1. Parece pois assegurada a passagem – não a “viabilização”, permito-me insistir neste ponto – da proposta de OE/2011.
2. Todavia, mesmo depois de garantido esse sucesso, os mercados da dívida não se mostram convencidos da saúde financeira da economia portuguesa, sendo nesta altura mais elevado o juro exigido do que antes do anúncio do acordo orçamental.
3. A explicação deste paradoxo, que põe em causa a teoria da “salvação nacional” explícita ou implícita no discurso dos que consideravam a aprovação do OE/2011 um passo fundamental para salvar o País de uma crise financeira sem precedentes – estará na famosa expressão “há mais vida para além do Orçamento”.
4. Não,...não significa reconhecer fundamento ao famoso discurso do ex-Presidente Sampaio quando do alto da tribuna da AR, em 25/04/2003, utilizou essa expressão em tom crítico para a política orçamental estoicamente seguida por M.F. Leite.
5. Essa declaração ficará aliás para a história como um dos mais negativos contributos para o esclarecimento das prioridades da política económica portuguesa dos últimos 15 anos.
6. Quando agora digo “há mais vida para além do Orçamento”, refiro-me a um curioso texto inserto na edição do Financial Times de 22/X último (pág. 10) em relação ao problema financeiro português.
7. Dizia o FT que, sendo certo que a passagem da proposta de OE/2011 era necessária para evitar que Portugal perdesse totalmente a sua autonomia orçamental, isso não resolve o problema do sobre-endividamento do País...
8...A resolução deste problema, segundo o FT, não será possível sem crescimento económico – mas a economia portuguesa está anémica, quase nada cresce, refere.
9. Aumentar o ritmo de crescimento da economia exigiria uma depreciação do Euro ou um aumento maciço da produtividade, mas nenhuma dessas condições parece possível – ao invés, as medidas de austeridade anunciadas deverão empurrar a economia novamente para a recessão...
10. Assim sendo, conclui o FT, no tempo de alívio financeiro que o programa de austeridade do OE/2011 possa facultar ao País, deverão ser introduzidas urgentíssimas reformas (“estruturais”), incidindo sobretudo nas seguintes áreas:
- Agilização das relações jurídico-laborais (não redução de salários, entenda-se);
- Revisão do sistema de administração da justiça, apontado como factor de forte desincentivo ao investimento;
- Reforma do sistema educativo terciário, reconhecidamente mau;
11. Conclui o FT que “Lisboa precisa de acelerar rapidamente este programa de reformas se pretender evitar o recurso, mais tarde ou mais cedo, ao Fundo Europeu de Estabilização Financeira” (leia-se sujeição a um programa monitorizado pelo FMI).
12. Será este pois o novo sentido da expressão “há vida para além do défice”...vale o que vale, mas o FT reflecte a percepção dos mercados, não esqueçamos...
A coisa mais desesperante nos economistas é o facto deles ignorarem os fundamentos daquilo que separa o seu saber do saber dos outros.
ResponderEliminarPortugal tem uma população estacionária e relativamente pequena. Existe um nível de "paternalismo" acima do qual deixa de existir crescimento económico porque o trabalho das pessoas está alocado, não ao consumo das outras pessoas, mas à intermediação do estado. Estado económico esse só suportado porque existe trabalho (alemão) a ser injectado no sistema.
O corte no gasto do estado, TODO o gasto do estado, seja ele perante privados colectivos seja perante os privados individuais é a única saída para que a economia volte a crescer, para que o trabalho dos privados volte a ter um consumo dos privados. A redução dos salários da função pública é uma solução, fazer com que as pessoas vão trabalhar noutro sítio. Agilizar as relações não serve de nada
Suponho que o sintoma mais ostensivo da doença que nos consome há muito seja a dívida externa, que continua a crescer. Para um tratamento sintomático precisaríamos de exportar mais e importar menos - uma decorrência lógica. Todas as receitas que tenho visto, do PS (inclusive) para a direita, supõem diminuição real dos custos salariais a curto prazo e aumento da produtividade a médio e longo, através de múltiplas medidas sobre as quais não há consenso. Entretanto, a dívida continuará a crescer por inércia, como continuará a diminuir o rendimento disponível por efeito do peso maior do serviço da dívida. Já nem me incomodo a defender a minha dama (a saída do euro): ela impor-se-á por si.
ResponderEliminarPensavam que era o acordo do orçamento que iria gerar confiança nos mercados?
ResponderEliminarPensaram mal, porque o que gera confiança nos mercados é um orçamento despido de despesa de gorduras (todos os organismos existentes criados para acomodar as clientelas e os amigos) e que não seja recessivo como este!
É que a recessão, garanto-vos, será muito mais tida pelos mercados que qualquer mau acordo.
E depois dizem de AJJ que o louco é ele!
Depois de tantas farturas!...
ResponderEliminarÉ tremendo o apertão
que vamos ter que aguentar,
após a funesta gestão
de quem andou a “inventar”.
E assim fica certificada
com as devidas assinaturas
a política putrificada
feita de deploráveis farturas.
