sexta-feira, 15 de abril de 2011

Uma mensagem de esperança...

Uma mensagem de esperança, mas muito exigente...

A Dívida Soberana - Sete mandamentos para atrevessarmos a crise

1º - A primeira de todas as dívidas soberanas, e certamente a mais fundamental, é aquela que cada um de nós mantém para com a Vida. Essa dívida nunca a pagaremos, nem ela pretende ser cobrada. Reconhecer isso em todos os momentos, sobretudo naqueles mais exigentes e confusos, é o primeiro dos mandamentos.

2º - Se a maior de todas as dívidas soberanas é para com um dom sem preço como a vida, cada pessoa nasce (e cresce, e ama, luta, sonha e morre) hipotecada ao infinito e criativo da gratidão. A dívida soberana que a vida é jamais se transforma em ameaça. Ela é, sim, ponto de partida para a descoberta de que viemos do dom e só seremos felizes caminhando para ele. É o segundo mandamento.

3º - O terceiro mandamento lembra-nos aquilo que cada um sabe já, no fundo da sua alma. Isto de que não somos apenas o recetáculo estático da Vida, mas cúmplices, veículos e protagonistas da sua transmissão.

4º - O quarto mandamento compromete-nos na construção. Aquilo que une a diversidade das profissões e as amplas modalidades do viver só pode ser o seguinte: sentimo-nos honrados por poder servir a Vida. Que cada um a sirva, então, investindo aí toda a lealdade, toda a capacidade de entrega, toda a energia da sua criatividade.

5º - A imagem mais poderosa da Vida é uma roda fraterna, e é nela que todos estamos, dadas as nossas mãos. A inclusão representa, por isso, não apenas um valor, mas a condição necessária. O quinto mandamento desafia-nos à consciência e à prática permanente da inclusão.

6º - As mãos parecem quase florescer quando se abrem. Os braços como que se alongam quando partem para um abraço. O pão multiplica-se quando aceita ser repartido. A gramática da Vida é a condivisão. Esse é o mandamento sexto.

7º - O sétimo mandamento resume todos os outros, pois lembra-nos o dever (ou melhor, o poder) da esperança. A esperança reanima e revitaliza. A esperança vence o descrédito que se abate sobre o Homem. A esperança insufla de Espírito o presente da história. Só a esperança, e uma Esperança Maior, faz justiça à Vida.

José Tolentino Mendonça

8 comentários:

  1. Um frasco de vitaminas, este texto. Excelente.Viver é simples, basta sermos transparentes e dignos, da mãe que nos permite andar, por cá. A Mãe Terra.

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  2. Linda, a ler sempre que nos faltem as forças.

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  3. Decidi ontem, não voltar a colocar qualquer comentário no "Quarta". O motivo da decisão, prende-se exclusivamente com o facto de considerar crescente a ausência de diálogo e de troca de opiniões.
    Admito que para os autores, a qualidade de alguns comentários, não mereça o incómodo de uma resposta.
    Contudo o teor deste seu post, cara Drª. Margarida, obrigou-me a adiar a decisão que tomei.
    Penso que o motivo que levou o Sr. Padre José Tolentino de Mendonça a "produzir" em número de 7, os mandamentos apresentados, se prende com a simbologia que ele representa.
    O número 7, é considerado um número planetário, o número da perfeição, relacionado com o equilíbrio universal e os corpos existenciais do ser: o físico, o vital, o astral, o mental, o causal ou da vontade, o da consciência e o íntimo.
    E ainda, porque o número 7 é composto pelo 3 MAIS o 4, ou seja: pelo 3 que simboliza em síntese, todo o universo, o Homem e a natureza Divina e o 4 que simboliza a natureza, a solidez, a tolerância e... a Mulher.
    Todos eles, relatados e utilizados pelo Sr. padre Tolentino, para explicar a quem ler, aquilo que o nosso amigo José Domingos intuiu na perfeição «Viver é simples, basta sermos transparentes e dignos.»
    Ao contrário daquilo que temos feito, que é construír muros altos em nosso redor, sem portas nem janelas que nos permitam ver mais além, conhecer e interagir, de forma aberta, franca e despretenciosa.
    ;)

