Aqui vos deixo, muito orgulhosa, o pequeno êxito que consegui este ano no meu jardim, umas lindas túlipas que comprei em Amsterdão, teimando em que, desta vez, haviam de dar resultado. Cuidar de um jardim é uma aprendizagem permanente, exige uma disciplina e uma persistência que tantas vezes nos falta quando temos que realizar um trabalho em que a nossa capacidade é posta à prova.
Em primeiro lugar é preciso planear a tempo, não serve de nada trazer as plantas e pô-las na terra quando já passou a época em que elas podem ganhar força para crescer, a decisão a tempo é fundamental.
Depois, não serve de nada ir enterrar os bolbos ou plantar as estacas onde nós achamos que eles ficariam mais bonitos à nossa vista, cada planta tem as suas potencialidades e elas só se manifestam se foram postas no ambiente que lhes convém, com sol, com sombra, ao abrigo do vento e da chuva, com terra boa ou menos adubada, enfim, há que avaliar bem se lhes estamos a dar as condições de que elas precisam para florir.
Além disso dá um trabalhão preparar o local, no caso destas lindas (e poucas) túlipas gastei uma bela tarde a cavar o canteiro, a tirar pedras e ervas daninhas, depois comprei terra adequada para encher o espaço, medi as distâncias e por fim enterrei-as como manda a lei, dimensão e profundidade.
Faltava depois cobrir a terra com aquelas cascas de pinheiro para que se conservasse o frio o tempo suficiente para elas se habituarem, ficaram ali ao abrigo por causa de um muro e com a sombra nas horas mais quentes porque há uma árvora grande que as protege do sol mais forte.
Esperar que apareçam também tem os seus quês, não basta ficar descansado, é preciso ampará-las, chegar a terra ao caule para não vergarem com os primeiros ventos. Só depois de todo um trabalho de selecção, de preparação, de coaching e de estímulo com umas gotas de adubo, é que temos o direito de esperar que elas floresçam em cumprimento da promessa que encerravam.
E é um prazer incomparável vê-las um dia a desabrochar, a pintar o canteiro com as suas cores únicas e, finalmente, a recompensar-nos largamente das horas e horas de dedicação que nos mereceram.
Tenho que confessar que tudo isto é comprovado com outros tantos falhanços, como aconteceu com outros bolbos que também trouxe e que fui tratar quando já era quase noite, na pressa de acabar tudo naquele dia, e a minhas mãos já não estavam para mais esforços. Fui mais preguiçosa e facilitei em vários dos passos que eram precisos, o resultado é que os bolbos eram tão lindos como estes mas as flores ficaram pequenas, muito franzinas e, quando as fui recriminar por não terem ficado tão elegantes como as suas conterrâneas, deitaram-me um ar amuado e inclinaram-se para o canteiro, não tive outro remédio senão seguir o gesto e reparar na terra dura a apertá-los, nas folhas tenras roídas pelos bicharocos rasteiros e nas ervas daninhas a fazer-lhes ameaças.
As plantas são como as pessoas, 10% de inspiração e 90% de transpiração, bem orientadas e acarinhadas, com atenção ao que precisam em vez de submetidas ao que apenas nos interessa, florescem que é um regalo!
Em primeiro lugar é preciso planear a tempo, não serve de nada trazer as plantas e pô-las na terra quando já passou a época em que elas podem ganhar força para crescer, a decisão a tempo é fundamental.
Depois, não serve de nada ir enterrar os bolbos ou plantar as estacas onde nós achamos que eles ficariam mais bonitos à nossa vista, cada planta tem as suas potencialidades e elas só se manifestam se foram postas no ambiente que lhes convém, com sol, com sombra, ao abrigo do vento e da chuva, com terra boa ou menos adubada, enfim, há que avaliar bem se lhes estamos a dar as condições de que elas precisam para florir.
Além disso dá um trabalhão preparar o local, no caso destas lindas (e poucas) túlipas gastei uma bela tarde a cavar o canteiro, a tirar pedras e ervas daninhas, depois comprei terra adequada para encher o espaço, medi as distâncias e por fim enterrei-as como manda a lei, dimensão e profundidade.
Faltava depois cobrir a terra com aquelas cascas de pinheiro para que se conservasse o frio o tempo suficiente para elas se habituarem, ficaram ali ao abrigo por causa de um muro e com a sombra nas horas mais quentes porque há uma árvora grande que as protege do sol mais forte.
Esperar que apareçam também tem os seus quês, não basta ficar descansado, é preciso ampará-las, chegar a terra ao caule para não vergarem com os primeiros ventos. Só depois de todo um trabalho de selecção, de preparação, de coaching e de estímulo com umas gotas de adubo, é que temos o direito de esperar que elas floresçam em cumprimento da promessa que encerravam.
E é um prazer incomparável vê-las um dia a desabrochar, a pintar o canteiro com as suas cores únicas e, finalmente, a recompensar-nos largamente das horas e horas de dedicação que nos mereceram.
