1.Está a cair o pano sobre a história trágico-financeira-política do BPN: a confirmar-se em definitivo a venda ao Banco Internacional de Crédito – BIC, o nome BPN deixará de existir, ainda este ano provavelmente...
2.Acabará o nome BPN mas não se extinguirão as sequelas de um caso que tem dado muito que falar e que impõe ao Estado português uma pesada factura: € 2,4 mil milhões até agora;até 2020 uma factura adicional, ainda não se sabe ao certo de quanto, mas pode bem ser OUTRO TANTO...
3.É este o resultado de uma história bancária quase "louca" que, na sua fase terminal, incluiu uma nacionalização feita a correr, relativamente à qual o próprio Presidente da República exprimiu dúvidas quando questionado sobre o assunto durante a última campanha eleitoral.
4.Li muito recentemente um livro da autoria do Professor Doutor João Carvalho das Neves e do Dr. Manuel Meira Fernandes, que foram membros da equipa, liderada pelo Dr. Miguel Cadilhe, que dirigiu o BPN após a queda da equipa de gestão original, livro esse intitulado “BPN – Estado a mais, supervisão a menos”.
5.Nesse livro, os Autores,respeitados economistas financeiros, não poupam críticas à forma como foi decidida a nacionalização do BPN, uma opção do executivo Rosa que, aconselhado pelo BdeP, rejeitou um Plano de recapitalização e de recuperação e saneamento do BPN apresentada por Miguel Cadilhe e pela sua equipa.
6.Honestamente não é possível afirmar hoje categoricamente (e nunca mais será) que o Plano Cadilhe – BPN 23X08 de seu nome – iria resolver em definitivo os graves problemas com que o BPN se defrontava: podia ser que SIM, podia ser que NÃO.
7.Mas aquilo que sabemos é que esse plano implicava uma comparticipação do Estado na recapitalização do BPN no montante de € 600 milhões – e a título reembolsável, note-se - a que acrescia uma componente privada de € 300 milhões...
8.E também sabemos que o Ministro das Finanças à época (F.T.S.) rejeitou essa proposta “...porque não podia aceitar que fossem os contribuintes portugueses a pagar as perdas ou a suportar grande parte das perdas”... Custa a acreditar, mas ficou gravado!!...
9.E mais sabemos que a equipa de Cadilhe era composta por profissionais de elevada competência e seriedade, que certamente iriam colocar todo o seu empenho profissional na resolução dos problemas do banco...
10.E ainda sabemos que o Estado já sacrificou € 2,4 mil milhões mas será responsável pelos encargos com o despedimento de cerca de 800 funcionários e, bem mais importante, pelo pagamento de uma dívida de € 3,9 mil milhões que os 3 VEÍCULOS criados para transferir os “activos tóxicos” do BPN tiveram que emitir e cujo credor é a CGD...
11.Se e na medida em que os ditos VEÍCULOS não conseguirem realizar os activos que receberam para pagar a totalidade dessa dívida – acontecimento praticamente certo – o Estado terá que arcar com a parte restante...
12.Assim, a factura final poderá chegar a € 3 ou 4 mil milhões, ou talvez ainda mais - só em 2020, altura em que essa dívida se vence, se poderá ter uma ideia exacta...
13.Um OSSO mesmo muito duro de roer, este BPN...para nós contribuintes, claro!!
Caro Dr. Tavares Moreira;
ResponderEliminarSe o problema se resumisse a UM osso, mesmo duro que fosse... o pior é que aquilo é muito mais, é um esqueleto inteiro, de dinossauro. Tem para ali ossos que nem com uma dentadura de aço se conseguirão roer. A começar pelos ossos da coluna vertebral, os activos tóxicos, que na sua maioria, desconfio bem, nunca serão cobrados aos devedores. E as 800 costelas, que ou muito me engano, ou irão ser um encargo para o Estado, até à posteridade.
Ficam ainda uns fémures, uns cúbitos e uma loooonga cauda, para a CGD se entreter.
Entretanto, a Sô Dona Zabele fica ali com um banco prontinho a funcionar, por tuta-e-meia.
Xiça! Ha descolonizações que custam caro pa caramba!
Caro Bartolomeu,
ResponderEliminarPor alguma razão escrevi OSSO e não osso!...
É sempre muito incómodo quando o regulador do sistema bancário não percebe nada de banca. Juntando a isso um ministério das finanças que não percebe nada de finanças e está montado um cenário de catástrofe onde dinheiro não deveria entrar. "Mandam putos às compras..."
ResponderEliminarComo ressalva, a equipa do Miguel Cadilhe também não era exactamente um dream team em termos bancários, mas pelo menos levavam o apoio dos accionistas da altura.
Há uma citação, atribuida a Robert Heinlein, que diz Never attribute to malice that which can be adequately explained by stupidity, but don't rule out malice.
ResponderEliminarNeste, como noutros casos semelhantes, acho particularmente relevante a parte final.
Suspeito que este OSSO ainda vai ter muito para roer(mos)...
ResponderEliminarSó não percebo porque foi vendido por 40.000 milhões se havia quem oferecesse 100.000 milhões???
ResponderEliminarCaro Tonibler,
ResponderEliminarEu não disse que a equipa de Cadilhe era um "dream team"...disse simplesmente que era "composta por profissionais de elevada competência e seriedade" - acha que não?
Dream team seria talvez aquele que, segundo consta, assistiu ao BPN show "asleep"...
Caro AF,
Muito bem observado, sim senhor!
Caro F. Almeida,
Muitas indigestões já causou e, pelo andar da carruagem, muitas mais ainda vai causar...
Caro sepol,
Esse é um tema que poderá ser comentado por quem conheça as propostas em detalhe, não é o meu caso...