Caro Tavares Moreira
ResponderEliminarA nossa situação económica e financeira é realmente dramática.
O equilíbrio das nossa finanças públicas será extremamente difícil de alcançar. Gastou-se à tripa forra e continua a gastar-se. Ou muito me engano ou a receita aplicada para o OE fará de nós uma nova Irlanda. É preciso cortar na gordura do Estado. E não vejo francamente quem seja capaz de o fazer. Nem o PS nem o PSD. Daqui a meses (talvez não seja preciso tanto) estarão a exigir-nos novas medidas de austeridade! E serão sempre os mesmos a pagar a factura.
Mas se as coisas são assim no que toca à finanças públicas (há mais dívida para alem do défice) a situação da nossa economia não é brilhante, é péssima. Que é feito do nosso tecido produtivo? A agricultura e as pescas? O mar? A nossa indústria onde está ela? Optou-se por um modelo de "desenvolvimento" perfeitamente errado. Quis transformar-se Portugal num País de serviços e de turismo. Chega? Claro que não chega. Para além deste quadro negro, as coisas na Europa também não ajudam. Ou muito me engano ou a UE irá desaparecer.
Lembro-me dos célebres debates entre duas personalidades já desapareecidas e de raiz ideológica oposta: Franco Nogueira e Miguel Urbano Rodrigues. Era consensual para estas figuras que a CEE só teria razão de ser enquanto permanecesse a divisão da Alemanha. Era um negócio - o mercado comum - que interessava fundamentalmente à RFA e à França. A queda do muro surgiu mais cedo do que se pensava. Os líderes europeus trataram então de criar a União Política. De salto em salto, passou-se para o euro e para o alargamento desmusurado da União. Os resultados estão à vista! Não vejo a UE com um desígnio convincente. Navega à bolina do neoliberalismo que se assumiu sem rebuço após a queda do muro e regressou à sua matriz do século XIX. Ora, eu não creio que o problema de Portugal, não sendo uma especificidade nova, não reside na força de trabalho, melhor dizendo, na necessidade de mais flexibilidade laboral. Há muitos (alguns, evientemente) a ganhar muito dinheiro à nossa custa e de muitos outros. É preciso dizer que o capitalismo do pós guerra inteligentemente soube adpatar-se à nova situação e para evitar a proletarização das massas trabalhadoras e não só, para que estas não caiam na tentação comunista e totalitária, tratou, e bem, de criar o Estado social, a previdência e segurança social, o subsídio de férias e de Natal, etc, etc. Até à queda do comunismo. Terminado o papão, que era realmente uma ameaça, o totalitarismo e a miséria, terminou o estado social. Social democracia, que é feito dela? Eclipsou-se! As margens de lucro do capital do pós-guerra já não bastam. Onde é que se paga menos? Na China, noutros países asiáticos e até nalguns da nova Europa. Então vamos deslocalizar as empresas!!! Vemos a floresta mas não vemos as árvores...
Caro Tonibler,
ResponderEliminarTenho de dizer que estou consigo, no essencial - na minha opinião, neste forum expressa por mais de uma vez, tenho insistido que a grande reforma estrutural é uma redução muito significativa dos recursos afectos aos diferentes sectores públicos - Administrações Central, Regional e Local e respectivos sectores empresariais.
Enquanto o volume de recursos afectos a esses voracíssimos predadores da economia - que consomem todo o que os restantes sectores são capazes de produzir, por força de impostos, taxas e outros estipêndios, quase nada oferecendo em contrapartida - a economia não poderá corrigir os seus desequilíbrios.
Julgo ter deixado claro no Post que comentou tratar-se da opinião editorial do F. Times, não necessariamente a minha ("vale o que vale", disse), que ajuda a explicar, entre outras razões, que não basta um acordo para aprovar o OE/2011 para reduzir os custos de financiamento.
Em qq caso, entendo que no domínio da agilização das relações jurídico-laborais haverá bastante que fazer...conheço inúmeros casos que se arrastam em tribunais de trabalho há anos e anos, sem solução há vista.
E a solução insolvência acaba por ser inevitável em muitos casos por falta de mecanismos de ajustamento, nomeadaemnte em sede jus-laboral.
caro JMG,
Que a dívida externa continua e continuará a crescer, estamos de acordo...
Não deixo de notar os apelos por vezes patéticos para a redução dessa dívida quando não conseguimos tampouco pagar os respectivos juros...
Mas a solução saída do Euro será mais ou menos equivalente à da defesa de um terramoto para resolver os problemas urbanísticos de Lisboa...
É claro que um terramoto, da escala daquele que atingiu Lisboa fez ontem 255 anos, traria imensas oportunidades de regeneração urbanística da cidade...mas daí a defender essa solução vai uma distância quase cósmica...
A saída do Euro, nesta altura e com o nível de endividamento externo atingido teria muito provavelmente consequências similares, na economia, às de um terramoto na fisionomia urbana da cidade!
Caro P.A.S.
E não só isso, não menos importante é provar que se é capaz de executar o Orçamento de forma a cumprir o objectivo temerário, quase louco, do défice de 4,6% do PIB...
