segunda-feira, 2 de maio de 2011

Um programde de governo do tipo "porreiro pá"?

1.Tivemos na semana passada o anúncio de um programa de governo adiantado, segundo foi divulgado pela comunicação social, de forma a evitar o incómodo – ou mesmo o horror - de incorporar os dados fundamentais do acordo com os credores externos representados pela chamada “troika”.
2.Mais uma demonstração de “génio” político do grande líder que somou a essa fantástica fuga à realidade mais uma vantagem: ficar em posição de acusar os outros partidos - PSD em especial, claro está – de não terem ainda sido capazes de apresentar o seu programa...
3.É absolutamente extraordinária esta forma de fazer política, fugindo sistematicamente à realidade, neste caso iludindo uma realidade inescapável que vai condicionar, de forma decisiva, o conteúdo da acção governativa nos próximos anos...
4.Ser capaz de apresentar um programa de governo que consegue omitir – por antecipação providencial - aquilo que vão ser as linhas mestras de toda a política financeira, económica e social dos próximos, é de facto manifestação de génio político no mais alto grau...
5.Curiosamente o programa parece ter por lema “Defender Portugal” – supõe-se pois que se trata de defender Portugal das imposições dos credores externos, antecipando-se às exigências destes...
6....Porventura remetendo o teor dessas exigências para uma ADENDA ao programa que nem será objecto de qualquer anúncio...evitando assim manchar a pureza do documento e por em questão o virtuosismo e os propósitos de “bom-governo”que o inspiram...
7.Assim se faz política em Portugal, numa época de crise extrema e duradoura, quando se tornava indispensável e inadiável encarar a realidade de frente, falar verdade, assumir responsabilidades, ser capaz de reconhecer os (enormes) erros cometidos e corrigir o percurso...
8.Temos pois um verdadeiro programa de governo do tipo “porreiro pá”, que até foi bem acolhido pela comunicação social em geral, que o apresentou e comentou pelo seu valor facial, sem qualquer desconto...
9. Ao ponto a que chegamos...

11 comentários:

  1. As eleições a 5 de Junho devem ser transformada num referendo simples:
    Ou querem repetir a dose ou querem outra coisa.
    Repetir a dose é manter o PS e votar nele. Aguentar com os PECs e medidas do FMI e, depois, continuar a fazer o mesmo até voltarmos outra vez (pela 3ª vez) ao pântano a que nos conduzem, sempre, as cigarras socialistas.
    A outra opção é... outra qualquer.
    Que terá que conviver com a herança Sócrates (por alguns anos) e potenciar uma mudança que possa conduzir ao regresso do crescimento.
    E nesse "referendo" terá que ficar claro que, abster-se, não é solução. Pois o "tanto faz" deve ficar ligado a que serve Sócrates.
    Daí a evidente posição de muitos a tentarem argumentar que Passos é igual a Sócrates pelo que, sendo assim, deve ficar o que tem mais experiência...
    Tretas da máquina socialista. à procura da abstenção (que joga para eles).

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  2. Sr. Doutor Tavares Moreira,
    penso que os portugueses dariam tudo isso de barato, se, ao olharem para o panorama político, conseguissem vislumbrar um ponto luminoso, capaz de lhes transmitir alguma segurança.
    Mas, ou porque a visão dos portugueses já se encontra inteiramente corrompida, ou porque as fantasias demagógicas, ainda colhem... os actores, continuam a representar, inteiramente de improviso...

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  3. Caro Tavares Moreira
    Aproveito para lhe felicitar pela prestação no "Cor do dinheiro" de ontem.
    Sobre o seu post apenas duas considerações para "lembrar" algumas omissões sobre esta crise e que, passada esta, devem ser objecto de reflexão.
    Acompanhando na análise da política do actual governo não devemos deixar de nos interrogar sobre a qualidade do ensino nacional.
    O Actual PM apesar de ter criado as bases da sua formação no anterior regime, formou-se já na vigência deste sistema e da filosofia laxista reinante.
    A desfocagem da realidade e a crença em construções mentais sem qualquer aderência com a realidade é a consequência de um sistema de ensino de base marxista mal aprendido e sustentado na pouca exigência.
    O actual PM tem seguidores porque, uma parte importante do eleitorado foi educado neste sistema de ensino pouco exigente e de raiz marxista.
    Elimina a responsabilidade do governo, não mas permite explicar muita coisa e tnata adesão.
    Se pretendemos mudar, o ensino a par com a reforma do aparelho judiciário é um desígnio nacional.
    Cumprimentos
    João

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  4. Pois é, caro Tavares Moreira: o PS apresenta o seu Programa liofilizado e quimicamente puro. Esse é o Programa de Sócrates e do PS. Outra medidas, são as do FMI, do BCE, ou da CE. Sócrates e o PS nada têm a ver com elas. Não estão no seu Programa.
    Modo primário de enganar tansos. Que haverá, mas cada vez menos. Penso eu de que...

