Recentemente numa homenagem a um grupo de colaboradores que irão para a reforma, foi muito tocante ouvir as palavras de um deles sobre o misto de sentimentos, a gratidão pelo passado, o aconchego do presente ou o medo do futuro.
A passagem à reforma perspectiva-se para a maioria das pessoas como uma mudança radical nas suas vidas. Há como que um efeito de "guilhotina" que corta abruptamente um modo de vida do qual fazem parte todo um conjunto de hábitos e relacionamentos que desaparecem e deixam um vazio que é difícil preencher. E isto é tanto mais assim, quando as pessoas não desenvolvem ao longo da vida activa outras ocupações e interesses. Normalmente, não se reserva o tempo necessário para fazer ou planear uma transição que seja suave.
Talvez que o mais significativo seja a perda dos afectos que se constroem no trabalho ao longo de muitos anos, seja nos laços de companheirismo e de amizade que se estabelecem com os colegas, onde não falta a cumplicidade, a entrajuda ou a partilha de interesses e gostos comuns, seja nas relações de natureza hierárquica conduzidas pelo formalismo que enriquece a aprendizagem ou até nos “ódios de estimação” que muitas vezes servem para defender a auto-estima e ocupar um espaço de crítica e desvalorização suficientes para alimentar uma dose suplementar de adrenalina.
Tantas vezes ouvimos pessoas dizerem que estão cansadas de trabalhar, cansadas de ter que aturar este ou aquele chefe ou esta ou aquela prática ou exigência de trabalho, que tomara que chegue a hora da reforma para acabar com todos esses aborrecimentos. Mas quando se aproxima o momento, o receio da falta de todas essas “chatices” toma conta das pessoas. E, então, acabam a fazer um balanço positivo de um período mais ou menos longo da vida em que o trabalho desempenhou um lugar muito importante, desvalorizando as contrariedades e valorizando o que receberam da empresa, dos colegas, etc. A gratidão, a satisfação e a amizade tomam conta desses momentos, dos que partem para a reforma e dos que ainda têm de esperar.
É por isso que nem as organizações nem as pessoas devem cortar o “cordão umbilical”. No estado de reforma é desejável que os relacionamentos se mantenham, num formato naturalmente diferente, para aconchego de todos. Afinal as organizações são feitas de pessoas e a sua existência está intimamente ligada ao bem-estar de quem nelas trabalha. Os afectos verdadeiros nunca morrem e são o bem mais precioso da vida…
A passagem à reforma perspectiva-se para a maioria das pessoas como uma mudança radical nas suas vidas. Há como que um efeito de "guilhotina" que corta abruptamente um modo de vida do qual fazem parte todo um conjunto de hábitos e relacionamentos que desaparecem e deixam um vazio que é difícil preencher. E isto é tanto mais assim, quando as pessoas não desenvolvem ao longo da vida activa outras ocupações e interesses. Normalmente, não se reserva o tempo necessário para fazer ou planear uma transição que seja suave.
Talvez que o mais significativo seja a perda dos afectos que se constroem no trabalho ao longo de muitos anos, seja nos laços de companheirismo e de amizade que se estabelecem com os colegas, onde não falta a cumplicidade, a entrajuda ou a partilha de interesses e gostos comuns, seja nas relações de natureza hierárquica conduzidas pelo formalismo que enriquece a aprendizagem ou até nos “ódios de estimação” que muitas vezes servem para defender a auto-estima e ocupar um espaço de crítica e desvalorização suficientes para alimentar uma dose suplementar de adrenalina.
Tantas vezes ouvimos pessoas dizerem que estão cansadas de trabalhar, cansadas de ter que aturar este ou aquele chefe ou esta ou aquela prática ou exigência de trabalho, que tomara que chegue a hora da reforma para acabar com todos esses aborrecimentos. Mas quando se aproxima o momento, o receio da falta de todas essas “chatices” toma conta das pessoas. E, então, acabam a fazer um balanço positivo de um período mais ou menos longo da vida em que o trabalho desempenhou um lugar muito importante, desvalorizando as contrariedades e valorizando o que receberam da empresa, dos colegas, etc. A gratidão, a satisfação e a amizade tomam conta desses momentos, dos que partem para a reforma e dos que ainda têm de esperar.
