo aparecer.
A desclassificação da mulher é muito velha, caso do pecado original. Santo Agostinho explicou que o diabo tentou a mulher e não o Adão, porque este não seria tão crédulo! Às tantas o diabo tentou-a porque achou-a mais bonita e jeitosa do que o peludo do seu companheiro. Mas não ficaram por aqui. Os homens é que faziam os filhos e as mulheres recebiam as sementes. O natural seria nascerem homens. Quando nasciam mulheres, estas eram consideradas como “homens mutilados”, uma corrupção do masculino, um ser imperfeito! Pois sim, imperfeito, uma ova! Na altura, os princípios aristotélicos, “ciência da época” davam um jeitão aos senhores doutores da igreja que se apressaram a incorporá-los na doutrina oficial. Já sabemos como as coisas evoluíram no tempo. O que eu não sabia, confesso, era que o termo femina (mulher em latim), e que está na base de feminino, encerra em si o tal conceito inferior. Não querendo intrometer-me em áreas que não são minhas, caso da filologia, transcrevo a explicação dada no texto: “femina provém de fides(fé) e minus(menos), logo significa: a que tem menos fé”.
O conceito de inferioridade tem acompanhado a mulher desde sempre, e continua, apesar de todas as conquistas verificadas, a ser patrocinada pela igreja ao não permitir a igualdade na ordenação, considerada “um delito grave”. O assunto não é do mero foro interno da igreja, porque tem reflexos noutras áreas, condicionando a forma de ver a mulher na sociedade! É pena que Cristo não possa vir à Terra para dizer alguma coisa sobre a matéria. Às tantas, e fazendo uso de uma frase de um dos participantes do Vaticano II, o teólogo Karl Rahner, “Jesus não entenderia uma única palavra”, e não deveria ser por falta de tradução ou desconhecimento de línguas...
O ocidente está, felizmente, a feminizar-se, o que é natural. No entanto, certos comportamentos podem dificultar a obtenção do estatuto de igualdade plena, devido ao impacto e influência sobre a sociedade.
Um ensaio extraordinário, publicado no El País, por Juan G. Bedoya, chamou-me a atenção pela riqueza e profundidade do tema relacionado com a mulher. O título é sugestivo, “Ella como pecado”, visão criada pela igreja católica e que o autor analisa. O objetivo é contestar a discriminação das mulheres ao impedir que sejam ordenadas. Mas como se isto não fosse suficiente para contribuir para a discriminação de género, o facto de ter sido publicado na carta apostólica como sendo um delito grave, a par de outros, caso da pedofilia, levantou celeuma que ainda não se apagou.
Não é difícil para os teólogos que defendem a discriminação invocarem razões e mais razões que só convencem quem quer ser convencido e, caso haja quem não se deixe convencer, podem, em última instância, argumentar que este assunto só diz respeito aos que pertencem à igreja. Ninguém é obrigado a entrar. Não é bem assim, porque não estamos a falar de um clube desportivo ou associação recreativa, mas sim de uma instituição com poderosíssima capacidade de intervenção na sociedade, influenciando católicos, não católicos e, até, ateus. Logo, o seu exemplo, pode ter efeitos negativos. E, quanto a efeitos negativos, estamos conversados, porque o número de vezes que já pediram desculpa pelos erros do passado estão bem documentados. Quanto aos efeitos positivos, princípios cristãos, não são os únicos detentores, outras religiões e movimentos também os defenderam e defendem, até mesmo antes de Cristo aparecer.
A desclassificação da mulher é muito velha, caso do pecado original. Santo Agostinho explicou que o diabo tentou a mulher e não o Adão, porque este não seria tão crédulo! Às tantas o diabo tentou-a porque achou-a mais bonita e jeitosa do que o peludo do seu companheiro. Mas não ficaram por aqui. Os homens é que faziam os filhos e as mulheres recebiam as sementes. O natural seria nascerem homens. Quando nasciam mulheres, estas eram consideradas como “homens mutilados”, uma corrupção do masculino, um ser imperfeito! Pois sim, imperfeito, uma ova! Na altura, os princípios aristotélicos, “ciência da época” davam um jeitão aos senhores doutores da igreja que se apressaram a incorporá-los na doutrina oficial. Já sabemos como as coisas evoluíram no tempo. O que eu não sabia, confesso, era que o termo femina (mulher em latim), e que está na base de feminino, encerra em si o tal conceito inferior. Não querendo intrometer-me em áreas que não são minhas, caso da filologia, transcrevo a explicação dada no texto: “femina provém de fides(fé) e minus(menos), logo significa: a que tem menos fé”.
O conceito de inferioridade tem acompanhado a mulher desde sempre, e continua, apesar de todas as conquistas verificadas, a ser patrocinada pela igreja ao não permitir a igualdade na ordenação, considerada “um delito grave”. O assunto não é do mero foro interno da igreja, porque tem reflexos noutras áreas, condicionando a forma de ver a mulher na sociedade! É pena que Cristo não possa vir à Terra para dizer alguma coisa sobre a matéria. Às tantas, e fazendo uso de uma frase de um dos participantes do Vaticano II, o teólogo Karl Rahner, “Jesus não entenderia uma única palavra”, e não deveria ser por falta de tradução ou desconhecimento de línguas...
A Igreja católica estagnou, parou no tempo, não tem acompanhado a evolução da humanidade; peca pela sua intransigência e não é apenas no que se refere à ordenação das mulheres. O declínio no número de fiéis deve-se em grande parte à sua posição no que concerne o celibato dos padres, a eutanásia, a contracepção. Ainda se vive numa sociedade em que as mulheres (que são 51% da humanidade) têm que lutar pela igualdade e a posição da Igreja não dá o exemplo, de facto. Tal como disse Isabel Allende numa das suas palestras “Os homens mandam no mundo e olhem para a confusão que temos.”
ResponderEliminarE agora vou ler o ensaio.
Caro Professor Massano Cardoso:
ResponderEliminarPensar na origem das coisas, na sua lógica e razão de ser, interrogarmo-nos com uns tantos "porquês", é o que este tema, exatamente como muitos outros do caro Prof, nos estimula a refletir.
Também vou ler o ensaio, mas é preciso lembrar que durante muito tempo se discutiu se as mulheres tinham alma, os homens, que nessa altura faziam guerra uma actividade nobre, tinham com certeza...
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