1.Foi noticiada, no início desta semana, uma ideia, arquitectada pelo Presidente do Euro-Grupo, J. C. Juncker e pelo Ministro das Finanças italiano, G, Tremonti, visando a emissão de obrigações europeias, a qual, supostamente discutida em reunião de ontem dos Ministros das Finanças da zona Euro (e da EU), não mereceu aprovação.
2.A emissão de obrigações europeias é um sonho acalentado há alguns anos por responsáveis de países altamente endividados (e também pelo ex-Presidente da Comissão J. Delors), visando possibilitar a emissão de dívida por qualquer país da zona Euro, MAS responsabilizando não apenas o país emitente mas também os demais países da zona, conjuntamente.
3.Percebe-se facilmente o entusiasmo que esta ideia despertou em especial junto dos países mais endividados e com economias e finanças públicas mais desequilibradas...seria uma delícia poderem emitir dívida pelo pagamento da qual os restantes países (Alemanha em especial) fossem co-responsáveis...
4.Em Portugal esta ideia foi já há algum tempo sustentada publicamente por altas individualidades muito empenhadas no salvamento da Pátria, como se a divulgação dessa opinião em Portugal fosse capaz de comover os outros países sobretudo os mais solventes...
5.É por demais evidente que enquanto as decisões de política orçamental forem essencialmente decisões de âmbito nacional, esta ideia das obrigações europeias não terá viabilidade.
6.Não se está a ver que países como a Alemanha possam estar dispostos a responsabilizar-se por dívida emitida por outros, sobretudo países muito endividados, sendo essa emissão, ainda que subordinada a regras especiais, decidida por estes últimos...
7.Isso de resto equivaleria a um “bail-out” automático e potencialmente sem limite dos países altamente endividados, o que é excluído pelo Tratado da União Europeia.
8.Para já, os entusiastas da ideia terão que se contentar com as obrigações que o Fundo Europeu de Estabilização Financeira irá emitir no mercado, já a partir do próximo ano, para financiar o pacote de ajuda à Irlanda...essas são genuinamente obrigações europeias mas só podem beneficiar da sua emissão os países que pedirem a assistência desse Fundo e do FMI...
9.Assim, se quisermos mesmo ter acesso às obrigações europeias, já sabemos como fazer...
Não vislumbro como uma união monetária poderá sobreviver sem uma união fiscal e política.
ResponderEliminarA coisa está a rebentar pelas costuras e de duas uma - ou saem os PIGS ou saem os outros.
Aceitam-se apostas.
Claro que isso não iria acontecer nunca, até porque sairia mais barata a minha solução de se imprimir euros às escondidas ali na Defensores de Chaves.
ResponderEliminarNão deixa de ser curioso que os ministros continuem a insistir nas finanças, mas muito pouco na economia. Eu esperaria maior empenho no levantamento de quotas e de outros constrangimentos à livre economia interna, que na pedinchice de dívida. Mas se calhar isso significava trabalho e todos sabemos como os políticos são amigos de trabalho...nisso, aliás, somos um verdadeira união europeia!
Caro ruy,
ResponderEliminarTem razão na sua observação, com certeza.
Nas actuais condições de permanente sobressalto, com países ligados à máquina do BCE que vai sustentando o preço da respectiva dívida pública para que este não se torne incomportável - uma operação que tem uma elevada dose de artificialismo e que não se poderá arrastar indefinidamente - o futuro desta União Monetária está longe de ser brilhante!
Caro Tonibler,
O lugar mais indicado para a operação de emissão fiduciária que sugere não é a Defensores de Chaves mas sim Estoi, uma muito simpática freguesia do concelho de Faro!
Consta que numa das caves do seu afamado palácio, há muitos, muitos anos existia uma maquineta para impressão de notas falsas, que nunca seria descoberta, à base da qual alguns dos seus habitantes teriam amealhado avultadas maquias!
Volta Alves dos Reis, estás perdoado.
