Este é o título de um artigo publicado no jornal electrónico ´PRESSEUROP´ que vale a pena ler.
O texto procura dar resposta a uma interrogação óbvia: o que explica que um tratado aprovado há um ano, havido como a panaceia para as debilidades e bloqueios de uma união económica que se pretendia política, cedesse ao fim de tão pouco tempo à necessidade da sua revisão? Dirão os líderes, como Sócrates o fez, que o mundo mudou de repente. Mas a verdade é que a conclusão a que as lideranças chegaram a 28 de Outubro de 2010 na cimeira que os reuniu num momento de grande descontentamento e agitação social em muitos dos Estados europeus, não esconde as fragilidades de uma união onde a solidez institucional está à vista, a solidariedade entre Estados mais fortes e mais débeis é uma quimera, onde a união monetária dá sinais de desagradar a quem depositou a esperança de mudanças estruturais nas suas economias mas, acima de tudo isto, que revela a mediocridade dos decisores e a incapacidade da burocracia europeia para apoiar a concepção e tomada de decisões à altura das circunstâncias.
Creio que a situação que a Europa dos 27 vive, tornou indisfarcável que a somar à crise financeira e às dificuldades económicas ocorre uma crise profunda na qualidade das lideranças.
A ideia da revisão do Tratado de Lisboa é, para alguns, justificadamente um pesadelo se nos recordarmos do que aconteceu com o abortado tratado constitucional e com a negociação e ratificação pelos Estados do compromisso possível assumido em Lisboa.
Entendo bem a reacção dos irlandeses que o artigo documenta: “Muito a propósito, em vésperas do Halloween, regressa o fantasma do Tratado de Lisboa”, escarnece o Irish Independent. “Não vamos ter de reviver aquilo outra vez. Ao votarmos pelo Tratado de Lisboa, demos à União Europeia poder para tomar decisões sem andar a pedir aos irlandeses que organizem um referendo, ou não?”
E eu a pensar que no artigo se estavam a recordar da actuação da Dulce Pontes. ;)
ResponderEliminarEsse foi um momento alto, meu caro Texticulos. Dulce está muito acima, muito acima da mediocridade vigente.
ResponderEliminarCaro Ferreira de Almeida, não será esta ideia da revisão do Tratado de Lisboa um mero assumir que a União Europeia é uma mera utopia? Que não passa dum sonho (ou pesadelo, depende de onde se veja) bonito de alguns?
ResponderEliminarEstou à vontade para falar porque esta UE sempre me pareceu simplesmente uma impossibilidade física.
...e só de pensar que o presidente da república que conspirou com o primeiro-ministro para este ignorar as promessas eleitorais de referendar o acordo se apresenta agora como quem não teve nada a ver com o assunto. Lá como cá, os fantasmas do Halloween têm tendência a regressar!
ResponderEliminarCaro Ferreira d'Almeida, dá-me ideia que a Europa também se esquece rapidamente do que é im-pen-sá-vel a um momento para passar a ser ur-gen-ti-ssi-mo no momento seguinte. Esta hipótese de revisão de um tratado que seria o sine qua none da futuro da Europa seria ridícula se não fosse dramática. Como se os defices se resolvessem com cláusulas de multas, o símbolo evidente da falta de poder político executivo e da incapacidade de obter dos países informações a tempo e horas. Mas parece que já há um corpo diplomático europeu novinho em folha...
ResponderEliminarA respeito deste tema recordo-me da socretina promessa eleitoral de que o tratado seria sujeito a referendo... como se viu! E a justificação desse especialista em contos do vigário para a aprovação do "casamento" entre pessoas do mesmo sexo: era o cumprimento de uma promessa eleitoral do partido sucialista! Ahh Pinóquio, se alguma vez imaginaríamos que viria alguém capaz de te ridicularizar de modo tão flagrante!...
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