Não conhecendo as propostas todas em detalhe, acho que as razões de se ter assinado com uma proposta de 40 milhões quando havia uma de 100 milhões se prende com os 4.5 mil milhões em depósitos que a Caixa Geral de Depósitos lá tem enterrados. E dificilmente se consegue ultrapassar o facto do BIC ter accionistas com dinheiro e licença bancária própria, coisa que nenhuma das outras propostas tinha. Se o BIC tivesse oferecido 3 euros, acho que a proposta ganhava na mesma.
ResponderEliminarCaro Tavares Moreira,
A administração que a CGD lá meteu é uma administração com provas dadas. Conseguiu em 3 anos perder 10x mais dinheiro que a anterior conseguiu roubar em 15 anos. Se há algo de positivo que o Bandeira trouxe ao país foi uma palavra final sobre a capacidade do estado gerir bancos.
Eu estava a falar ao nível da 1ª divisão, não estava jogar ao nível dos distritais...
Curta mas incisiva a entrevista de Cadilhe ao DE sobre o tema - http://economico.sapo.pt/noticias/cadilhe-diz-que-estado-nao-encontrou-solucao-nenhuma_123867.html
ResponderEliminarCaro Dr. José Mário, na notícia que "linca" pode ler-se «Em declarações por e-mail ao Diário Económico defende que o BIC fez um bom negócio e que este desfecho só "reforça estrondosamente a evidência do erro que tentei evitar em 2008".»
ResponderEliminarCaramba, mas este país esteve a ser governado por malucos, só por incompetentes, ou também por corruptos?!
É que parece chegar-se com facilidade á última hipotese, o que nos obriga a exigir que sejam encontrados culpados e que os mesmos sejam julgados e condenados.
Como dizia o Mazarino ao Colbert; o Estado nã pode ser mandado para a prisão, mas os culpados não são Estado, são simples mortais. É que Estado, é um todo.
Ou estão com medo que os culpados voltem a estar no governo e se venha a dar uma caça às bruxas?!
Se assim fôr, mais um motivo para os pendurar, uma vez que já se encarregaram de nos pendurar a todos, por várias décadas.
Caro Tonibler,
ResponderEliminarEntão o Momtepio Geral/Cx Económica de Lisboa não tem licença bancária? E não tem accionistas com dnheiro, pelo menos UM?
E até beneficia de isenção total de IRC desde 1997 - que ninguém contesta, já reparou?
Provavelmente apanha-o de surpresa...
Com dinheiro para fazer crescer um banco da ruína completa até conseguir devolver a liquidez da CGD? Eu não conheço a proposta do Montepio, mas não seria a escolha que faria.
ResponderEliminarNão fazia ideia que o Montepio não pagava IRC mas faz sentido porque não está ao serviço do grande capital e dos especuladores da economia de casino. É mais uma daquelas à portuguesa...
Como ainda anda aí o espólio do comendador para ser discutido, acredito que o Montepio se esteja a guardar para essa altura.
Quando, é que os responsáveis, por este "osso"comparecem na justiça, por gestão danosa e delapidação de bens públicos, e serem exemplarmente, punidos, não esquecendo, claro, o outro mocinho de recados, que já está fora, o vitinho.
ResponderEliminarOu será, que os aventais, continuam a tapar....
Caro Tonibler,
ResponderEliminarO espólio do Comendador? Que espólio e que Comendador?
Com essa é que o Senhor me deixa baralhado...
Será outro OSSO para roermos? Isto nunca mais acaba?
Caro José Domingos,
Esse/s avental/ais a que se refere deve/m possuir uma poderosa blindagem, imagino...
A intervenção do Estado no BPN foi um crime económico a juntar ao que levou à crise em que caiu.
ResponderEliminarUns, mais tarde ou mais cedo, irão ser julgados em Tribunal e responderão pelo que fizeram. Outros, até são alvo de encómios diários. E até apresentados como reserva moral do governo de Sócrates.
As decisões políticas, por mais ruinosas que sejam, nunca são punidas.
Pois é, caro Pinho Cardão. E depois queixam-se que digam que são todos ladrões...
ResponderEliminarCaro Tavares Moreira, há mais bancos à espera de ser comprados mais apetitosos que o BPN (ok, esta não ajuda nada...:) ). Espero que não com o meu dinheiro, desta vez...
Caro Pinho Cardão
ResponderEliminarNão é de excluir que a nacionalização do BPN tenha obedecido a objectivos políticos (de baixa política, entenda-se) bem definidos.
Quando nos lembramos do modo como o BPN funcionou durante a última campanha eleitoral para a presidencia da república, transformado em verdadeira Catapulta de arremesso de projecteis sobre um determinado candidato,e fornecendo metralha, em regime quase contínuo, a outros candidatos para poderem molestar o primeiro...
...É muito grande a tentação de pensar que assim foi!
Mas, se assim foi, as pedras lançadas por essa Catapulta deverão estar contabilizadas por centenas de milhres de Euros cada uma...e nós é que pagamos...
Desde pequenino que sempre gostei de ossos na sopa, e de os roer, mas caramba sempre traziam um poucochinho de carne agarrada. Os senhores que nos "atiraram" este osso "ressequido" deviam ir bater com os ossos (os deles é claro) à prisão, e o carcereiro devia atirar com a chave para as fundações de uma dessas autoestradas,pontes, aeroportos, rotundas, que para aí andam a construir. Meus amigos, por muito que nos custe isto já só lá vai quando forem dadas umas bofetadas, mesmo.
ResponderEliminarPois é, caro Tronco, pois é, até pode ser que tenha razão,mas sabe que até as bofetadas forma banidas...das escolas, pelo menos.
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