ResponderEliminarNotas e moedas para quê? Tanta riqueza que se fez a crédito levou à desclassificação desse material...embora sobre o pequeno problema de pagar as dividas do mesmo modo imaterial.
ResponderEliminarCaro Dr.Tavares Moreira,
ResponderEliminara falta de esclarecimento disto no seu texto: " ainda que subordinada a regras especiais, decidida por estes últimos..."
inviabiliza uma discussão séria deste assunto. Assim só dá para mandar «bocas», com o devido respeito.
Caro L M D,
ResponderEliminarAlves dos Reis, compadado a alguns "artistas" contemporâneos - designadamente da esfera decisória - seria o que se pode chamar um "menino de coro"!
Cara Suzana,
Ao que parece, sse pequeno problema sobrante - de pagar as dívidas - está assumindo contornos fantasmagóricos...procuram-se mil expedientes para nunca mais pagar...
Caro cmonteiro,
Curiosa a sua observação...quer que seja eu a definir essas regras?!
Está a erguer-me ao estaututo de autoridade europeia - com supostos poderes para definir as condições especiais de emissão das Euro-Bonds - gentileza que muito me desvanece mas que, como compreenderá, não tenho condições para aceitar...
Caro Tavares Moreira
ResponderEliminarEstamos a assistir a uma das mais brilhantes aplicações de "soft power" por uma nação moderna.
Dentro de dez anos quando, o alemão for o segundo dos três idiomas oficiais da U.E. vamos estudar esta época com toda a atenção.
A Sra Merkel, incensada agora, vai sair como uma heroína; a "Catarina A Grande" que faltava, numa história onde Carlos Magno pontifica.
Infelizmente, 3/5 dos nossos dirigentes e 4/5 das nossas elites (as que controlam o fluxo de informação) não perceberam sequer, o que se está a passar.
É verdade, (numa interpretação muito extensiva, de algumas declarações de "porta vozes" não oficais do partido no governo), que
se poderá pensar que, uma parte do PS, já optou e escolheu o amo.
A "simpatia" para com as posições da Sra Merkel, pode indiciar isso mesmo; também me posso enganar e ser apenas a demonstração do pragmatismo oportunista que é a imagem de marca das nossas "elites".
Dito isto, o "Eurobound" e a discussão em torno do mesmo é uma parte dessa estratégia.
Vamos lá chegar mas, nas condições ditadas pela próxima potencia hegemónica da Europa.
Cumprimentos
joão
Caro João,
ResponderEliminarMuito bem observado, como é de regra...
Essa avaliação dos 3/5 e dos 4/5 - de dirigentes e elites que não têm exacta noção do que se está a passar - é que me parece algo optimista, bem pouco "joanina"...
Caro Dr. Tavares Moreira,
ResponderEliminarAinda que acredite que o meu caro fizesse um excelente trabalho, não estou a pedir-lhe que defina as tais condições especiais.
Mas que o desconhecimento dessas condições inviabiliza este debate, isso inviabiliza.
Muito curioso também este seu entendimento, segundo o qual não é viável discutir ou apreciar este assunto no 4R por não haver conhecimento das tais condições especiais a que a emissão dos Euro bonds poderia estar sujeita!
ResponderEliminarO 4R será asssim o único forum a que tal limtação se aplica: nem no F. Times, nem na Bloomberg, nem no Wall Street Journal, nem em alguma (pouca) imprensa portuguesa esse debate, não obstante o dito desconhecimento, é um debate possível e tem sido muito animado...
Mas no 4R não...não é viável! V, Exa. o determina, não há nada a fazer!
Meu Caro: não acha que está assumindo uma postura axiomática em demasia? Não concede ao menos um decibel para tal debate?...
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarCaro Dr. Tavares Moreira,
ResponderEliminarO espaço é seu, obviamente pode escrever o que quiser. Mas a minha opinião nao deixa de ser aquela, até porque não formo a minha opiniao pelo bloomberg nem pelo FT que se alimentam da Economia como os jornais da bola de tudo o que seja um nao-facto. Tudo serve!
Talvez o Economist...