1.No seu relatório anual referente a 2010, ontem divulgado, o Banco de Portugal (BdeP) explica, com toda a clareza, a origem e as razões do processo que conduziu ao pedido de resgate financeiro que o Governo apresentou à União Europeia no passado mês de Abril (página 21 do documento, para quem tiver curiosidade).
2.Dessa explicação não consta – está totalmente excluída mesmo – a tese, obnóxia mas repetida até à exaustão - do PM e dos seus “yes men” segundo a qual o pedido de ajuda externa se deveu à crise política desencadeada após a rejeição do famoso (nado-morto) PEC-4.
3.De acordo com o BdeP - citando, para que não restem dúvidas “ Na sequência de um recrudescimento intenso da crise de dívida soberana na área do euro, as condições de acesso aos mercados de financiamento internacionais deterioraram-se de forma acentuada ao longo de 2010 e início de 2011”.
4.E prossegue, “Os investidores internacionais singularizaram a economia portuguesa principalmente em função do elevado endividamento externo e do baixo crescimento tendencial, em conjugação com níveis do défice e da dívida pública altos e superiores ao esperado”...
5.E conclui, “Estes desenvolvimentos contribuíram para avolumar os receios dos investidores internacionais sobre a sustentabilidade das finanças públicas e sobre a dinâmica intertemporal da dívida externa, TORNANDO INADIÁVEL O PEDIDO DE ASSISTÊNCIA FINANCEIRA INTERNACIONAL, concretizado no início de Abril”...
6.Onde estão as referências à crise política e ao chumbo do PEC-4? Em lado nenhum, por mais que se pesquise...nada têm nada a ver com o assunto, não pode ser outra a conclusão...
7.Noutro ponto do mesmo documento (em caixa, pág. 27) existe uma nova referência, esta numa perspectiva mais histórica, à origem do pedido de ajuda externa, sendo aí salientado o “débil desempenho da economia” ao longo da última década, “acompanhado por um aumento gradual do endividamento da economia e uma diminuição da poupança interna, levando a uma deterioração acentuada da posição de investimento internacional”...
8.Acrescentando: “Em simultâneo, assistiu-se a uma deterioração significativa das finanças públicas portuguesas, o que levantou preocupações crescentes acerca da sua sustentabilidade. Neste contexto, assistiu-se a um aumento dos “spreads” das taxas de juro da dívida soberana, no quadro de tensões nos mercados de dívida soberana do euro”...
9.E, concluindo: “A interacção entre estes desenvolvimentos económicos e financeiros levou ao aparecimento de crescentes dificuldades de financiamento dos agentes públicos e privados. E ESTE PROCESSO LEVOU O GOVERNO A UM PEDIDO DE ASSISTÊNCIA À UNIÃO EUROPEIA”...
10.Mais uma vez, onde estão as referências à crise política e ao chumbo do PEC-4? Em lado nenhum, por mais que se pesquise...
11.E agora? Cicuta para o BdeP, tal como o P. Cardão sugeriu para o INE?
Muito em breve, a questão da ajuda externa irá estar ultrapassada, caro Dr. T. Moreira. E a economia portuguesa recuperada, graças à intervenção de S. Exª o P.R. conjuntamente a um grupo de 30 jovens agricultores, que convidou para conversar (e almoçar) no Palácio de Belém, sobre a necessidade de aumentar a produção agrícula nacional.
ResponderEliminarhttp://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1856152
A notícia não refere, mas sería interessante saber se, a exemplo dos "Magalhães" o Senhor Presidente está a pensar distribuir uma varinha mágica por cada jovem empresário, ou se está a pensar fazer uso dos seus poderes para aconselhar o governo a criar medidas de protecção à produção nacional...
a ver vamos...
Caro T. Moreira,
ResponderEliminar"Este" Banco de Portugal parece ser particularmente insolente.
Caro Bartolomeu,
Não deixa de ser interessante que eu tenha pago o almoço a não sei quantos maduros para ver se eles aumentam a produção...Isto da crise é só para quem quer. Seria altura de dizer ao PR que se quer pagar o almoço a 30 marmanjos, que os leve às esplanadas lá da frente e que puxe da carteira quando vier a conta. Afinal, não lhe pagamos tão pouco como isso.
