1.Notícia quase delirante, hoje divulgada, serve bem para ilustrar o rigor com que os escassíssimos recursos financeiros são geridos oficialmente em Portugal: um fantástico Grupo de “Trabalho” para o Património Imaterial, criado por despacho governamental há cerca de um ano, não produziu qualquer trabalho, terá reunido 1 vez apenas, mas custou € 209.000...
2.Paradoxalmente, alguns dos seus membros queixam-se amargamente de falta de apoios, o que dá que pensar no orçamento que teriam em mente quando se constata que 1 reunião apenas "custou" aquela módica quantia...que mais apoios seriam necessários para que o trabalho de levantamento do Imaterial atingisse alguma “corporalidade”?
3.Ocorre pensar em quantas dezenas, centenas (quiçá milhares) de decisões deste tipo, dispersas e escondidas pelos incontáveis gabinetes ministeriais e de outras instâncias públicas (centrais, regionais, locais e empresariais) - criando grupos ou postos de trabalho/descanso a esmo, sem qq controlo dos resultados - não terão contribuído para o descalabro das contas públicas e o estado financeiro degradante em que o País se encontra, impondo agora custos enormes às empresas e às famílias...
4.Neste caso, tangente ao delírio, tivemos 1 Imaterialidade com consequências materiais...em muitos outros casos, quem sabe, não haverá N Insanidades igualmente com consequências materiais?...Quem controla?
5.Uma pergunta que inevitavelmente ocorre quando nos deparamos com a inconcebível superfluidade destes gastos e os sacrifícios que estão sendo exigidos a famílias e empresas: será que os aumentos de impostos, que acabam por ser necessários para financiar tais desvarios, têm ainda alguma legitimidade?
Caro Tavares Moreira,
ResponderEliminarNem foi muito caro. Se tiver em conta que José Sócrates está a governar há pouco mais de seis anos e fizer as contas só ao descalabro que provavelmente serão os postos de abastecimento de electricidade para os carros eléctricos, esquecendo a electricidade em si, esquecendo o endividamento e os juros extra que nos custa manter o especialista por apenas mais alguns dias no poder, e também a gigantesca dívida de empresas diversas entretanto acumulada debaixo do tapete (para não falar na aquisição da obrigação de cumprir com as obrigações do Fundo da PT), este até foi um caso bastante bem sucedido na contenção de custos. Provavelmente, se este grupo tivesse feito alguma coisa, o custo teria sido de muitas dezenas de milhões. Ao contrário do nosso governo (isto é, José Sócrates) e do partido que o apoia (isto é, José Sócrates), que entende que o que é preciso é fazer, eu acho que para fazer asneiras mais vale não fazer nada. Se calhar vai ler isto e pensar que eu estou a gozar, mas não. E no seu ponto 4 fala em controlar! Cuidado, porque está provado que tudo o que em Portugal é "controlado" (Estado), "observado" (Observatórios) e "regulado" (Reguladores) não só fica pior do que desregulado como fica...santificado. Por vezes nós ouvimos as frases emanadas dos reguladores e até parece que eles é que são o inimigo público nº1.
Só controla quem foge aos impostos e, com isso, contribui para o progresso do país
ResponderEliminarCaro Tavares Moreira
ResponderEliminarSe a interpretação dos dados recolhidos pelas "sondas" enviadas pelo BCE e FMI, chegar à conclusão que apenas existe ignorância, incompetência e descontrole, o cenário fica negro.
O "efeito de Vénus" pode verificar-se e, este caso, é um exemplo.
Cumprimentos
joão
«quantas dezenas, centenas (quiçá milhares) de decisões deste tipo»
ResponderEliminarSem dúvida.
Por ex, na Cultura.
Incapazes de garantir uma administração saudável dos museus ou do património, como justificar os quadros do ministério e os seus salários?
Inventando 'trabalho', um qq 'museu do mar e da língua portuguesa'.
Com Portugal num processo de emagrecimento acentuado, em perigo de ficar 'transparente', nada como investir na 'imaterialidade'.
"Delirante" é pouco.
E mais do que (ir)responsável, apetece-me usar uma qualificação da nomenclatura soviética: crimes económicos.
Seja este pequeno 'crime', seja o do traçado do TGV (disse traçado).
Caro Flash Gordo,
ResponderEliminarO Senhor apresenta um rol de pesadelos susceptíveis de assustar os mais bravos combatentes da liberdade como M. Alegre!
Mas tem razão quando diz que no caso deste Grupo de Descanso do Património Imaterial o custo teria sido bem maior se tivessem produzido algum "trabalho"!
Todavia, se admitirmos que as muitas centenas de GT's criados nos últimos anos, acrescidos dos incontáveis postos de descanso inventados, por exemplo nas famosas capitais da Cultura, bem como as incomensuráveis fundações e outras instituições similares terão produzido algum "trabalho"...temos razões para ficar estarrecidos!
Caro Tonibler,
A resposta perfeita à questão que deixo no final do Post, parece ser esse seu sintético mas sábio comentário...