É por isso que nem as organizações nem as pessoas devem cortar o “cordão umbilical”. No estado de reforma é desejável que os relacionamentos se mantenham, num formato naturalmente diferente, para aconchego de todos. Afinal as organizações são feitas de pessoas e a sua existência está intimamente ligada ao bem-estar de quem nelas trabalha. Os afectos verdadeiros nunca morrem e são o bem mais precioso da vida…
A dRª Margarida, foca neste texto uma questão que debato comfrequência com os meus colegas de emprego; a necessidade de desenvolver outras actividades, amizades e gostos, para além daqueles inerentes ao emprego e ao meio familiar.
ResponderEliminarTenho observado com atenção a mudança que se opera nas pessoas que passam à situação de reformados.
Muitas, tornam-se apáticas, desorientadas. O facto de, talcomo a cara Margarida refere, sofretrem um corte abrupto nas rotinas que durante anos lhes orientaram a actividade, cria-lhes um vazio, difícil de preencher.
Isto verifica-se ainda com maior predominancia nos homens, que nunca se preocuparam nem passam a preocupar com os trabalhos domésticos, que são motivo de ocupação para as mulheres.
Depois, é um acumular de aborrecimentos, de desacertos de contrariedades, até ao AVC, ou até ao aparecimento de uma maleita qualquer que deixe o fulano a babar-se numa cadeira, em frente ao televisor, dias e dias a fio.
Faltam no nosso país, na nossa sociedade, incentivos ocupacionais para aqueles que chegam à idade da reforma. Mas ocupações reais, interessantes, estimulantes. Nada daquelas ocupações de xaxa que servem mais para ocupar as(os) monitores/animadores, que própriamente os reformados.
Digo de xaxa, porque tanto quanto julgo saber, o reformado/idoso, é encarado como uma criança, não lhe sendo por isso permitida qualquer liberdade, restringindo-se-lhe a actividade a uma sala onde ensaia uma pecinha de teatro, a recitação de poemas, uns pc's com acesso à internet, ou umas "aulas" de bilros, de pintura, ou cerâmica, nos casos mais "prá frentex".
Faltam actividades ao ar livre, passeios, visitas a locais paisagísticos, museus, praias, pinhais, etc.
Já alguem viu um grupo de idosos na praia em calções, descalços, a jogar voleibol, por exemplo?
Népia!
Na nossa sociedade, os velhotes têm de estar resguardados em salões a ouvir o matracar dos programas televisivos da Júlia ou do Goucha, enchendo-lhes o espírito de mais "nada" daquele já possuíam.
Muito bem, Margarida. Um olhar atento e pleno de afectividade sobre uma questão importante numa fase não menos crucial do que aquela que constitui o ingresso no mercado de trabalho.
ResponderEliminarParabéns pelo post.
Caro Bartolomeu
ResponderEliminarAinda não estamos preparados para lidar com o envelhecimento de maneira diferente daquela que descreve.
Já há várias iniciativas da sociedade civil tendo por objectivo proporcionar uma nova vida activa aos reformados em domínios como o ensino, a cultura, o turismo, o desporto. Mas não é ainda uma situação generalizada. O aumento, gradual, de novos reformados com maior nível educacional e cultural e que beneficiam de melhores rendimentos irá ajudar à mudança. Ou seja, os beneficiários das actividades "seniores" serão mais exigentes e, é de esperar, que coloquem pressão na oferta de programas que proporcionem maior bem estar.
Tenho esperança que um dia destes vejamos "um grupo de idosos na praia em calções, descalços, a jogar voleibol"!
José Mário
Lembro-me muito bem do meu primeiro emprego, de como foi importante o clima afectuoso que me proporcionaram as pessoas com quem mais de perto trabalhava .
Muito bem, Margarida, é uma excelente chamada de atenção numa altura em que a reforma se apresenta como um recurso a tantas insatisfações, sem pensarem no que perdem, que pode ser muito mais difícil do que perder algum dinheiro na pensão.
ResponderEliminarA música, como linguagem universal: um exemplo (apesar de ficcionado) de como a música pode ser um excelente veículo universal de união entre povos, culturas, raças e credos:
ResponderEliminarhttp://www.youtube.com/watch?v=Us-TVg40ExM&feature=player_embedded#!
Caro Bartolomeu
ResponderEliminarBelíssima escolha! A inveja é um defeito, eu sei. Mas tenho que confessar que invejo a sua colecção de vídeos musicais.