sábado, 20 de agosto de 2011

A liberdade deles

Eles são pelo casamento gay, pela adopção de crianças por homossexuais, pela eutanásia, pelas barrigas de aluguer. E manifestam publicamente esse direito.

Eles são pelo direito de ocupar ruas e praças durante dias e semanas, fazendo propriedade sua do que a todos pertence. Eles são os indignados a quem a sociedade tudo deve. E a quem se arrogam o direito de tudo exigir. E exibem publicamente esse direito, tornando-o matéria de facto.

Eles são pela sua total e plena liberdade, sem peias, nem entraves, nem princípios de qualquer ordem. E combatem na rua quem não a reconheça, cidadãos ou autoridade legítima.
Mas eles não reconhecem aos outros o simples gesto de se manifestarem por aquilo que defendem. E, no caso presente, de festejarem a visita do Papa a Madrid.
Eles têm o exclusivo das liberdades. Exclusivismo tal que os governos se vêem obrigados a justificar a actuação das forças policiais. Como se a sua obrigação não fosse a de reprimir quem atenta contra a lei. Mas eles já conquistaram também esse direito de não serem incomodados. A sociedade que aguente. Até um dia...

13 comentários:

  1. "eles" precisavam duma massagem com pedra pomes,seguida duma fricção com àguarraz !!
    É que já não há paciência...

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  2. Chamam-se "direitos fundamentais", caro Pinho Cardão. Sim, os estados têm que se justificar. E os estados violam a lei, como acontece, por exemplo, com o estado português e o estado espanhol quando recebem um chefe de uma igreja católica e beneficiam os seus crentes a custas dos outros cidadãos. E para isso, existe o direito à indignação, há povos que há décadas que lutam contra ditaduras totalitárias outros há séculos contra ditaduras religiosas.

    Isto só para dizer que o facto de haver quem se manifeste no mesmo sítio não implica que as causas sejam as mesmas. E não, o estado não tem razão por defeito. Pelo menos nas democracias civilizadas que aparentemente as do sul da Europa não são.

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  3. Caro Tonibler:
    A Espanha é uma democracia, há separação da Igreja do Estado, não há qualquer ditadura religiosa, a maioria dos espanhóis confessa-se católica e certamente paga impostos, gosta de receber o Papa, e este é também um Chefe de Estado.
    Admirável é também que um espectáculo em Madrid ou em Lisboa com um artista estrangeiro pago pelo Ayuntamiento ou pela Câmara para as festas da cidade e, assim, pelos impostos de todos, mas que beneficia apenas alguns, não suscite manifestações de protestos pelo dinheiro gasto. Ou que uma visita oficial de um ditador ou a um ditador, com as inerentes despesas, também não as cause. Ou uma manifestação desportiva, género Campeonato da Europa de qualquer modalidade, paga também pelos adeptos contribuintes que não gostam dela. Aliás, aí até se enfatiza a bondade do investimento em termos das receitas turísticas que gera.
    Assim, se o meu amigo vai por esse caminho dos custos, argumento débil, dir-lhe-ei que a actividade económica gerada pelo acontecimento (deslocação a Madrid de milhares de pessoas e o consumo que fazem), mais do que compensa os custos do evento.

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  5. Caro amigo Pinho Cardão

    Todos têm direito a se manifestar. Os jovens católicos têm a "obrigação" imposta pelas suas crenças e obediência ao Papa a fazer o que estão a fazer. Não discuto isso, nem poderia fazer tal coisa. O que eu não posso aprovar são os seus argumentos de que "Eles são pelo casamento gay, pela adopção de crianças por homossexuais, pela eutanásia, pelas barrigas de aluguer. E manifestam publicamente esse direito." Pinho Cardão, eles têm esse direito, e muitos que não andam em manifestações dos indignados, partilham e defendem esses princípios e não são por isso "menores", mais incapazes do que os outros ou menos respeitadores, também podem ser humanistas e defensores dos seres humanos. Olhe, veja o meu caso, sou pelo casamento gay, não me perturba a adoção de crianças pelos homossexuais, compreendo o significado da "eutanásia" (está propositadamente entre aspas, por causa da sua ampltude e complexidade) e defendo, em certas circunstâncias, a maternidade de substituição. E, no entanto, nunca seria capaz de "perseguir", de insultar, humilhar e faltar ao respeito a quem demonstre fé e devoção religiosa, pelo contrário, respeito-os. Por isso, penso que não se pode nem se deve entrar por esta via de dicotomização. É preciso compreender a sociedade e tentar obter um equilíbrio saudável entre todos os intervenientes. Poderá dizer: - É impossível! Pois bem, digo-lhe que não é, porque conheço muitas pessoas que pensam desta maneira, até católicos, mas que dá trabalho e exige muita reflexão não tenho dúvidas.