Tenho que confessar que tudo isto é comprovado com outros tantos falhanços, como aconteceu com outros bolbos que também trouxe e que fui tratar quando já era quase noite, na pressa de acabar tudo naquele dia, e a minhas mãos já não estavam para mais esforços. Fui mais preguiçosa e facilitei em vários dos passos que eram precisos, o resultado é que os bolbos eram tão lindos como estes mas as flores ficaram pequenas, muito franzinas e, quando as fui recriminar por não terem ficado tão elegantes como as suas conterrâneas, deitaram-me um ar amuado e inclinaram-se para o canteiro, não tive outro remédio senão seguir o gesto e reparar na terra dura a apertá-los, nas folhas tenras roídas pelos bicharocos rasteiros e nas ervas daninhas a fazer-lhes ameaças.
As plantas são como as pessoas, 10% de inspiração e 90% de transpiração, bem orientadas e acarinhadas, com atenção ao que precisam em vez de submetidas ao que apenas nos interessa, florescem que é um regalo!
Drª. Suzana, permita-me que cite Pessoa "Deus quer, o Homem sonha, a Obra nasce".
ResponderEliminarEstou cá com a pulga atrás da orelha, acerca do sentido que o poeta quis dar a esta frase. Isotérico, indubitávelmente, contudo enganador.
E se, por mão própria alterássemos a frase? Para por exemplo... «O Homem sonha, Deus quer, a Obra nasce»!
;)
Criar é um ato muito trabalhoso. "Criar" uma tulipa é uma manifestação artística...
ResponderEliminarGosto de tulipas!
Suzana
ResponderEliminarQue bonitas tulipas! Reparei, ou estarei enganada, que nos intervalos estão outras a romper?
Nada como a recompensa de um trabalho esforçado, bem feito, aplicado, cumprindo com todos os pergaminhos da boa gestão.
Quem não trata com carinho e devoção a concretização de uma ideia não tem que se queixar por no final ter uma mão vazia de nada. Mas ainda assim há quem se queixe, como se o péssimo resultado dos seus próprios erros fosse culpa dos outros.
Ter consciência de que faz toda a diferença fazer bem ou fazer mal é meio caminho para fazer dos "falhanços" uma aprendizagem e um desafio. Os erros também são uma fonte de conhecimento. Haja inteligência para o reconhecer e prosseguir.
Por isso, Suzana, continue a tratar cuidadosamente do seu lindo jardim, porque terá sempre muitas alegrias...
Estas túlipas são lindas! Mas vistas com os olhos da Dra. Suzana são ainda muito mais…
ResponderEliminarCaro Bartolomeu, o que é preciso é que se conjuguem todos os quereres! Além disso não mostrei aqui mas também tenho lá uns jacintos muito perfumados (trouxeram-me uns bolbos da Alemanha...),e uns narcisos , esta época é uma beleza.
ResponderEliminarCaro Massano Cardoso, as tulipas são muito caprichosas, assim elegantes e bonitas dão-se ares de mimadas, preferem as estufas, mas estas lá me fizeram a vontade!
Margarida, sempre atenta aos pormenores, é verdade que ainda faltam nascer algumas para preencher aquele alinhamento, já estão a despontar, um pouco atrasadas. Sim, o jardim dá imenso trabalho mas uma vez que se comece é impossível desistir, estã sempre a pedir mais arenção!
Caro jotac, são os olhos da coruja, o que fomos nós a fazer crecer parece-nos sempre o mais bonito que há.
Posso alvitrar?
ResponderEliminar;)
Tal como o acervo de "velharias" que o Sr. Professor Massano Cardoso detem, e tem reunido ao longo do tempo, fruto de um espírito curioso e por vezes, intuítivo merece, qui ça, a criação de um museu, ou até de um espaço de mostra e estudo... também o seu espaço botânico, merece destaque, Drª. Suzana. Continuando no registo do alvitre, acrescento que no caso do jardim, seja mostrado somente atrvés de fotos, para que esses seres lindos e sensíveis, não sofram a agressão e o stress provocado por presenças físicas de humanos que certamente não as amarão tanto como a sua jardineira privativa.
;)
Anos a fio o Professor Caldeira Cabral clamou no deserto contra o facto dos jardineiros estarem abaixo, ou na melhor das hipóteses, ao mesmo nível dos pedreiros. Folgo em perceber que mais uma pessoa compreenderá agora que os jardineiros precisam de ver o seu trabalho reconhecido e pago como merece.
ResponderEliminarhenrique pereira dos santos
Ora aqui está uma experiência pela qual eu já passei! Também eu aprendi que as tulipas, quando criadas sem ser em estufa, não se dão onde achamos que ficam melhor, mas onde o ambiente permite que elas se criem.
ResponderEliminarParabéns Suzana. Estas exibem, para além de uma "postura" bem orgulhosa a fazer jus a todo o esforço que a "criadora" fez, uma cor lindissima. Também nós trouxémos da Holanda bolbos que prometiam essa cor, mas só se aproximaram.