Depois da demonstração de incapacidade par aplicar medidas correctoras da despesa, no corrente ano, são legítimas muitas dúvidas sobre o que vai acontecer em matéria de execução do programa de austeridade...
Caro M. Brás,
A última palavra da segunda quadra faz lembrar um dito recente do Dr. M. Carreira: que a credibilidade da política financeira e dos seus executores estava ao nível da credibilidade de uma barraca das farturas...
Caro Tavares Moreira,
ResponderEliminarQuando me referi aos economistas, referia-me aos do FT. Não me passava pela cabeça insulta-lo dessa forma...:)
Esteja sempre à vontade para divergir do 4R, caro Tonibler,por muito veemente que seja essa divergência nunca a entenderemos como insulto...
ResponderEliminarNesse ponto pode estar certo de que somos bem diferentes da nomenclatura típica do regime vigente - que detesta, odeia divergências, tomando-as quase invariavelmente como insulto...e quando pode, vinga-se!
Caro Tavares Moreira:
ResponderEliminarApenas para referir que a frase de Jorge Sampaio, que subsiste no pensamento socialista que nos tem governado,em termo final traduz a ideia de que o Estado é o grande dinamizador da economia. Por isso, a despesa pública e a intervenção do Estado tem sido cada vez maior. Com resultados contrários e catastróficos.
Quiseram mais e mais despesa pública, e mais e mais défice?
Tiveram uma e outro.
Agora, têm desemprego e crise.
e há quem queira insistir na dose!...
Olá "meus pequerruchos" :),
ResponderEliminarAaaaaah o orçamento... se ao menos houvesse ponta por onde se lhe pegasse... Confesso que estava a torcer pelo FMI, até porque continuaríamos a jogar em casa dada a recente nomeação do Dr. António Borges para a Europa.
Meus queridos, o presente orçamento é apenas o início de um cenário verdadeiramente mau. O que é que vai acontecer lá para Março ou Maio de 2011 quando a coisa tiver de apertar ainda mais?
Cara Anthrax,
ResponderEliminarNão lhe faz alguma espécie que o PR tenha insistido tanto no orçamento, que o PSD se tenha esparramado na lama para o deixar passar, que o T. dos Santos ande a falar de alto, que o Borges seja nomeado para o cargo??? Pois, tudo isto parece esquisito, a não ser que nos falte informação. E a informação que nos falta é....o FMI já cá está há algum tempo!
Caro Fartinho do Silva,
ResponderEliminarPermita-me que, com a devida vénia, destaque duas passagens do seu comentário:
- "E não vejo francamente quem seja capaz de o fazer (cortar na gosdura do Estado). Nem o PS nem o PSD";
- "Não vejo a UE como um desígnio convincente. Navega à bolina do neoliberalismo sem rebuço após a queda do muro e regressou à sua matriz do século XIX".
Relativamente à primeira pasagem, ocorre perguntar quem é que tem responsabilidades de governo - há mais de 5 anos seguidos, aliás...
Será que essa tarefa incumbe ao Governo ou à oposição?
Ainda: recorda-se porventura do que se passou nas recentes negociações para a (impropriamente chamada) "viabilização" do OE/2011? E de quem teve a triste ideia de exigir maior redução da despesa?
Quanto à segunda, está a dizer que a UE regressou às suas origens neo-liberais do século XIX?
Não imaginava que Schumann, Monnet, Adenauer, Paul Henry Spaak,etc, eram neoliberais...muito me surpreende esta revelação histórica, confesso-lhe...
Mas deixe-me tb dizer-lhe que esta sua referência mordaz ao neo-liberalismo - um chavão muito presente na retórica da desculpabilização - casa muito mal com a sua referência aos excessos despesistas do Estado...
O meu amigo, não me leve a mal a sugestão, tem de rever esses manuais da referida retórica...
Caro Pinho Cardão,
Absolutamente de acordo, mais e mais despesa continua a ser, apesar de toda a agora esmagadora evidência, a obsessão dos que nos trouxeram a esta miserável encruzilhada...
Veja-se a teimosia insolente no projecto TGV, qual Fénix renascida depois do acordo de "viabilização" que supostamente o tinha posto a dormir...
Cara Anthrax,
O nosso amigo António Borges não está a caminho da Europa mas sim de Washington...
Julgo no entanto ter entendido o segundo sentido do seu aparente lapso, pois é quase certo que depois de se instalar em Washington não tardará a voltar à Europa para tratar da saúde a uns quantos recalcitrantes...
Como aliás o Tonibler descobre, bem ao jeito de Hercule Poirot, que afinal o FMI já cá está!
Caro Tavares Moreira
ResponderEliminarAlgumas "achegas" ao tema.
O presente momento porque a Europa passa e, em especial a Europa a 16- a do Euro-, foi descrito por um reputado comentador europeu (não me recordo qual e não quero enganar-me) como o de uma expedição com 16 alpinistas ao Matherhorm. Naturalmente, estão todos unidos por um cabo.
Em determinado momento um deles (neste caso a Grécia) escorregou e está suspenso no vácuo.