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  6. Caro Pinho Cardão,

    A tolerância de ponto dada em Portugal ou a redução nos transportes dada em Espanha são uma violação clara e sem desculpa dos direitos fundamentais dos cidadãos que não são católicos. Isto não tem volta a dar-lhe. Ninguém retira o direito à fé a ninguém, mas não me obriguem a pagar a vossa fé. Num país civilizado onde os direitos fundamentais são importantes isto não se passa e só o rei de Espanha é que pode pensar que é Papa vai lá 3 vezes porque o país dele é especial...:))
    É especial porque as pessoas são espezinhadas e quando se indignam são corridas à bastonada (é verdade que não as queimaram, conceda-se nisso, e deve ser por isso que acham que a Espanha está mais moderna...)

    Os espectáculos desportivos não violam a constituição, nem de um, nem de outro país. Que são claríssimas naquilo a que benefícios ou prejuízos em função da religião diz respeito. Claríssimas. Não é por serem violadas pelo rei ou pelo PR que deixam de ser violadas, apenas dão mais razão à indignação dos cidadãos oprimidos.
    E o mundo vai olhar para este episódio como aquilo que é - puro talibanismo.

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  7. Caro amigo Prof. Massano Cardoso:
    Não contesto por princípio, nem contestei no post o direito de que "Eles sejam pelo casamento gay, pela adopção de crianças por homossexuais, pela eutanásia, pelas barrigas de aluguer...".
    Têm o direito, ponto final e eu aceito.
    O que eu não aceito é que esses ou outros, quaisquer que sejam, impeçam ou procurem impedir outros de se manifestarem por quaisquer outras ideias, como crenças religiosas.
    O Prof. dá o seu exemplo pessoal e eu poderia dar o meu.
    E para que nenhuma dúvida surja, pois que cada qual se manifeste pelas suas ideias, tem esse direito. Mas direito esse que lhes dá o dever de deixar os outros manifestarem-se como e quando entendem. O direito não é só deles.
    Eu já me manifestei a favor de muitas causas, mas nunca tentei impedir que outros se manifestassem por causas contrárias. E nunca entrei em qualquer papal manifestação...

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  8. Anónimo00:19

    Caros amigos, o que se passou em Sol foi muito mais do que uma manifestação anti-Papa. Foi acosso puro e simples aos peregrinos que estavam na Puerta del Sol (como por todo o centro da cidade). Foi uma manifestação em contra da liberdade religiosa. Quase diria uma manifestação de gente sempre de mal com a vida contra a alegria que aqueles que vieram para ver o Papa e participar na JMJ 2011 estão a espalhar pela cidade. Deixo aqui um link com um relato em primeira mão do sucedido:

    http://elmundo.orbyt.es/2011/08/18/tu_mundo/1313695702.html

    Num forum onde escrevo, um dos foristas assistiu casualmente ao sucedido e o que relatou foi pelas mesmas linhas do descrito no link que deixo.

    Felizmente, ao fim de tantos meses de "indignados" aos guinchos, a cortar ruas (até a Gran Vía e o Paseo del Prado!) quando lhes apeteceu, incomodando meio mundo, interpondo-se na actuação legítima das autoridades (chegou-se ao cúmulo de impedirem que a Polícia detivesse um assaltante!) e mais desmandos sem fim a Polícia Nacional pôde tratar do assunto em boa ordem e devida regra. Tem chovido bastonada no lombo dessas incómodas criaturas. E, convenhamos: só se perdem as que caem no chão!

