1.A expressão apresentada em título é atribuída a um político italiano, numa conversa recente, em Roma, com Martin Wolf, conhecido colunista do F. Times, que a cita num interessantíssimo artigo publicado na edição de hoje do jornal.
2.Agora, nem as válvulas de escape da desvalorização e da inflação, nem baixas taxas de juro - tudo isso foi substituído por altíssimas taxas de juro, austeridade atrás de austeridade, até que um dia possamos ver de novo taxas de juro baixas ou...regressar às válvulas de escape!
3.O político italiano citado por Wolf, lamentando-se perante tal cenário, já admitia como preferível voltar atrás se a alternativa tiver de ser continuar com a austeridade por mais...20 anos?...
4.Este é, finalmente, o resultado de uma doentia incapacidade para perceber o que significava a adopção de uma moeda única na qual participavam países economicamente (muito) mais fortes e habituados a um tipo de disciplina orçamental que, entre nós, só existiu durante a ditadura...e se é assim em Itália o que havemos nós de dizer?
5.Quando se assiste ao estrebuchar dos países altamente endividados da zona Euro, recordo-me de uma intervenção que fiz no plenário da AR por volta de 2003/2004 e na qual, mais uma vez, procurava chamar a atenção para os altíssimos riscos que o imparável endividamento do País nos fazia incorrer...
6...e de a determinada altura ser interrompido por um aparte do então deputado do PS (ex-PC) José Magalhães, bradando, em voz alta: “isto é um discurso do passado!”. Nunca mais me esqueci desse momento, registado nas actas das sessões, em que suspendi a intervenção por escassos segundos...e depois continuei, sem comentários e sorrindo com bonomia apesar da dimensão do dislate...
7.E também me recordo de em 1998 ter investido algumas poupanças em títulos do Tesouro português, emitidos nesse ano pelo prazo de 15 anos (vencimento em Setembro de 2013), vencendo um cupão de 5,45%.
8.Considerei uma óptima aplicação financeira uma vez que, com a certeza (então) da entrada no Euro, se iria valorizar muito provavelmente...
9.Tendo eu mantido esses títulos em carteira (ainda hoje os mantenho), assisti à sua valorização, cotando-se durante anos a fio acima do par – teria sido óptimo negócio tê-los vendido 5 ou 6 anos atrás...
10.Agora cotam-se muito abaixo do par, oferecendo, a quem os adquirir, uma rendibilidade (yield) superior a 12%, e confesso que começo a ter alguns receios de um “haircut-zito” até Setembro de 2013...se tiver que ser, espero que seja muito “zito” e pouco “hair-cut”...
11.Mas isto não será um discurso do passado? Ou será que o passado virou futuro?
Acho graça às válvulas... Como quem diz, "andamos aqui descansadamente a roubar o contribuinte e vêm agora estes marmelos lixar-nos a vida. E agora, temos que roubar carteiras à má fila?"
ResponderEliminarAgora, caro Tonibler
ResponderEliminarresta a uma grande parcela da população, empobrecer demoradamente.
Vale, que a corporacion politica-partidária, vai fazendo os possíveis pela sua sobrevivência.
E no meu círculo de amigos, a crença no mau funcionamento ou inutilidade da democracia lusitana.
Caro Dr Tavares Moreira,
na minha óptica, o deputado que refere, não teve a devida resposta: asno (em voz alta), a pedir pior.
Dada a origem do mesmo (PCP), merece agora o de autor de "crimes económicos" na 'boa' linguagem soviética.
Caro Tonibler,
ResponderEliminarÉ claro que as válvulas de escape nunca são uma solução óptima ou boa...mas permitem um escape, coisa que agora não temos, estamos unma ratoeira sem saída, ou pior temos a saída do empobrecimento contínuo, irreversível, com a natural excepção da classe política que sempre válvulas de escape para fazer pela vida (própria, não dos outros)...
Caro BMonteiro,
É bem capaz de ter razão, mas sabe que esse não é muito o meu estilo...tb percebi que estava ali a pregar para os peixinhos, de pouco ou nada adiantava aquele sermão...
Está certo, na minha opinião, quanto ao rumo do empobrecimento colectivo: não existe alternativa.
Mas convém sempre excepcionar os políticos...
Caro Tavares Moreira,
ResponderEliminarNão poderia ter saído melhor que de um político italiano :) que mais que os outros precisam de válvulas. Talvez o Wolf lhe devesse ter perguntado que válvulas julgava ele que os outros usavam. As válvulas servem para eternizar o roubo ao contribuinte, sem válvulas chega ao fim um dia e não morre ninguém por isso. Alguns ex-militantes comunistas poderão sofrer uma redução de polegadas no LCD, de volume na cilindrada do carro e uma piscina ou outra poderá ter que ser limpa pelo próprio (uma violência da exploração capitalista), mas não é morte d'homem.
