1.Foi hoje noticiada – como sempre ao som de estridentes trombetas – uma queda do défice do Estado, nos primeiros 4 meses do ano, de 45% em relação ao período homólogo de 2010 - sendo que o défice das administrações públicas até terá caído 75%...
2.Mas esta semana o IGCP tinha divulgado os números da dívida pública directa do Estado até final de Abril (DÍVIDA FORMAL, reconhecida), concluindo-se que essa dívida cresceu este ano € 6.402 milhões, enquanto no mesmo período de 2010 havia crescido € 7.201 milhões.
3.Quer isto dizer que enquanto a dívida (em termos diferenciais) apresenta uma diminuição de 11%, o défice, a crer nas notícias divulgadas pelo governo, teria caído muito mais, os tais 45%.
4.Mas isto não se entende. Já em 2010 tinha acontecido a mesma coisa e a conclusão foi de um défice (para já, ainda não está fechado) de 10,7% do PIB sem a operação cosmética de transferência do F. Pensões da PT.
5.Há que acrescentar, a fazer fé nas notícias que vão saindo sem serem desmentidas, que as DÍVIDAS INFORMAIS do Estado (e de outros sub-sectores da Administração Pública) continuam a aumentar, o que permite um crescimento da dívida formal mais moderado.
6.Também têm sido divulgadas notícias da existência de diversos departamentos do Estado (forças de segurança, por exemplo) em que as verbas disponibilizadas para o pagamento de salários não incluem os montantes necessários para os valores a entregar ao Fisco e à C.G. Aposentações...o que permite encurtar a despesa artificialmente, ajudando à queda do défice.
7.Tudo isto se torna de compreensão muito difícil, estaremos provavelmente perante mais uma enorme “trapalhada”...
8....Bem se podendo dizer que em matéria de percepção da real situação das contas públicas nos encontramos numa fase de completa escuridão!
9.É evidente que tudo isto vai sobrar para o próximo governo, que terá que começar por acender a luz...e vamos ver o que é que então se vai encontrar, haverá por cautela que ligar o "airbag" para aguentar a primeira reacção da "Troika"!
Caro Tavares Moreira,
ResponderEliminarPara mim o mais importante está nas suas três primeiras palavras: "Foi hoje noticiada". Hoje, pelo Ministério das Finanças, tutelado por um tal de José Sócrates, que horas depois estará no mais importante debate político das últimas décadas. Não ontem, que dava mais tempo para descobrir o que habitualmente se descobre quando se analisa com mais calma. Tomo por certo que logo à noite vai usar a expressão "ainda hoje foram apresentados resultados muito positivos" e comparar o dia de hoje com outros, esquecendo que os impostos não só alteram o quadro como ainda por cima têm um efeito altamente pernicioso, que ele atira para uma válvula de escape muito conveniente, chamada "crise internacional" (em que estão todos os países do mundo desenvolvido, diz ele), que na prática e fora da cabeça do PM se traduz em crescimentos do PIB muito acentuados em grande número de países de todos os continentes, com crecimento assustador em concorrentes directos no textil, como é o caso da Turquia, a caminhar para 10%. O problema Sócrates é que por vezes parece mesmo que ele pensa o que diz e isso é o mais grave de tudo. Porém, no que toca aos compromissos com a troika, verifica-se que o programa do PS omite completamente os pontos inconvenientes, pelo que juntando as duas peças não posso deixar de considerar que está em marcha não é uma disputa eleitoral pela melhor política pelo país mas sim uma vigarice organizada, só possível porque chegámos a um ponto em que são os blogs e a iniciativa pessoal a substituir a comunicação social na verdadeira análise da mais crucial informação. Note-se que depois de criticado o PSD por enviar uma carta em inglês à troika, agora o Governo "esqueceu-se" de traduzir para Português o conteúdo integral do acordo destinado aos Portugueses. E quem quiser que o vá ler ao Aventar. Se não há aqui gente com comportamentos abaixo da decência mínima garantida, vou ali e venho já.
Então, mas o controlo é só no fim do trimestre que vem...
ResponderEliminarO nome técnico não é "trapalhada", é burla.
ResponderEliminarEstou com o Tonibler, já não é aceitável que esta maralha ande por aí à solta.
Caro Flash Gordo,
ResponderEliminarDe acordo no geral com o que refere:estamos efectivamente mergulhados na mais completa falta de rigor, de verdade e de responsabilidade de que há memória em matéria de gestão das finanças públicas e de divulgação de informação sobre as mesmas - chamara isto trafulhice é pois adequado.
É uma manipulação descarada e indecente da informação que conta, obviamente, com uma complacência (mercantil, é certo) da generalidade dos órgãos de comunicação que já causa enjoo!
Caro Tonibler,
Exacto, e por isso é que eu digo que vai sobrar tudo para o próximo governo, nomeadamente desfazer esta mascarada das contas!
Caro AF,
De facto, DSK por exemplo já passou as passas do Algarve por muito menos...