Infelizmente os dois alpinistas seguintes, Portugal e a Irlanda, estão seriamente debelitados.
Neste momento, a expedição não corre perigo de resvalarem todos para o abismo.
Infelizmente, se bem que estão livres de resvalarem, os restantes componentes da expedição (os 15) já se deram conta que, se bem que não corram o risco de cair, também, não conseguem sair da enrrascada e "salvar" o companheiro caído.
Portugal e a Irlanda estão demasiado debelitados para ajuadarem e são quase um peso tão morto como os gregos.
A situação de impasse em que se encontra a expedição não se pode manter por muito tempo, sob pena de fazer perigar a vida de todos os restantes membros, existem pergigos vários entre os quais as avalanches e as tempestades.
Neste momento, o que se está a pedir à Grécia é que se livre de todo o peso morto não essencial para que seja possível ajudar a "sacá-lo" da situação; o mesmo, se bem que em menor escala, estão a pedir a Portugal e à Irlanda.
O patamar de decisão seguinte que ninguêm quer tomar é cortar o cabo que une aos gregos e aos mais fracos. Neste momento, essa decisão pode acarretar para os restantes, mais perigos do que ganhos, dada a debelidade geral de todo o grupo; no entanto, com algum descanso, poderão tomar essa decisão para salvar o resto do grupo. E o resto da expedição que se encontra a salvo.
Neste momento, o resto da expedição que se encontra a recato ( os restantes 11 que não pertencem ao euro) não iriam compreender nem aceitar, pondo em perigo o resultado da tarefa que se propuseram realizar.
Também é verdade que, os colegas de escalda começam a achar bizarro a debelidade da Grécia (então não ia 8 horas por dia ao ginásio? e afinal nunca foi!), ou de Portugal ( ia as 8 horas, mas só trabalhava 5 horas e nem todas nas máquinas); ou a Irlanda (afinal prometeu fazer o seu treino e de outros, quando não o podia suportar).
Como estamos nisto há tanto tempo e até passamos férias juntos, eles até são prestáveis, conhecemos as mulheres deles e os filhos, não podemos abandoná-los. Mas, caramba, os rapazes têm que fazer um pouco mais pela vida e não podem esperar que façamos por eles.
A corda pode sempre ser cortada.
Convém compreender que estamos num projecto conjunto que não é só direitos mas que inclui deveres. Que não podemos pensar que, tomando apenas esteroides e apresentando um corpo atlético chega para realizar os mínimos que nos são exigidos.
Nem devemos deixar de ter em conta que o grupo a que pertencemos pode expulsar-nos se não estivermos à altura das circunstâncias.
Como estamos numa montanha amarrados aos restantes, os outros, podem cortar o cabo mesmo que não o queiramos fazer.
Por isso:
a) Ninguêm vai fazer por nós o trabalho que nos compete;
b) Ajuda não é o mesmo que substituição.
c)A preparação física é tão importante como desfrutar a paisagem, mas não se pode descurá-la.
d) Quando pedimos para entrar para um qualquer clube, convém ler o contrato de adesão na íntegra e nunca, mesmo nunca, proclamar que não leu as letras miudinhas.
e) Por último, é essencial não nos esquecermos que temos quase 900 anos de história e que convivemos com a família europeia há tanto tempo quanto a nossa independência.
De nada nos vale apresentarmos como adolescentes, quando não o somos e o resto da família sabe a nossa idade.
O comentário já vai longo e cansativo. O artigo do FT merecia mais algumas reflexões dado que, como muitos outros, é enviesado e esse erro de paralaxe faz toda a diferença.
Cumprimentos
joão
O Hercule Poirot segredou-me que lá mais para o fim do 1º trimestre de 2011 o estado tem um gap de liquidez suficientemente grande para poder falhar, pelo que os senhores já cá andam para a eventualidade de terem que ser eles a chegar-se à frente.
ResponderEliminarTonibler
ResponderEliminarEstou essencialmente de acordo com o seu primeiro comentário.
O "peso" do estado é um fardo que impede o normal desenvolvimento da economia.
A regulação excessiva não é mais do que um dos sintomas desse excesso de peso que existe no estado. Na falta de tarefas o nosso estado inventa actividades; o resultado prático é uma chusma de regulação que atrofia a actividade económica.
O artigo do FT e os comentários do demonstram o erro de paralaxe que "envolve" a sociedade portuguesa.
Tomemos o caso da flexibilidade laboral.
O que afasta um investidor não são as regras rígidas do contrato laboral, mas sim o facto de, em caso de lítigio, ter de esperar 4/5 anos por uma resolução e, em cima disso, pagar ao trabalhador o salário.
O sistema de administração de justiça está disfuncional não a lei que tem de aplicar.
O que afasta um investidor é a impossibilidade de fugir ao "horário de trabalho" consagrado, (aquele das 9-17), sem ter de pagar em regime de horas extra.
Estamos perante um conservadorismo sem sentido, porque se poderia apenas fixar como limite máximo de horas de trabalho sem limitar a um horário pré determinado.
