sábado, 30 de outubro de 2010

"Socorro, Lisboa está de volta!"

Este é o título de um artigo publicado no jornal electrónico ´PRESSEUROP´ que vale a pena ler.
O texto procura dar resposta a uma interrogação óbvia: o que explica que um tratado aprovado há um ano, havido como a panaceia para as debilidades e bloqueios de uma união económica que se pretendia política, cedesse ao fim de tão pouco tempo à necessidade da sua revisão? Dirão os líderes, como Sócrates o fez, que o mundo mudou de repente. Mas a verdade é que a conclusão a que as lideranças chegaram a 28 de Outubro de 2010 na cimeira que os reuniu num momento de grande descontentamento e agitação social em muitos dos Estados europeus, não esconde as fragilidades de uma união onde a solidez institucional está à vista, a solidariedade entre Estados mais fortes e mais débeis é uma quimera, onde a união monetária dá sinais de desagradar a quem depositou a esperança de mudanças estruturais nas suas economias mas, acima de tudo isto, que revela a mediocridade dos decisores e a incapacidade da burocracia europeia para apoiar a concepção e tomada de decisões à altura das circunstâncias.
Creio que a situação que a Europa dos 27 vive, tornou indisfarcável que a somar à crise financeira e às dificuldades económicas ocorre uma crise profunda na qualidade das lideranças.
A ideia da revisão do Tratado de Lisboa é, para alguns, justificadamente um pesadelo se nos recordarmos do que aconteceu com o abortado tratado constitucional e com a negociação e ratificação pelos Estados do compromisso possível assumido em Lisboa.
Entendo bem a reacção dos irlandeses que o artigo documenta: “Muito a propósito, em vésperas do Halloween, regressa o fantasma do Tratado de Lisboa”, escarnece o Irish Independent. “Não vamos ter de reviver aquilo outra vez. Ao votarmos pelo Tratado de Lisboa, demos à União Europeia poder para tomar decisões sem andar a pedir aos irlandeses que organizem um referendo, ou não?”

6 comentários:

  1. E eu a pensar que no artigo se estavam a recordar da actuação da Dulce Pontes. ;)

    ResponderEliminar
  2. Anónimo13:12

    Esse foi um momento alto, meu caro Texticulos. Dulce está muito acima, muito acima da mediocridade vigente.

    ResponderEliminar
  3. Anónimo13:31

    Caro Ferreira de Almeida, não será esta ideia da revisão do Tratado de Lisboa um mero assumir que a União Europeia é uma mera utopia? Que não passa dum sonho (ou pesadelo, depende de onde se veja) bonito de alguns?

    Estou à vontade para falar porque esta UE sempre me pareceu simplesmente uma impossibilidade física.

    ResponderEliminar
  4. ...e só de pensar que o presidente da república que conspirou com o primeiro-ministro para este ignorar as promessas eleitorais de referendar o acordo se apresenta agora como quem não teve nada a ver com o assunto. Lá como cá, os fantasmas do Halloween têm tendência a regressar!

    ResponderEliminar
  5. Caro Ferreira d'Almeida, dá-me ideia que a Europa também se esquece rapidamente do que é im-pen-sá-vel a um momento para passar a ser ur-gen-ti-ssi-mo no momento seguinte. Esta hipótese de revisão de um tratado que seria o sine qua none da futuro da Europa seria ridícula se não fosse dramática. Como se os defices se resolvessem com cláusulas de multas, o símbolo evidente da falta de poder político executivo e da incapacidade de obter dos países informações a tempo e horas. Mas parece que já há um corpo diplomático europeu novinho em folha...

    ResponderEliminar
  6. A respeito deste tema recordo-me da socretina promessa eleitoral de que o tratado seria sujeito a referendo... como se viu! E a justificação desse especialista em contos do vigário para a aprovação do "casamento" entre pessoas do mesmo sexo: era o cumprimento de uma promessa eleitoral do partido sucialista! Ahh Pinóquio, se alguma vez imaginaríamos que viria alguém capaz de te ridicularizar de modo tão flagrante!...

    ResponderEliminar