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  4. Falta de diálogo, caro Bartolomeu? Os seus comentários geram sempre muito interesse e não raras vezes acesos diálogos que muito têm animado esta tertúlia, se nem sempre há ocasião de prolongar a conversa é só or falta de tempo, não leve a mal.
    Quanto ao seu comentário a este lindo texto, é muito curiosa essa simbologia, alías tão complexa como a frase com que termina e que tem um comando que é tudo menos simples: ser transparente e digno. Transparência exige uma total honestidade nas atitudes, intrínseca, e dignidade uma convicção profunda de que se age de acordo om a consciência em todos os momentos. Ambos implicam um exercício muito exigente nas práticas da vida.

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  5. Cara Drª Suzana, ultra-estimulantes têm sido para mim, as trocas de opiniões e pontos de vista estabelecidos entre autores e comentadores dos variadíssimos e magníficos post que me tem sido dado oportunidade de ler.
    Na verdade, aquilo que determina a minha decisão de não comentar, tem a ver exclusivamente, como fiz questão de realçar, com a minha necessidade pessoal de maior interacção, de dialogar, de acrescentar, debater, concordar e contrapor. Esta é uma dinâmica, que requer um alimento, que encontro neste ambiente virtual, mas que não interfere mínimamente com a amizade que dedico e me tem sido retribuída e mantida ao longo de alguns anos com os estimados autores e comentadores.
    Vivemos tempos de muita agitação social e política, que talvez exijam mais ponderação, reflexão e introspecção, que troca de opiniões.
    Talvez tenha chegado o tempo de ouvir o silêncio. Por vezes, ha algo indefinível, que nos compele a parar, muito provávelmente, esse tempo chegou para mim...
    ;)

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  6. Caro Bartolomeu
    Não podemos dispensar a sua intervenção no 4R. É um espaço de reflexão e de intervenção cívica no qual os autores e os comentadores procuram suscitar temas interessantes para a vida das pessoas e do país. Este trabalho só faz sentido num ambiente aberto de diálogo, o que tem sido possível pela participação de pessoas como o Caro Bartolomeu, que se interessam de forma séria pelos assuntos e problemas suscitados, que têm pensamento e fazem os outros pensar.
    Compreendo que por vezes o silêncio é de ouro. O direito ao silêncio é aliás muito pouco usado, assim como o dever do silêncio tem pouca aceitação.
    Fala-se de mais e mal, sem profundidade e preocupação de esclarecer, informar e discutir de forma séria. Assiste-se hoje a um pugilato verbal sem qualquer outra utilidade que não seja medir a força da brutalidade das palavras.
    Assiste-lhe Caro Bartolomeu o direito ao silêncio, mas no meio de tanto ruído e barulho, vale a pena continuar a conversar de forma séria e, simultaneamente, animada. É um desafio exigente, mas que vale a pena prosseguir, de acordo com as possibilidades dos autores, comentadores e leitores.
    Por isso, Caro Bartolomeu, cá estamos nesta tertúlia rompendo com o silêncio desnecessário e respeitando o silêncio necessário...

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  7. Caro José Domingos
    O seu "basta" é nevrálgico. O que é natural, simples e óbvio tem hoje dificuldades acrescidas de se impor.

    Suzana
    É um "frasco de vitaminas" para ter sempre à mão.

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  8. Se a minha decisão, foi a de me abster de comentários; depois de ler esta sua intervenção, estimada Amiga Margarida Aguiar, tenho de confessar que ela se reforçou, pelo facto de me ter deixado sem palavras.
    ;)
    Tudo aquilo que leio, que falo e que oiço, me levam geralmente a reflectir. Aquilo que a Drª Suzana e a Drª Margarida comentaram, produziu naturalmente esse efeito.
    Por conseguinte, garanto que não existem motivos para que não mantenha o contacto assíduo e diário com o "Quarta" e que voltarei comentar após uma pausa que me imponho.
    Com os meus melhores cumprimentos.
    ;)

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