Ambos os casos torna-nos menos competitivos face à concorrência europeia.
As reformas que o FT preconiza reflecte o erro de paralaxe dos comentadores e observadores externos.
Qualquer comentador centro europeu arrola as medidas mas dá de barato que a nossa AP é semelhante à dos seus países; infelizmente não temos AP com o grau de sofisticação que esteja à altura das circunstãncias.
Por isso as medidas que se propõe não terão o grau de eficácia que se necessita, nem o emagrecimento do estado é, necessariamente, a via mais adequada.
Vinte anos de CEE/União Europeia, permitiram criar um conjunto de mecanismos que tem um efeito de auto preservação do "status quo" e, na prática, atrasam ou desvirtuam qualquer reforma.
Todos os problemas estão identificados têm solução, falta apenas o passo seguinte: implementá-los.
A escassez de dinheiro e a impossibilidade de repartir de uma forma eficaz o bolo, vai impelir-nos às reformas mesmo que não sejam desejadas.
O OGE para 2011 mais não é que a última tentativa para repartir o bolo minguante.
Os grupos de interessente parasitários, rapidamente compreenderão a mais elementar lei biológica: um parasita não mata o hospedeiro, sob pena de morrer...
Cumprimentos
joão
joao,
ResponderEliminarA flexibilidade laboral só é um problema para quem é obrigado a cumprir a lei. Como todas as leis estúpidas da vida, elas só são cumpridas até ao ponto em que são razoáveis. Por isso, não se contrata, arranjam-se recibos verdes. Aliás, é ver a percentagem de trabalhadores a recibos verdes no país para se entender que flexibilidade não é problema. Nem impostos, porque é o cumprimento de uma lei como outra qualquer.
Habitualmente os comentadores, sejam eles externos, sejam internos, vão buscar essas justificações porque não sabem. Como um comentador desportivo quando não consegue perceber porque é que a equipa está a perder diz "falta atitude" sem fazer a menor ideia de "quanta" atitude é que seria precisa.
Economia é troca de trabalho e em qualquer instante há pessoas cujo valor do trabalho não coincide com aquele que recebe, nos tempos modernos em forma de dinheiro. Isto é natural, é daqui que surgem as crises e as bolhas, sem drama. Mas quando o estado gasta dinheiro (até podia não cobrar impostos e até podia existir toda a flexibilidade) funciona como uma bolsa de trabalho onde as pessoas entregam o trabalho e recebem dinheiro tirando um detalhe - ninguém vai comprar trabalho a essa bola, somos obrigados pelos impostos actuais ou futuros (dívida). Como não recebemos o trabalho que entregamos, o resultado é um estado instável que tende para o colapso. E repare que usei apenas primeiros princípios da economia neste raciocínio.
A única forma de crescimento é acabar com esta bolsa até ao ponto em que fugimos do estado instável e isto significa baixar radicalmente (>50%) salários no estado e cortar nos grandes fornecimentos. Não há substituto a fazer as coisas bem feitas.
Caro João,
ResponderEliminarConfesso-lhe que achei muito interessante e sugestiva a sua narrativa parábólica dos alpinistas em dificuldades, para caracterizar a situação que hoje se vive na zona Euro e na UE.
E acontece que o alpinista Alemanha tem vindo a transmitir sinais crescentes de impaciência em relação ao fardo que os alpinistas cá de baixo estão impondo aos demais...
Daí ao romper da corda pode ser uma etapa relativamente curta.
Cabe-nos, pois, reduzir o mais rapidamente a carga excessiva - despesa pública - que levamos às costas, para ver se conseguimos chegar-nos ao pelotão da frente...
Cumpre notar, entretanto, as crescentes dificuldades evidenciadas pelo alpinista Ireland, que nos estão a arrastar "downwards"...
Caro Tonibler,
Também muito interessante e rica de significado a sua incursão por uma nova teoria do "valor-trabalho" - com um vaguíssimo e já muito desmaiado sabor à teoria do valor-trabalho de Karl Marx - explicando a génese dos desequilíbrios das economias como a nossa...
De facto, na relação com o Estado nós estamos na posição de receber, em contrapartida do trabalho que lhe entregamos (em impostos, taxas, etc) nada ou quase nada.
Por sua vez, muitos (não todos, não sejamos injustos) assalariados do Estado, recebem deste o trabalho que nós lhe havíamos entregado, dando-lhe, em contrapartida, muito pouco ou quase nada...
Daí termos chegado onde chegamos...parece que no essencial estará cheio de razão...
Mas daqui dificilmente sairemos, nesta altura, e apesar de todo o alarido que por aí vai, estamos apenas a "enxotar" meia dúzia de moscas...
Tonibler
ResponderEliminarCompletamente de acordo consigo. O que não compreendi é o seguinte:
a) Tenho para mim que o emagrecimento do estado não é, prima facie, para poupar. Na nossa sociedade um "emagrecimento" significa mais despesa, quanto mais não seja por aumentar o desemprego.
O emagrecimento é para aumentar a eficiência da economia, dado que o estado a atrofia.
