domingo, 21 de agosto de 2011

Por terras da Eslávia do Sul-Dubrovnik-o encanto absoluto-XIV



Dubrovnik, maravilha da realização humana, natureza e obra potenciadas ao grau mais elevado da beleza e da harmonia. Raras vezes, como aqui, o génio do homem soube elevar ao máximo a generosidade da natureza. A cidade é de um indescritível fascínio. Uma concha meia rodeada por mar e meia envolvida por altas colinas, tornou-se cidade fortificada no século X, rodeando-se de inexpugnáveis muralhas protectoras de ataques e saques, muros fortes mas de uma estética impressionante. Tal defesa permitiu-lhe o desenvolvimento como cidade comercial marítima. Constituída no século XII como cidade-estado, capital da República de Ragusa, se foi obrigada a manter laços feudais ao Reino da Hungria ou a Veneza até ao século XIV, a partir daí e até 1808 Dubrovnik governou-se a si própria como república totalmente independente. Tornou-se uma cidade próspera, com uma frota de centenas e centenas de navios que comerciavam por todo o mundo conhecido e semeou o seu pequeno território de uma monumentalidade românica, renascentista e barroca, espantosa pela quantidade e pela harmoniosa estética. Por isso, Dubrovnik é bem Património da Humanidade.
Dividida ao meio pela Placa ou Stradun, que liga as portas nascente e poente, esta virada ao mar, a cidade desenvolve-se em ruas paralelas rectilíneas sucessivamente construídas em patamares mais elevados das duas colinas. A Placa constitui o passeio público, sempre repleto de visitantes (chegam a estar atracados 12 paquetes simultaneamente), que passeiam ou procuram os cafés e restaurantes, os edifícios históricos e os monumentos, criando uma atmosfera que surpreende e atrai.
A cidade está extraordinariamente bem conservada, para o que contribui a sólida construção dos edifícios em pedra, numa sucessão em que nenhum destoa e todos se complementam.
Só um povo civilizado e culto poderia fazer uma cidade assim. Por exemplo, Ragusa foi o primeiro estado a abolir a escravatura, logo em 1418, séculos antes de Portugal, tido como pioneiro no desmantelamento dessa odiosa forma de exploração humana. Mas outros aspectos deste grau civilizacional serão tratados no próximo texto.

3 comentários:

  1. Caro Dr. Pinho Cardão
    E Dubrovnik sofreu em 1995 uma terrível destruição provocada pelos bombardeamentos militares da Sérvia depois de a Croácia ter declarado a sua independência da antiga República Federal da Jugoslávia. Com o fim da guerra, iniciou-se um grandioso projecto de reconstrução dirigido pelo governo croata e pela UNESCO que durou cerca de cinco anos. Dubrovnik tinha que ser reconstruída. É realmente uma jóia!
    Continuação de boa viagem.

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  2. De facto, 2000 bombas foram criminosamente lançadas sobre Dubrovnik. Felizmente que a solidadriedade internacional funcionou e fez-se a recuperação.

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  3. Uma verdadeira jóia, que o seu texto descreve com mestria em poucas linhas, ao mesmo tempo que deixa transparecer o quanto o impressionou. Muito bonito.

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