Vai ver que "aquilo" nem saiu caro, prezado Tonibler... quem sabe se a rapaziada não levou umas alcôfas com umas batatas, cenouras, ervilhas, cebolas, alhos, azeite, louro e umas pitas lá do campo e fizeram uma tachada (tachada? isto não me soa nada bem) de jardineira de frango?
ResponderEliminarOlhe que... acompanhado com uma pingarola valente e comido à laia de pic-nic, à sombra de um pinheiro, naquele jardim do palácio voltado para o rio... era coisa para fazer inveja a qualquer Tavares Rico aí da praça!
Nada que já não saibamos todos. Mas que os socialistas contradizem todos os dias (ontem foi Ferro Rodrigues, nitidamente contra-natura, a se aliar à turba de Matosinhos) com as mentiras repetitivas.
ResponderEliminarhttp://notaslivres.blogspot.com/2011/05/devido-socrates-e-ao-ps.html
O resto (PEC4, demissão do Governo, crise política) é apenas a gota que fez transbordar o copo já cheio. Que assim, felizmente, abateu a teimosia de Sócrates em direcção ao incumprimento.
Caro Dr. Tavares Moreira,
ResponderEliminarAndam os lobos desavindos com as raposas :)
Caro Bartolomeu, Essa sua costela fisiocrática acaba por vir sempre ao de cima...
ResponderEliminarMas olhe que essa hipótese de medidas de protecção à produção agrícola nacional tem uma (muito) pequena condição prévia, se me permite: abandonar a União Europeia (não esquecendo de pagar, antes da saída, nem que seja mesmo à porta, o que estiver em dívida deste empréstimo de emergência...)...
Caro Tonibler,
O uso do pronome demonstrativo "deste" é curioso: quer dizer que existe (ou existiu) outro?
Caro Gonçalo,
Uma peqeuna nota de discordância: o copo já estava mesmo transbordado, nem uma gota mais era necessária...apenas mais uns dias e...pum!
Caro AF,
Essa deriva para o plano da fábula deixa-me apreensivo, confesso-lhe...
Nesse caso, caro Dr. Tavares Moreira, a iniciativa do Sr. Presidente da República, junto dos jovens empresários... resulta inútil, ou de minúsculo efeito. Não lhe parece?!
ResponderEliminarCaro Tavares Moreira,
ResponderEliminarEu estava habituado a ter no BoP uma atitude mais "construtiva" face aos grandes desígnios nacionais dirigidos pelo governo da república, mesmo que isso representasse fazer figura de urso. Esta atitude insolente de contrariarem a opinião daqueles que governam o país era algo impensável há uns tempos.
"11.E agora? Cicuta para o BdeP, tal como o P. Cardão sugeriu para o INE?" - Nãããããoooo!
ResponderEliminarUma capsulazinha de cianeto p'ra ver se morrem mais depressa.
A cicuta demora muito tempo a fazer efeito e até chegar à língua sabe-se lá a quantidade de estragos que ainda podiam fazer. Já viu o que é que aconteceu com o outro Sócrates? O filósofo. Primeiro que morresse ainda deu para ditar um livro inteiro e ainda teve tempo de influenciar Platão, que só teve ideias parvas.
Ponham lá a cicuta de lado que isso é pouco eficaz.
Caríssimos Anthrax e Tavares Moreira:
ResponderEliminarCicuta? Cianeto? Venha o diabo e escolha. Mas uma espada de Dâmocles está suspensa sobre o Governador. Com enorme probabilidade de cair, dependendo dos resultados das eleições...
Caro Dr. Tavares Moreira,
ResponderEliminarEheheh, é apenas a visão deste galo em particular, visto aqui de dentro do galinheiro ;)
Galo ... galito, vá!
Caro Tonibler,
Essa atitude insolente, terá algum significado particular? Fará parte do ar dos tempos? Será uma coisa circunstancial, ou parte de algo realmente grande, não circunscrito aqui ao burgo?
caro Pinho Cardão,
ResponderEliminarAdmito que nesta altura essa espada de Dâmocles esteja um pouco mais segura ao tecto, porventura em vias de ficar bem presa mesmo...ou, quem sabe, de desaparecer de todo!