O custo do emagrecimento será ultrapassado/pago pelo aumento da eficiência económica.
O nosso estado é um estado rendeiro e parasita;
b) Julgo perceber que considera que o output do trabalho do estado não corresponde ao que se pretende ou que desejamos.
Se assim é, acho que é muito simpático, porque ainda considera que existe output, algo que não considero.
c) Nesse sentido, o emagrecimento do estado, é uma medida de higiene e profilaxia e não de mera racionalidade económica. A actividade do estado em Portugal ou em qualquer outro país influencia o mercado; tenho para mim que, quanto mais pequeno for o estado, menos poder terá para influenciar o mercado.
Um qualquer estado é um organismo que prossegue imperfeitamente o interesse geral, dado que é ocupado por grupos de interesses; o mercado livre, mesmo que regulado, será sempre mais eficiente e mais neutro.
A escolher entre um mercado imperfeito e um estado pró activo, prefiro o primeiro.
Cumprimentos
joão
Caro Tavares Moreira
ResponderEliminarA parábola tem um reverso e não é despeciendo.
Os alpinistas mais fortes estão cansados e temem que, cortando os cabos ao mais fraco, este tenha ainda a força suficiente para agarrar-se a eles e levá-los para o abismo.
Por isso, necessitam de um intervalo para descansar e, recompostas as forças, possam resumir a escalada e, caso seja necessário, descartar o supérfulo.
(Não lhe vou insultar com a descodificação do anterior parágrafo, apenas lhe digo que, na vida real, esse intervalo anda entre os 4/5 anos).
Ora os fracotes podem aproveitar para se recomporem também, isto porque, quando a caminhada for retomado o ritmo vai ser muito acelarado. Como podem pedir toda a ajuda considerada necessária para recomporem as forças, agora, não confundam com substituição, como parece que andam a pensar por aí.
Como pode ver, nem tudo é mau e sem saída.
Cumprimentos
joão
Tem razão, caro João, "nem tudo é mau e sem saída"...ainda que esta não seja vislumbrável...
ResponderEliminarÉ melhor vermos as coisas pelo lado positivo - sem esquecer o altíssimo risco em que nos encontramos e por isso com o alto sentido de RESPONSABILIDADE a que um dos principais oradores na AR ontem apelava...
Sendo certo que o teor desse apelo tem sido até agora completamente olvidado pelo próprio orador apelante!
Será pois o momento de invocar o velho brocardo: "bem prega Frei Tomás...olha para o que ele diz, não olhes para o que ele faz!"
Caro Tavares Moreira
ResponderEliminarPenso que fui claro nem usei de retórica. A governamentação de Sócrtes é verdadeiramente desastrosa. Não me excusei nem posso excusar tal governação. Quis ir um pouco mais longe ao acreditar que, infelizmente, a UE não terá longa vida. Mas não podemos reduzir tudo à dicotomia governo/oposição. Contesta que o modelo actual da UE está falido? Que deve continuar tal como está? Aceita-o sem reticências? Duvida que após a queda do muro, o mercado comum é uma miragem? Nem uma palavra sobre os debates Franco Nogueira/Miguel Urbano Rodrigues. Eu até usei de uma expressão benévola para catalogar o modelo de capitalismo actual. Não o escrevi, mas escrevo-o agora: SELVAGEM. Explorar e especular. Social democracia? A do PPD/PSD? Nem o PS é social democrata! O Bloco Central que nos tem governado desde há muito é o que é. É uma partilha de poder e de prebendas. Sai-se do Governo, vai-se para um lugarzito, onde em pouco tempo se conquista uma reforma dourada! Para os boys do PS e do PSD. O santo Cavaco, APOLÍTICO (apesar de ter negociado com Sócrates por intermédio de um amigo longa data)é que nos vai safar! Está-se mesmo a ver! ELE vai-nos salvar do inferno. E sobretudo jogar a sua grande influência internacional! O exemplo da ocorrência com o presidente checo tranquiliza-nos. O que é preciso é acreditar, não é? O que é preciso é mão de obra barata para poder competir com a China! Compreende-se.
O OE? Após a viabilização os juros desceram por pouco tempo. Mas já reiniciaram a escalada.
Foram os rapazes do PSD que nos criaram um buraco de cerca de sete mil milhões dele. Uma ninharia!
Que lindo que era uma barrela a sortir e a memória a ser apagada à distância de um clique!
Caro Tavares Moreira,
ResponderEliminarNão é uma nova teoria, os economistas é que raramente tendem a responder à singela pergunta "Porque é que existe economia?", e não estou a chamar-lhe "economista"..., não se ofenda:)
Por motivos semi-profissionais (porque só sou cientista em part-time) reuni há uns meses uns quantos economistas (também não eram fanáticos, confesso...) para lhes perguntar porque é que existe economia, atendendo que já tinha agarrado numa carrada de livros de Economia e nenhum me respondia. Os economistas com que falei começaram a debitar aquilo que se lembravam da faculdade, "por causa da escassez de recursos" como se o resto dos animais todos do planeta vivessem de forma diferente da completa escassez.