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  5. A mim prometeram-me um programa feito pelo FMI!!!

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  6. Caro Gonçalo,

    Lapidar o seu comentário: querem mais do mesmo, conscientemente, votem no incumbente!
    Mas não votem nele na convicção de que algo vai mudar; nesse aspecto ele não deixa dúvidas - prosseguirá, com afinco, determinação e clarividência, o percurso até agora traçado e que tantos benefícios nos trouxe!

    Caro Bartolomeu,

    Descortinar um ponto luminoso, no actual panorama político, económico e social em Portugal...humm...só se for mesmo o famoso projecto de aproveitamento da energia das ondas, a norte da Póvoa de Varzim, que tão grandes benefícios trouxe para os cardumes que habitam aquelas águas...

    Caro João,

    Agradeço o amável cumprimento quanto ao programa na RTP-N, do Camilo Lourenço...
    Relativamente ao seu ponto, admito que tenha razão e que se tenha espalhado pelo País um razoável exército de criaturas formadas na decadência do ensino oficial, por isso apreciam e apoiam tudo o que lhes apareça com sinais de decadência...

    Caro Pinho Cardão,

    Tansos haverá sempre e em número bem abonado, até porque a política governamental tem laborado intensamente no sentido de estimular o desenvolvimento desse modelo antropológico!
    Admito, por este andar, que um programa de desratização do tipo Bayer venha a tornar-se uma necessidade básica.

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  7. Caro Bartolomeu,

    No nosso caso, a luz ao fundo do túnel é o expresso de mercadorias de alta tonelagem que vem em direcção a nós, a alta velocidade. Ou seria um TGV?

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  8. Quando o caríssimo Dr. T. Moreira refere as ondas de Póvoa de Varzim, oiço imediatamente uma vozinha sussurrar-me ao ouvido «barões... barões... barões» e logo em seguida, não consigo evitar rememorizar os versos do 1º canto dos Lusiadas:

    As armas e os Barões assinalados
    Que da Ocidental praia Lusitana
    Por mares nunca de antes navegados
    Passaram ainda além da Taprobana,
    Em perigos e guerras esforçados
    Mais do que prometia a força humana,
    E entre gente remota edificaram
    Novo Reino, que tanto sublimaram;

    E também as memórias gloriosas
    Daqueles Reis que foram dilatando
    A Fé, o Império, e as terras viciosas
    De África e de Ásia andaram devastando,
    E aqueles que por obras valerosas
    Se vão da lei da Morte libertando,
    Cantando espalharei por toda parte,
    Se a tanto me ajudar o engenho e arte.

    Cessem do sábio Grego e do Troiano
    As navegações grandes que fizeram;
    Cale-se de Alexandro e de Trajano
    A fama das vitórias que tiveram;
    Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
    A quem Neptuno e Marte obedeceram.
    Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
    Que outro valor mais alto se alevanta.

    E vós, Tágides minhas, pois criado
    Tendes em mi um novo engenho ardente,
    Se sempre em verso humilde celebrado
    Foi de mi vosso rio alegremente,
    Dai-me agora um som alto e sublimado,
    Um estilo grandíloco e corrente,
    Por que de vossas águas Febo ordene
    Que não tenham enveja às de Hipocrene.

    À partida, poderíamos pensar que de todo o poema, a parte a reter deveria ser;
    «E aqueles que por obras valerosas
    Se vão da lei da Morte libertando,
    Cantando espalharei por toda parte,
    Se a tanto me ajudar o engenho e arte.»
    Mas não... aquela que realmente me martela incessantemente o espírito, é aquela que canta as nínfas do Tejo;
    «E vós, Tágides minhas, pois criado
    Tendes em mi um novo engenho ardente»
    Vá-se lá entender porquê...
    ;)

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  9. Caro AF, palpita-me que vêem aí muitos comboios em alta velocidade, com vontade de trocidar portugal e os portugueses, e que muita gente, continua de braços cruzados no meio da linha, apáticas, sem reação para se desviar, sem capacidade para provocar um descarrilamento a meio do percurso.
    Espalhados pelas estações e apeadeiros, está o AF, estou eu e mais uma multidão que assiste aos atropelamentos e pensa se antes de morrer de velhice, se antes de os seus filhos morrerem de velhice, se encontrará a forma de fazer parar os comboios.

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  10. Este comentário foi removido pelo autor.

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  11. Caro Bartolomeu,

    Claro que tem toda a razão..."pois criado tendes em mim um novo engenho ardente..." vem inteiramente a propósito do "aproveitamento" da energia das ondas - onde ardeu o dinheiro investido, juntamente com o engenho montado em pleno mar...
    E ninguém presta contas, com mais uns milhões deitados à rua!

    Caro Paulo,

    Boa observação, é isso mesmo, as iombecilidades sejam sociais ou políticas têm tratamento preferencial...o mais curioso é depois ver os populares inconformados a queixarem-se de outrem que não de si próprios!

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