Ainda não tive acesso às conclusões do estudo “As escolhas dos Portugueses e o Projecto Farol”, mas do que li mantêm-se as contradições que ajudam a explicar a resistência às mudanças necessárias. Os portugueses desconfiam do sistema político, mas confiam no Estado para resolver os problemas económicos e sociais.
Com efeito, os portugueses não confiam no sistema político e na administração pública - desconfiam ou não confiam na classe política (94%), nos governos (90%), nos partidos políticos (89%), na Assembleia da República (84%) e na administração pública (75%).
Em simultâneo, consideram que o principal motor para a competitividade e o desenvolvimento económico do País é o Estado (78%).
Com efeito, os portugueses não confiam no sistema político e na administração pública - desconfiam ou não confiam na classe política (94%), nos governos (90%), nos partidos políticos (89%), na Assembleia da República (84%) e na administração pública (75%).
Em simultâneo, consideram que o principal motor para a competitividade e o desenvolvimento económico do País é o Estado (78%).
São dados que dão que pensar sobre quais são os factores de mudança capazes de alterar este quadro que compromete o desenvolvimento do País.
De volta ao 4R cuja falta senti durante o período de festas - o meu computador em Lisboa, por algum motivo absurdo destas geringonças de cabeça quadrada, resolveu que eu não podia comentar posts aqui - começo por desejar Feliz Ano de 2011 a todos os bloggers e comentadores ainda que com muito atraso.
ResponderEliminarPosto isto, comentar este post que a Margarida Corrêa de Aguiar nos trás e a incoerência que aponta. A interpretaçao que faço não é uma de incoerência mas sim expressão pura da Portugalidade ou Portuguesidade como lhe queiramos chamar. Os Portugueses podem não confiar no Estado mas sabem que ninguém mais lhes serviria de papá, por isso a confiança que nele depositam. Faz parte da Portugalidade essa necessidade de tutela e por isso a preferência por um mau Estado a asnear mas exercendo a sua tutela do que seja que privado for a fazer seja o que for.
Provavelmente ajuda a explicar o porquê de muitas coisas e é pena.
Uma farolada do advogado do sr. Pinto de Sousa e do Belmiro de Azevedo, patrocinada pela Delloite?
ResponderEliminarBoa coisa por certo não será! Só tenho pena de ver o meu Amigo Pinho Cardão metido nisto!
Pois... é isso, caro Fartíssimo... a velha quezília cínica entre os oportunistas do capital e os da política.
ResponderEliminarQuando convém a uns, atiram com sondagens, quando convém aos outros, atiram com ameaças.
No meio de todo este faz-de-conta, porque ha a garantia de os resultados negativos atingirem sempre e únicamente os mesmos, fica-me uma dúvida farolística: qual foi o critério empregue no inquérito que originou tais conclusões? 1002 pessoas? residentes na Beloura, na Marinha, na Patino? onde? empregados, sesempregados, qual o seu nível académico? Os faróis na sua maioria, além de poderem ser avistados de grande distância, são-no habitualmente de qualquer ponto, numa amplitude de 360º, mas... também existem alguns que só se conseguem avistar numa amplitude de 180º e... de quem vem do lado do mar e... corre o risco de encalhar, caso a luz do farol se apague...
Excelente comentário, Bartolomeu! Na esteira, aliás, daquilo a que já nos habituou!
ResponderEliminarCaro Zuricher
ResponderEliminarJá tínhamos saudades suas. Ainda bem que nos reencontramos. Para si, também, um Bom Ano, o melhor possível, e que por aqui, pelo 4R, continuemos a passar bons momentos.
O seu comentário, Caro Zuricher, fez-me lembrar aquele ditado bem português: Quanto mais me bates, mais gosto de ti"!
A cultura paternalista do Estado é, a bem dizer, aceite, se não mesmo incentivada, pelos cidadãos. Será que é preciso bater mais fundo para que as pessoas perceberem que a solução para o desenvolvimento não está nessa entidade que dá pelo nome de Estado?
Caro Fartíssimo do Silva
Ainda bem que há pessoas que estão interessadas em ajudar o País. Faltam-nos iniciativas sérias da sociedade civil que ajudem a pensar os problemas e a indicar caminhos que convidem à reflexão colectiva e que sejam susceptíveis de contribuir para as decisões políticas. São as pessoas empreendedoras que estão nas empresas e ligadas às actividades económicas e sociais que melhor conhecem os problemas. Estamos fartos de teóricos que decidem tantas vezes sem o necessário conhecimento e experiência das realidades sobre as quais legislam.