Só depois encontrei um livro (que não tenho presente o autor) que dava a única explicação lógica, a economia é um produto da selecção natural (um fenómeno biológico, portanto) em que a especialização do trabalho faz dos grupos humanos mais eficientes que aqueles em que cada um tem que fazer de tudo para a sua sobrevivência. Portanto, economia É troca de trabalho, o resto são formas equivalentes de trabalho - dinheiro, títulos, etc...
Por isso, a teoria não é nova, é bastante antiga. Os economistas é que se esquecem dela. Curiosamente, bastam estes primeiros princípios para explicar porque é que toda a valorização de derivados está errada, por exemplo, mas isso é outra história que não dá para descrever aqui.
joao,
Os Noruegueses conseguem ter um estado que funciona com a frugalidade e eficiência de um condomínio. Portanto, não existe regra. Nós não conseguimos, isso tem uma razão para acontecer que tem a ver com a nossa organização social (e demonstra-se matematicamente, não só qualitativamente).
O desemprego é o maior incentivo ao emprego que eu conheço. Desde que não o "estraguem".
Muito interessante este debate, ainda bem que desliguei a televisão e vim até ao 4r! Mas pergunto-me se "o Estado" é uma realidade exterior ao País ou se resulta da vontade do País em que ele seja assim, grande, tentacular e omnipresente. É que as eleições confirmam que os portugueses querem um Estado grande, votam em que lho promete, reclamam quando se tenta reduzir em concreto, seja o que for, e não confiam no funcionamento do mercado sem a mão protectora do Estado a garantir alternativa. Por outro lado, e a drástica redução do defice virá provar isso, quantos ditos "privados" vivem à custa do cliente Estado em vez de desenvolverem o seu mercado? Nunca seremos a Suécia nem a Noruega e o exemplo que o caro Tonibler dá do "funcionamento frugal e eficiente de um condomínio" remete-nos para a dolorosa realidade do modo como funciona a generalidade dos condomínios entre nós...E desculpem se desviei o nível económico do debate, mas alguma coisa há-de explicar este fenómeno de não se conseguir, bem pelo contrário, deixar respirar a economia e pôr em prática o que parece ser tão claro.
ResponderEliminarTonibler
ResponderEliminarO estado norueguês é frugal porque se encontra controlado, monitorizado e responsabilizado.
Estes três elementos são essenciais para que se possa ter um estado adequado à sociedade em que se insere.
As diferenças dos nórdicos em geral para os restantes centro europeus reside em dois factores:
população escassa e matriz clânica muito acentuada.
Os povos do sul diferenciam-se dos centro europeus porque tem uma ligação mais ténue à coisa pública do que os centro europeus. Nesse sentido, em certas circunstâncias os controles supramencionados não são suficientes.
Se consideramos que o bem público não é nosso, nem de ninguém, como em Portugal, não há controle que resista.
O caso português é um caso paradigmático. Temos a dobro da população da Noruega, sensivelmente a mesma população que Londres e o resultado da actividade pública é pior do que nos exemplos supra.
Como não temos uma matriz clânica, nem consideramos o bem público como nosso, os controles podem ser contornados. Os últimos 20 anos são um exemplo disso mesmo.
Nesse sentido, o nosso estado é rendeiro e parasita. Em 29 de Setembro o governo quebrou o elo que permitia a situação de renda parasitária: cortou nos salários.
Daí em diante nada mais vai ser o mesmo, porque os de "baixo" perceberam que os de "cima", não querem partilhar o infortúnio.
De resto, completamente de acordo com a ideia que o desemprego é o melhor remédio para o emprego; mesmo que possa ser "estragado". A paz social para que possa existir condições para o desenvolvimento social vem com um preço e, desde que controlado, deve ser suportado
Cumprimentos
joão
Cara Suzana,
ResponderEliminarClaro que o estado é o reflexo do país. Mas não é aquilo que o país pediu. Entre outras coisas que seriam o reflexo o país encontraríamos a pena de morte para os pedófilos, a extinção do FC Porto e a proibição de pretos e ciganos andarem na rua. O argumento de ter sido o estado que o país pediu, é forte, mas não é exacto. Por exemplo, andamos a festejar os 100 anos da república e ninguém pergunta se queremos uma república.
O exemplo do condomínio não era inocente, aquilo que vemos no condomínio é exactamente aquilo que vemos no país, ou na rua, ou na aldeia, ou... A economia é aquilo a que os físicos chamam livre de escala (os matemáticos dizem que tem uma geometria fractal) e se todos temos a experiência de andar atrás dos vizinhos espertos que acham que os outros é que têm que resolver as coisas no espaço comum, não poderíamos esperar que o nosso país fosse diferente. Por isso a nossa solução é "cada um tratar da sua vidinha" e reduzir ao essencial a "causa pública". Os Noruegueses e os Suecos conseguem unir-se, mas são monarquias(também não é inocente)...
joao,
Frugal, controlado, monitorizado, responsabilizado,...são tudo variáveis dependentes, não são independentes. Aquilo que é variável independente somos nós, o bando de anormais que dá o golpe do parque de estacionamento na fila da Marginal para conseguir passar à frente de 10 outros que se mantiveram na fila, mais os outros que fingem entrar na bomba da A5 para "comer" 200 metros aos outros todos, mais a estúpida que não dá prioridade à grávida na fila do supermercado porque "há caixas para isso", mais o primeiro-ministro que rouba dinheiro do orçamento "porque é só um bocadinho",...