Será um problema de falta de “válvulas” ou de excesso de despesa pública apoiada em impostos asfixiantes?
ResponderEliminarCom o despesismo que assistimos nos últimos anos, com a ineficiência do estado social que gasta 100€ para fazer chegar 1€ a quem necessita, com os muitos milhares de empregos não produtivos proporcionados pelo Estado, aumentos na Função Pública apenas por uma questão de tradição e sem qualquer relação com produtividade. Uma Justiça que gasta dinheiro e não funciona. Um Ministério da Educação que não fez mais do que pagar a professores para ocuparem o tempo dos alunos, etc, etc, etc. Acha que é o Euro o culpado?
Acho que não. Os culpados somos nós todos que deixámos que um grupo de loucos gastassem o que tínhamos, e o que esperavam que viéssemos a ter.
Até este governo que ganhou as eleições com um programa de corte na despesa, está a fraquejar e refugia-se nos impostos. Resta-nos a esperança na Troika para não os deixar descambar, mas é muito triste.
Acho que estamos exactamente no caminho da Grécia, talvez a uma velocidade menor, mas exactamente no mesmo caminho.
E a moeda única não tem nada a ver com isto.
Aproxima-se o "dia-do-bacalhau-islandês".
ResponderEliminarGostaria que os caros Amigos, confirmassem a deslocação ao "santuário".
Caro Tonibler,
ResponderEliminarUma das valvulas tem pelo menos a virtude de operar uma redistribuição de recursos a favor das empresas que mais merecem, por serem eficientes e conseguirem competir nos mercados externos...
Não é que não tenha razão no que diz, mas devemos não omitir estes outros aspectos...
Caro Fean,
Respondendo à sua primeira questão, direi que são as duas coisas...
Quanto ao resto, estamos genericamente de acordo.
Caro Bartolomeu,
Pela minha parte, estou em guarda, preparado para todas as eventualidades e creio que o nosso estimadíssimo Pinho Cradão também (mas é preciso que ele confirme, não me mandatou para tal)...
13H00 TMG à porta do FUSO, não é verdade?
Será necessário transportar um placard dizendo 4R ou bastará perguntar pela mesa reservada pelo Snr. Bartolomeu?
Caro Bartolomeu,
ResponderEliminar13:00 de Londres, Lisboa, etc.
Não, não... nada de placard's caro Dr. Tavares Moreira... a presença das vossas insignes personagens, iria certamente atraír a atenção da imprensa, o que dificultaria a possibilidade de um almoço em sossego, como se deseja.
ResponderEliminar;)
Estarei às 13h em ponto para os receber, à porta do Fuso.
Sem dúvida, caro Tonibler.
ResponderEliminar13 horas referênciado ao tempo médio de Greenwich!
;)
Caro Tavares Moreira,
ResponderEliminarEstá repleto de razão nesse aspecto. E a avaliar por estas notícias dava jeito agora...
http://www.dinheirovivo.pt/Mercados/Artigo/CIECO014452.html
Caro Tonibler,
ResponderEliminarReceber um atestado de "razão" emitido por Tonibler é um activo que terá de passar a constar do meu CV, apesar de só usar versões muito curtas de tal documento...
Caro Bartolomeu,
Está combinado e o que está combinado tem muita força,pelo menos para mim...é claro que isto é um discurso do passado...
Caro Bartomeu:
ResponderEliminarLá estarei às 13 h TMG. Dois lugares, por favor!
Só espero que a taxa da fast-food não tenha ainda chegado ao bacalhau. Caso contrário, seria uma enormíssima e terrível invasão fiscal!...
Caro Tonibler:
Posso saber por que motivo ainda não obtive, também eu, um Certificado de Razão, como o Tavares Moreira? É que fiquei traumatizado para a vida…e nem sei se o bacalhau me trará qualquer alívio...
Caro Bartolomeu,
ResponderEliminarComo vê, já vamos em 5 convivas, nada mau para estes tempos de crise...entretanto noto, com algum pesar, que Anthrax se remeteu a um prudente silêncio,quem sabe se com receio - manifestamente infundado, na minha perspectiva - de represálias, por parte dos camaradas islandeses, por lhes comermos o bacalhau!
;)
ResponderEliminarFico feliz por verificar que a aderência a uma causa tão nobre (o deguste do bacalhau) se encontra em franca ascensão.
;)
É verdade! Com bastante pesar também pela minha parte, a nossa Amiga Anthrax enviou-me um amável mail, onde manifesta a sua tristeza por não poder acompanhar-nos neste "evento", justificando o impedimento, com questões de serviço.
Esperemos que na próxima oportunidade, a nossa confrade esteja liberta desses entraves e possa honrar-nos com a sua presença.
;)
Caro Bartolomeu,
ResponderEliminarNão obstante proponho que brindemos, no pré-repasto e igualmente durante o repasto, pela prosperidade da nossa excelente comentadora Anthrax e para que nunca nos abandone! De acordo?