O Projecto Farol é muitíssimo meritório. Bem sei que não tem essa opinião, que, naturalmente, respeito. Contudo, as conclusões e a contradição a que me refiro no meu post não lhe suscitaram qualquer comentário. É que constituem um problema nacional. Não me diga, Caro Fartíssimo do Silva, que não o reconhece só porque tiveram origem farolística.
Caro Bartolomeu
Também não lhe conhecia esta sua faceta de especialista em linguagem farolística. Quem sabe se o Projecto Farol não beneficiaria da sua "expertise".
Não tive acesso ao documento final, que suponho vai responder às suas questões sobre os critérios. Mas muitas das conclusões que li são transversais à nossa sociedade e outras dão-nos pistas sobre alguns caminhos. Não me diga que é tudo assim tão negativamente farolístico?
Cara Drª Margarida,
ResponderEliminaro projecto farol, não precisa da minha xico-espertice para nada, assim como as conclusões a que os seus autores chegaram, não pretendem atingir nenhum fim útil.
Afinal, tudo se poderia resumir a uma suma questão: quem financia as campanhas eleitorais, exige o retorno do seu "investimento".
E para que não me repita na história do cão que corre atrás do rabo, acrescento somente uma breve constatação: em Portugal, as pessoas só são consideradas cidadãos de pleno direito, quando exercem o seu direito de voto.
Caro Bartolomeu
ResponderEliminarA "xico-espertice" como lhe chama, injustamente, é muito útil. Tomaram muitos. Não me leve a mal ser tão directa.
Quanto ao apelo ao voto, o divórcio entre os cidadãos e o sistema político é grande, o que acaba por conduzir ao desinteresse da participação em eleições. Temos aqui uma "pescadinha de rabo na boca"!
Pois temos, cara Drª. Margarida, pois temos. Lamentávelmente e espantosamente, todos temos a consciência que assim é, o que talvez seja o motivo maior para que já não haja coragem, para se acreditar em nada, até mesmo na eficácia de resultados como aqueles que o projecto farol pode fornecer...
ResponderEliminarEste velho Portugal, mantem-se como sempre foi... um lugar onde os Homens que erguem obra, têm de lutar contra oposição irracional e a inveja daqueles que não movem um dedo no sentido do verdadeiro progresso e bem-estar social.
Cara MCAguiar
ResponderEliminarSó li, ainda, o resumo do estudo que alude. O que mais me surpreendeu foi a percentagem que considerava o antes 25/04/ melhor do que hoje; não o facto de compararem os dois regimes.
O resto é nacional: o povo é fundamentalmente católico e profundamente anti clerical; no entanto, recorre ao pároco para a confissão.
Odeia a mudança que altere a rotina, mas não nega a mudança; prefere a culpa solteira e a segurança de uma entidade incorpórea.
Odeia os números e o rigor conceptual, convive alegremente com a indefinição e ambiguidade.
Por isso, só a necessidade que aguça o engenho será o factor de mudança; nesse momento, excedemo-nos completamente e até, (nos) surpreendemos.
Foi assim no Séc XIV, foi assim nos Sécs XVI, XVII, XIX e XX. Será assim no séc XXI, apenas anoto que temos pouco mais de cinco anos.
Cumprimentos
João
Excelente comentário, caro João!
ResponderEliminarCaro Joao
ResponderEliminarCheguei um pouco atrasada, a Suzana roubou-me as palavras! Quantos anos mais conseguiremos resistir?
Caríssimos:
ResponderEliminarO Projecto Farol é um projecto honesto e um projecto de futuro. Não é um Projecto da sua Comissão Executiva, que o dinamizou ou da Deloitte que concebeu a ideia e a patrocinou. Mas é um Projecto de largas dezenas de cidadãos que para ele contribuíram, cidadãos das mais diversas formações e ideologias. E o resultado de muitos estudos preliminares, de muitas sessões de trabalho, de muitas horas de apresentações e de debate. É um Projecto virado para o futuro.
Merece se analisado e criticado, com fundamento.
A sondagem ontem apresentada é uma sondagem séria. Vi que a sondagem foi criticada. Alvo errado. Porque a sondagem dá o retrato do que pensa a população; não muda o sentir e a percepção do povo.