    Há origens mais remotas para o que está a suceder e a este afã anti-catolicismo não será alheio um certo ambiente de crispação gerado pelo actual governo (felizmente já pouco tempo lhe falta para ir embora) que reverteu totalmente o espírito de reconciliação e convivencia iniciado por Sua Majestade El-Rei Don Juan Carlos I nos idos de 1975 logo após a morte do Generalissimo, mantido ao longo de toda a transição política do Reino e por todos os governos desde então. Até ao actual que optou por uma absurda atitude muito a destempo de crispação e vingança dos vencedores da guerra civil.

    Um último parágrafo apenas sobre os indignados e o movimento #15M. Não por acaso, há umas duas semanas um dos organizadores originais do #15M veio demarcar-se da fantochada em que aquela coisa se transformou.

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  9. Caro Zuricher,

    A indignação é lícita em primeiro instante. Há direitos humanos a respeitar e o direito a não ver a suas opções religiosas conspurcadas pelo estado é um direito fundamental de qualquer ser humano. Eu não me importo que encham o Monumental, o Restelo, o que quer que queiram encher. Estou-me nas tintas que sejam 3 milhões, 4 milhões, 9 999 999 milhões. Eu não ofendo a religião de ninguém, não ofendam a minha dizendo que é inferior perante o estado que é tão meu como vosso. As pessoas indignaram-se por o estado violar os seus direitos fundamentais e têm esse direito inalienável.

    Honestamente, isto é tão básico que me sinto a ofender as pessoas por algo que é de base civilizacional. "Madrid estava colorida e peregrina"? Tenham dó de mim....

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  10. Anónimo02:45

    Caro Tonibler, as pessoas podem plenamente manifestar-se pelo que quiserem. Não podem agredir os demais. E o que se passou em Sol foi agressão pura e simples aos que estavam na praça e, na maioria dos casos sem perceberem sequer o que estava a acontecer, de repente viram-se increpados nos termos que o link que deixei descreve. Uma coisa interessante ali relatada, entre os muitos insultos, agressões e despreparos dos manifestantes, uma das com que increpavam quem estava na praça era "Os vamos a quemar como en el 36". Pois... Não se esqueçam que em 36 e até 39, onde puderam, ao longo de 3 anos, realmente queimaram igrejas e assassinaram padres, freiras, seminaristas e frades. Mas de 1939 até 1975, ao longo de 36 anos, não foram igrejas, padres, freiras, seminaristas e frades quem ardeu.

    Originalmente a manifestação esteve para não ser autorizada por aquele percurso. Infelizmente entretanto foi-o, enfim.

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  11. Não é isso que mostram as videos que correm o mundo no youtube, caro Zuricher e que revelam o regime taliban que governa a Espanha. Uma vergonha para um país inteiro, não admira que as nações se queiram separar. Em Zurich isto não se passava de certeza, nunca o estado pagaria fretes religiosos ao papa.

    Portanto estamos a falar de uma manifestação autorizada de gente menorizada e oprimida por um estado taliban e estamos a condenar aqueles que se indignaram ao ler relatos ao estilo norte-coreano de uma "Madrid colorida e peregrina" porque alegadamente "agrediram" os peregrinos?? Não tenho a menor dúvida e a história diz-nos tudo. Os católicos como sempre consideram insulto tudo aquilo que seja diferente da maneira deles pensarem. Eu nem sabia que a manifestação tinha sido autorizada, agora é que tenho a certeza de quem foi a culpa. Uma manifestação autorizada para um sítio e os peregrinos que lá passavam foram insultados?!?!? Só se lavarmos os últimos mil anos....

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  12. Há gente que simplesmente não tolera a felicidade dos outros. O que é bonito é andar sempre de trombas. Porque se é cornudo, porque o aborto pago e subsidiado pelo Estado correu mal, porque está a chegar de novo a escola e tem que esturrar 300€ em livros quando se podia ir a uma data de concertos. Enfim. Gaysices.

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