Por vezes interrogo-me se o problema não está naqueles que estranham o dia-a-dia deste País. Se calhar tudo se pauta por uma imaculada racionalidade e são alguns de nós quem não enxerga bem...
Vem isto a propósito do anúncio pelo sr. PM das medidas que não constarão do acordo, e de algumas reações de dirigentes partidários e comentadores alinhados, a esse anúncio e à iminência da sua assinatura. Estava convencido que a barganha a propósito do PEC se esgotaria no preciso momento em que as negociações com a chamada troika fossem fechadas e se passasse à fase compromissória, sabendo-se, como se sabe, que independentemente da forma, governo, PSD e CDS têm de garantir a quem nos empresta que as condições do empréstimo serão respeitadas seja quem for que venha a constituir governo após 5 de Junho. Correspondendo, aliás, ao apelo do PR e dos antigos chefes do estado bem explícito nas comemorações do 25 de Abril, pensava que a mensagem dos partidos à beira da assinatura do acordo, passaria a ser outra: consenso necessário para a salvação das finanças públicas (e já, agora, para prevenir gripes no sector financeiro fora do círculo estadual, com grande potencial de contágio...); dissenso quanto ao modo como vamos aproveitar estas condições para promover o crescimento económico, antes que se esvazie, de novo, mais esta garrafa de oxigénio.
O que ontem ouvi foi, estanhamente - ou não! - o contrário disto. Nas TVs desfilaram, de um lado e do outro, dirigentes com uma só preocupação: o de transmitirem que o mérito pelos resultados (áquela hora ainda parcialmente desconhecidos) é deles e não dos adversários! E nem uma palavra no sentido de unir os portugueses no essencial, na necessidade de encontrar denominadores comuns indispensáveis às reformas que se dirijam às estruturas política, económica e social do País.
Alguns dos que conhecemos pessoalmente ligados às máquinas dos partidos (não no sentido vital...), mas muito conscientes da situação, vão-nos dizendo que depois das eleições virá a mensagem; virá o apelo que agora falta para os indispensáveis consensos, porque a campanha eleitoral é o momento para o ajuste de contas, para cavar as diferenças de modo a que os eleitores percebam que caminhos distintos se propõem percorrer os partidos se chamados ao poder.
Oxalá as diferenças não estejam a ser cavadas tão fundas que venhamos mais tarde a concluir tristemente que quem as cava afinal demonstra vocação só para essa actividade...
O país estava a descansar do trabalho e a preparar-se para o trabalho de hoje, caro JMFA. Aquela gente é o estado, com os quais o país não está minimamente interessado em unir-se. E vamos ver que aumentos de impostos vêm aí, para vermos se a desunião vai dar em asneira ou não.
ResponderEliminarCaro Drº Ferreira de Almeida:
ResponderEliminarSerei eu a imaginar coisas ou a troika está a fazer o melhor trabalho dos últimos anos!?...
As derrotas de Sócrates:
ResponderEliminar1)O comprovativo que Sócrates continua a apostar no virtual e no marketing. O facto de ter falado das “medidas que podiam ter sido e não foram” ao invés de ter enfrentado as “medidas que terão sido”.
2)A queda do governo e o chumbo do PEC 4 foram vitais para a sobrevivência do país à rotura. Assim, poderemos gerir a bancarrota, a partir da almofada de 78 milhões que não teria vindo, por opção de Sócrates. Ele sempre lutou contra a “Ajuda Externa”.
3)O PSD era o culpado por ser ter de recorrer à Ajuda Externa. Agora, que se confirma que este era o caminho certo, o PSD passará de culpado a o quê?
4)O PEC4 era suficiente para os 4,6%. Afinal, agora, verifica-se que será necessário um PEC4 reforçado e, mesmo assim, teremos 5,9%. Ora, confirma-se, desta forma, que se não fosse chumbado, teríamos um PEC 5, um PEC 6, sabe-se lá mais o quê…
5)Sócrates tentará dizer que o PEC4 é que era bom e que a negociação actual o confirma. Mas há uma grande diferença: o PEC 4 não incluía 78 mil milhões para evitar a rotura…
6)A Ajuda Externa foi o elemento determinante para o alívio dos prazos de cumprimento do défice. Obrigado troika, obrigado PSD que lutou pelo recurso a este mecanismo. Pois Sócrates, só, como queria ficar, teria que gerir os 4,6%. Apesar de só acreditar nesse valor, a malta de Matosinhos…
E, a cereja em cima do bolo: com a “almofada” de 78 mil milhões, acrescidas das mudanças estruturais que serão hoje divulgadas, estaremos em condições de iniciar a Mudança necessária. Mas, uma coisa é certa: não se faz a mudança, com as mesmas “moscas”
http://notaslivres.blogspot.com/2011/05/mais-uma-vitoria-marqueteira-de.html
Meu caro Tonibler, é exactamente por isso, por não se perceber que o que não está ainda destapado vai exigir consenso, que estranho esta forma de agir. Ou julgam que a classe média não vai perceber que ficará na mesma sem o 13º mês, mas pela via do agravamento fiscal?
ResponderEliminarMeu caro Miguel, o que sinto é que há uma parte que só a troika pode fazer, que é obrigar à redução da despesa pública. Estava à vista a nossa incapacidade para o fazer. Não fará por nós outra parte, e essa é essencial: não tomará as medidas indispensáveis a por a economia a crescer, unico caminho para nos tirar do buraco que obviamente não desaparece com este acordo.
Completamente de acordo consigo, caro Drº Ferreira de Almeida...Mas já que este trabalho deveria ter sido feito pelo governo, há que valorizar quem agora o fez...
ResponderEliminarMeu caro Gonçalo, subscrevo o que escreve quanto a responsabilidades. Com palavras próximas dessas já aqui formulámos opinião sobre o papel do PS e do Engº Sócrates que, estou em crer, ficará mais claro com o passar do tempo e com o assentar da muita poeira que a intensa máquina de propaganda levanta.
ResponderEliminarTambém concordo consigo no elogio à pressão, designadamente do PSD, para que a verdade das contas e o realismo das soluções substituissem esta continuada política feita de ilusões que já nem os pavões de S. Bento, habituados a ouvir das boas, escutam sem sonoro protesto.
Todavia, neste momento, preocupa-me sobretudo o futuro do País. E inquieta-me certos comportamentos de agentes políticos de quem é de esperar outra elevação, outra qualidade de intervenção em assuntos que são de Estado e que não devem ser tratados como disputa de trofeus de caça.
Caro JM Ferreira de Almeida
ResponderEliminarExcelente o post como excelentes são os seus comentários.
Trata-se apenas duma garrafa de oxigénio em doente terminal.
E a classe média (se ela ainda existe) vai saber como foi...