"As pessoas estão primeiro, um novo futuro", acabo de ler na cobertura em directo pela SIC de um discurso às bases socialistas feito por António José Seguro no Porto. É o tipo de slogan que quer dizer tudo, mas que não quer dizer nada. Fica bem, soa bem. Espera-se que os responsáveis políticos, todos em uníssono, partilhem a mesma crença. Já tenho dúvidas que as pessoas levem a sério tão eloquente afirmação. Estamos cansados de palavras e frases pomposas. Durante muitos anos as pessoas acreditaram que estavam primeiro. O facilitismo e o consumismo criaram a ilusão de um bem-estar e prosperidade sem limites. A ilusão alimentou ilusão como convinha, não fossem as pessoas questionar-se sobre o futuro. As dificuldades e os sacrifícios aí estão a demonstrar como foi fácil o discurso das pessoas em primeiro lugar e como fácil foi fazer coisa diferente. Precisamos, é verdade, de um novo futuro, no qual as pessoas estejam em primeiro lugar. Para que tal aconteça, as pessoas têm elas próprias que entender o que levou o país à beira do colapso e aceitar que temos de mudar de vida, de trabalhar muito para podermos ambicionar ter riqueza e distribuí-la por todos. Pode ser que as dificuldades e os sacrifícios ajudem as pessoas a ser mais cautelosas e mais exigentes quando os políticos lhes fazem promessas...
Vivemos uma era em que a palavra abunda, deixou de ser um bem escasso. Com qualquer bem que se banalizou, é produzido em grande escala e não apresenta qualidade, é grande a deflação. Em especial a palavra dos principais responsáveis políticos não vale um tostão furado. A banalidade e a incongruência, o jargão, o sound byte sem significado nem mensagem são norma. Só as elites e os media ainda o replicam. A gente comum, essa, encolhe os ombros e satisfaz-se com o intervalo na depressão que este verão tardio proporciona. José Seguro é só um, entre muitos, a declinar o banal...
ResponderEliminarAs pessoas,
ResponderEliminaras 'nossas' pessoas:
Armando Vara/ Jorge Coelho/ Joe Berardo/ Fundacion Mário...
De Fernão Men(t)es Pinto, a
Seguramente de Seguro-Mente também.