Caro João,
Essse efeito de Vénus parece dominar o nosso futuro, por mal dos nossos pecados...
Ou talvez melhor dos pecados dos incumbentes que nos teremos de expiar por razões de manifesto erro de escolha na representação política de muitos dos nossos concidadãos...
Caro BMonteiro,
Admito que delirante seja pouco, deve ter razão, mas confesso que foi o primeiro étimo que me ocorreu e depois já não me dispus a mudar...
A mim o que mais me desanima é que esse grupo de trabalho não tenha encontrado nenhum património imaterial para explorar, quem sabe não seria a solução dos nossos problemas, já que o patrimonio material já nem um grupo de reflexão merece...
ResponderEliminarCara Suzana,
ResponderEliminarTem razão, quem sabe se esse património imaterial não poderia ajudar a reduzir a dívida ao exterior, caso fosse bem vendido pelos nossos estimados vendedores de ilusões?
Ou então o GT terá descoberto que a principal componente do património Imaterial eram as inúmeras ilusões que nos últimos anos nos foram vendidas...e o responsável governamental, apercebendo-se disso, terá resolvido dissolver rapidamente o Grupo?
Um grupo de trabalho que bem poderia ter merecido o dinheiro que custou. O que temos mais para exportar é património...imaterial.
ResponderEliminarContudo, parece-me pretinente que o estado conheça com precisão, o património que lhe está afecto, a sua localização, estado de conservação e utilidade.
ResponderEliminarAssim, talvez fosse possível geri-lo, rentabiliza-lo, reaproveita-lo e aliena-lo conscientemente.
Talvez fosse possível ainda, requalificar algum desse património e reutiliza-lo para alojar aquelas pessoas que dormem em caixas de cartão espalhadas pelas ruas das principais cidades. Talvez fosse possível usar terrenos do estado e incentivar pessoas desempregadas a explora-los.
Talvez fosse possível, usar património do estado para benefício do próprio estado, em lugar do prejuízo que esse mesmo património representa.
O estado não conhece a dimensão, nem o estado do seu património, mas esse conhecimento é muito importante e, para ser bem feito, é necessário que se anulem os muros que defendem os feudos.
O melhor património imaterial que temos disponível e em grandes doses para exportar é incompetência e irresponsabilidade, caro Ferreira de Almeida!
ResponderEliminarAcontece, infelizmente, que esses "produtos" não têm mercado. Os Países onde abundam não precisam, dispensam-nos, aqueles que têm a fortuna da escassez estão muito bem assim, dispensam-nos igualmente...
Caro Bartolomeu,
Estamos a falar, neste caso, de património Imaterial:boa vontade, bons e maus costumes, lendas e narrativas, ditados populares, toponímia, hábitos antigos, linguagens locais, etc,etc.
Temo que o préstimo destes bens para os fins em vista seja bastante limitado...
Apesar da semelhança entre as duas palavras, e porque li atentamente o texto que escreveu, percebi, caro Dr. Tavares Moreira, que se referia a imaterialidade.
ResponderEliminarConfesso no entanto que não lhe "apanhei" completamente o sentido.
Por isso direccionei o meu comentário para os valores imateriais que urge salvar e que dependem do aproveitamento e da boa gestão de alguns valores materiais.
Caro Bartolomeu,
ResponderEliminarConcedo, sem dificuldade, o bem fundado do seu raciocínio...como sempre um racicínio honesto, directo e sem rodeios!
Caro Tavares Moreira, pensando bem até que foi melhor assim, só nos faltava que o Estado se apoderasse também do que é imaterial!Ainda bem que falharam...
ResponderEliminarCaro Tavares Moreira
ResponderEliminarTardei em responder porque fui "pesquisar" por essa europa fora e, curiosamente, não existe qualquer grupo de trabalho semelhante. O mais parecido com este, são uns trabalhos sobre a propriedade intelectual mas, mesmo esses, num contexto e enquadramento diverso.
O que concluir? (Vamos usar o raciocionio tipo "efeito de Vénus").
Um resultado possível será que o tema é importante e deve ser discutido. Uma inovação europeia, interessante e importante; lançaria as bases para uma melhorias das políticas europeias.
Mas, não será que o tema está mal definido? Não será muito amplo? Não devia ter um esboço de termos de referência?
Nesse sentido um outro resultado possível será: não tendo objecto claro, nem termos indicadores, não disponibilizaram os meios, "isto" até pode ser um modo de justificar dinheiros a mais noutros sítios.
(Antes da Grécia ser intervencionada, o governo grego, sem sequer sorrir, propôs integrar no cálculo do PIB, as seguintes actividades: tráfico de droga e prostituição; deixando de lado os jsutificativos, o resultado seria um aumento do PIB e uma forte diminuição do défice).
E andamos nós a falar mal dos gregos...
É por estes e outros motivos que tenho medo que as conclusões das "sondas" seja a ignorância e analfabetismo.
É que a ter de preferir entre matreiro e chico esperto, prefiro o primeiro...
Cumprimentos
joão