Isto somos nós, o resto são meras consequências.
Tonibler
ResponderEliminarAs variáveis independentes que nos atribui, são tão dependentes como as que atribui aos noruegueses e suecos.
Se conseguimos deixar de beber e de fumar, não encontro razões para que não possamos mudar de vida e de atitude; uns pózinhos de boa vontade e uma dose reforçada da boa e velha "repressão" (multas e outras coimas e, eventual prisão), ambas (medidas) em doses adequadas, cumprem a função.
Podemos manter o comportamento selvático que descreve, vai-nos deixar amarrados a um determinado padrâo; a "beleza" da Papua Nova Guiné é o seu lado primitivo que alguns consideram como autêntico (seja lá o que isso for).
O que é essencial é que optemos em consciência e com todos os dados e não como o que sucedeu nas últimas eleições; optemos em consciência e assumamos as responsabilidades. Temos 4/5 anos para o fazer, depois, bom depois, farei tudo para que os meus filhos e vivam e trabalhem noutro local e dedico-me à pesca artesanal subsidiada pelo estado, assim como naquelas recriações que os americanos tanto gostam...
Cumprimentos
joão
Suzana Toscano
ResponderEliminarEstado no sentido moderno da palavra é um ente organizado cuja propriedade formal e de toda uma comunidade e que desempenha funções que a sociedade em que se insere considera que devem ser realizadas por esse ente.
Neste sentido cada sociedade tem o ente que mereçe e, corolário lógico da minha definição, nenhum ente é igual ao outro, na exacta medida que cada sociedade é distinta.
Importante ter em atenção que, igualdade não elimina a similitude ou parecenças, assim como os irmãos.
Colocado nos termos que me parecem mais precisos, o estado português comparado com outros irmãos é um ente parasitário e disfuncional. O comportamento esbulhador e de rapina que caracterizam os últimos 10/15 anos demonstram que atingiu um estádio de disfuncionalidade que põe em perigo a sobrevivência do hospedeiro.
Até 29/09/ do corrente, a sociedade hospedeira do ente, sociedade da qual (aquele) sugava os alimentos necessários para se manter, considerava que o ente oferecia bens suficientemente gratificantes, por isso aceitava o ente.
Na data supra, a sociedade começou a perceber que um bem que produz um efeito gratificante não significa que o mesmo seja necessário, nem existe igualdade, similitude e proporção nos sacrifícios para o hospedeiro e para o ente.
Os próximos anos o hospedeiro vai enfrentar o parasita. O resultado final, pelo menos para a minha pessoa, ainda é incerto, pelo que não avanço hipoteses.
Avaliar o estado português fora de um contexto de patalogia parasitária é um erro de paralaxe que nos vai custar muito caro.
Nas últimas eleições os nossos concidadãos optaram por um rapaz bem apessoado e bem falante, vestido de acordo com as normas da "Hola"; este rapaz que conheciam oferecia-lhes um sonho gratificante; podiam ter optado por uma avózinha com provas dadas que se vestia em modistas caseiras, nem sequer falava muito nem, lá muito bem; não habitava as revistas com ilustrações; também é verdade que não lhes ofereceu nenhum sonho, nem assegurou qualquer gratificação.
As últimas eleições legislativas realizadas em Portugal não tiveram a monitorização de qualquer ONG do ramo, nem, parece-me, qualquer ataque velado ou não, à liberdade de voto. Por isso, o voto foi livre.
O voto do povo é soberano, mesmo que possa, a prazo resultar equivocado. O que distingue a democracia dos outros é que ninguém vai arrogar-se o direito de rasurar o designio do povo.
Cumprimentos
joão
Cara Suzana,
ResponderEliminarTem muita razão, na minha perspectiva, nas observações que trouxe a este debate.
Até agora, as promessas de mais despesa e de mais Estado - por vezes vendidas em atractivas e enganadoras embalagens - constituiram um manifesto trunfo eleitoral.
Mas não excluo - iremos ver isso em breve parece-me - que possa estar em marcha aquilo que seria uma verdadeira revolução cultural em Portugal...ou seja aqueles que vierem a fazer mais promessas de gasto público na mira de satisfazer cientelas eleitorais acabarem por ser duramente punidos nas urnas.
E as mesmas urnas darem crédito - e votos - a quem tiver um discurso de verdade e de rigor, que nada prometa mas que aponte um caminho de austeridade e seriedade na utilização dos recursos públicos.
Se assim vier a ser, terá valido a pena, pelo menos em parte, a experiência desta via dolorosa que estamos percorrendo e que teremos de percorrer ainda nos próximos anos...
"You can fool all of the people some of the time; you can fool some of the people all of the time; but you cannot fool all of the peolple all of the time"...