Por muito que custe a muitos, é assim.
Fins de Fevereiro, princípios de Março, sairá um livro que condensará o conteúdo do Projecto Farol. Convido os ilustres comentadores a lê-lo e a analisá-lo. E a discuti-lo depois. Com base no conteúdo. E deixando de lado as pessoas que para ele contribuíram e a ele deram muito do seu melhor.
Caro João:
Pois faço minhas as palavras da Suzana.
Quando o caro Dr. Pinho Cardão se dirige aos comentadores do "Quarta", presumo que se esteja a dirigir também a mim, salvo não me considere comentador, devido à fraca qualidade dos comentários com que contribuo para a dinâmica deste blog.
ResponderEliminarAli um pouco mais atrás, a autora do post, refere a sua qualidade de ser frontal, a qual desde já declaro apreciar sobremaneira (para além de muitas outras que a autora possui). Eu também gosto de ser muito claro, para que, as opiniões que emito, possam ser entendidas sem qualquer espécie de equívocos.
Quando me referi ao projecto Farol, sobre o qual não possuo um conhecimento profundo, não pretendi de modo nenhum colocar em causa a honestidade do projecto, tampouco criticar o empenho daqueles que para ele contribuíram, nem ainda, a veracidade dos resultados a que chegaram. Aquilo que o caro Dr. chama crítica, não passa para mim de um olhar particular, sem outro propósito que não ultrapassa o "do treinador de bancada". Por isso, referi-me à forma, ao critério que levou àqueles resultados precentuais que a cara Drª. Margarida apresentou no texto do post. E ainda, de uma forma um tanto "derrotista", pelo habito, o que poderão resultar em benefício para a sociedade.
Se lermos o manifesto do projecto, e os objectivos que ele pretende atingir, não duvidamos por um segundo que o mesmo poderia substituir com alguma vantagem, o metodológico "A Arte de Bem Cavalgar toda a Sela"da autoria de El-Rei D. Duarte, dado o seu carácter humanístico, instrutório e pedagógico, uma perfeita bíblia, que... como em todas as fés, só precisa de fieis que lhe sigam os preceitos... mas que sejam mesmo muito fieis!
Cara MCAguiar
ResponderEliminarObrigado pelo comentário. Apenas sugeria-lhe que trocasse o verbo resistir, pelo reagir.
Usando este último verbo, acho que este ano vamos reagir, como irá comprovar nos próximos 3-4 meses.
O Relatório do Projecto Farol é um dos indicios que a sociedade civil nacional está a reagir.
Isto é um pouco como deixar de fumar; sempre tentamos algumas vezes, antes de "abandonar" o vício de vez.
Cumprimentos
joão
Caro joao
ResponderEliminarOportuna sugestão a sua. Lembrou-me a expressão do "copo meio cheio, meio vazio".
Proponho-lhe que utilizemos os dois verbos, reagir e resistir, de modo a reflectir duas actuações e atitudes diferentes com pesos que tenhamos esperança se alterem rapidamente.
Caríssimo Bartolomeu:
ResponderEliminarO meu amigo é um dos mais apreciados e estimados comentadores do 4R. Oportunos, irónicos, sarcásticos, por vezes, os seus comentários revelam um bom senso inestimável nos tempos que correm.
O Projecto Farol é também um projecto de bom senso. No meio da algazarra real em que nos encontramos, traduz o grito de que "o rei vai nu", embora ninguém acredite. E, se vai nu, é necessário cuidar dele. Porque quem o tem cuidado só o faz andar esfarrapado.
E se um médico nos pode trazer a cura, não vale a pena olhar para a cara do médico, apenas tomar o remédio.
Abraço
Cara Dr. Pinho Cardão, as suas palavras fizeram renascer em mim o desejo de acreditar.
ResponderEliminarEm sinal da minha gratidão, ofereço-lhe este "Raising me up"
http://www.youtube.com/watch?v=Yfwlj0gba_k&feature=channel
A propósito de médico, quero deixar aqui uma nota pela ausência já demasiado longa do nosso estimado Amigo, Professor Massano Cardoso e pela falta que a todos faz, ler os seus interessantíssimos artigos literários.
Será que, a exemplo da vinda a S. Bento daquelas pessoas que reivindicam as promessas de construção do metro, teremos de nos deslocar a Coimbra numa marcha sensibilizadora do regresso urgente do nosso Amigo?!
Por mim... é para já!