sábado, 5 de novembro de 2011

"Bruxo de Fafe" e aprendizes de enfermagem.

Não fico surpreendido com certos comportamentos, mas começa a ser demais. Não sei qual o interesse e os objetivos dos promotores, mas não creio que tenha sido por razões sociológicas, técnicas ou científicas que os aprendizes de enfermagem convidaram o "Bruxo de Fafe", mas sim fruto da emergência da new age que aproveita tudo e todos para se instalar em meios credíveis, numa desejada promiscuidade que favorece os seus cultivadores. Aliás, o bruxo contesta esta designação, não tarda e aparece como "técnico superior de mediunismo de incorporação", qual bacharel ou licenciado reconhecido pela respetiva ordem.
O senhor é especialista na "capacidade de encorpar espíritos que andam no mundo a "desassossegar os vivos", e expulsá-los "para o lugar deles, no outro mundo". Se for verdade esta sua capacidade, o melhor é investir quanto antes na produção em série de clones do "bruxo de Fafe" e fazer com que muitos compatriotas e cidadãos, que não passam de perfeitos sacanas e que andam a desassossegar-nos de forma permanente, sejam expulsos para qualquer sítio, menos este em que vivemos. Quanto aos futuros enfermeiros, atendendo a que muitos não irão ter lugar para poderem exercer a sua nobre atividade, sempre podem ganhar algum através das práticas "mediunismo de incorporação".

15 comentários:

  1. O homem pode ter várias profissões, bruxo e investigador do CERN, por exemplo.

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  2. Não me parece que seja um facto extraordinário...
    Desde o início dos tempos, a medicina andou de mão dada com a bruxaria e com a alquimia.
    Na corte dos nossos reis, sempre os médicos se revestiram de uma auréula mística, muitos possuíam os seus laboratórios secretos, onde desenvolviam fórmulas demoníacas de que todos fugiam a sete pés, coisas que a actual farmácia domina de olhos fechados.
    Estou a lembrar-me do médico do nosso Rei Afonso III, cognominado "O Bolonhês" (que sempre é menos depreciativo que "O Gordo").
    Gil de Valadares, estudou várias disciplinas emvários países da Europa, concluindo os estudos de medicina, em Coimbra. Este médico era muito apreciado (e temido) por toda a corte e especialmente pelo Rei. São-lhe atribuidas muitas curas milagrosas e mágicas, algumas más-linguas, atribuem-lhe feitiçarias e envenenamentos, relacionados com a deposição de D. Sancho II, irmão do gordo... mas, apesar de tudo, o médico, tornou-se santo.
    Vá-se lá entender os mistérios que conduzem os homens à santidade...
    ;)

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  3. Claro que o homem pode ter várias profissões. Quem disse o contrário? Eu, não. Pode ser o que quiser, desde vigarista encartado, ou não, até catedrático de medicina.

    Bartolomeu
    Não confunda a medicina de então com a atual. Pelo meio ocorreram muitos fenómenos, nomeadamente a revolução científica.

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  4. contudo, não deixa de ser um tanto estranho, se notarmos que apesar da monumentalidade dos conhecimentos científicos da actualidade, se assiste, a um aumento de credibilidade nas medicinas alternativas... sobretudo, aquelas que não dissociam o físico do espiritual.
    Seré que o Homem caminha realmente no sentido da interseção, caro Professor?!
    Será que realmente, tudo tem a ver com Tudo?!
    E que uma coisa completa a outra, e vice-versa?!
    ;)
    Agradeço-lhe o amável comentário.

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  5. O ser humano é muito crédulo e "apesar da monumentalidade do conhecimento" prefere a via mais fácil, logo o dito alternativo tem o futuro assegurado, hoje e daqui a mil anos. Em termos comportamentais nada o distingue dos nossos avós trogloditas. E "eles", os "alternativos " sabem isso muito bem.
    Os que não aceitam esta situação não se acomodam e sabem bem que são impotentes para mudar o curso dos acontecimentos, mas são livres de exprimirem as suas opiniões.

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  6. Não foi sem motivo que citei "O Bolonhês" e o seu médico, Gil de Valadares.
    O médico-frade-santo, havia sido também médico do pai dO "Bolonhês", Afonso II e do irmão Sancho II. Em todos os reinados se contam curas miraculosas. "O Bolonhês" que sofria de "gota", sentia-se curado, quando o mago-frade-alquimista-bruxo-médico, colocava o seu bordão ao lado da real cabeceira.
    Na freguesia, perto de onde eu moro, tem consultório um médico a quem a população, os mais velhos conhecem-no de criança, chama entre-dentes "O Bruxo". Ele pratica a medicina convencional ou oficial, de acordo com os cânunes.
    São diversas as histórias acerca deste médico.
    Quando o meu pai teve o primeiro AVC, recorri ao Hospital de S. Francisco Xavier, onde permaneceu um dia e uma noite, foi visto por 3 equipes diferentes, fez diversos exames e TAC's, etc. Por fim, foi mandado embora sem um diagnóstico concludente, mas com a permanência do desiquilíbrio e a falta de força na perna e braço esquerdos.
    Ao sair do hospital, rumei directamente ao consultório deste médico, liguei-lhe pelo tm e pedi-lhe que visse o meu pai, que tinha estado com ele no hospital, mas que não o achava melhor. Disse-me que fosse, que o atenderia. Quando entrei a porta do consultório, amparando o meu pai para que conseguisse andar, o médico, sentado à secretária, atirou-me de imediato: o teu pai teve um AVC!
    Mandou deita-lo na marquesa e efectuou 2 ou 3 testes de sensibilidade e confirmou o AVC. Para maior certeza, mandou efectuar uma TAC.
    Quando lhe referi que o meu pai tinha sido avaliado por 3 equipes diferentes de médicos, respondeu-me displicentemente; esses gajos são uns sapateiros, pá!
    A TAC confirmou o AVC.
    Eu é que não confirmei se ele é bruxo, mas se não é, pelo menos adivinha muito bem...

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  7. Anónimo20:39

    Caro professor, convidarem o tal bruxo para uma faculdade de enfermagem nada tem de estranho nos tempos que correm. Repare que vivemos tempos em que tudo se relativiza e não só se dá o direito a toda a gente para opinar sobre tudo e mais alguma coisa como (pior, muito pior!) se acha que todas as opiniões seja lá sobre o que for são válidas. Desta forma é naturalissimo que convidem um bruxo qualquer para uma faculdade enfermagem ou até de medicina. Afinal, na opinião do homem as maleitas curam-se com mezinhas e almas do além e, usando os canones actuais, a sua opinião tem que ser tão respeitada como a do catedrático de medicina que usa o método cientifico.

    Parecem-me ser apenas sinais dos tempos, nada mais.

    Posto isto devo dizer que para certas coisas de menor relevância prefiro usar um chá ou coisa parecida do que empanturrar-me de medicamentos. Mas cada coisa em seu lugar.

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  8. Zuricher

    Eu não me oponho que as pessoas façam uso de mezinhas, de idas à bruxa, de socorrerem da Nossa Senhora de Fátima, do padre da freguesia, do conselho do padeiro e, até, mesmo da atuação de um médico. Cada um faz o que lhe apetece e lhe dá na real gana.
    Eu tenho muita dificuldade em compreender este relacionamento com os ditos "alternativos", por razões óbvias que me dispenso alongar, que só beneficiam os cultores de práticas ancestrais e que sabem, como ninguém, explorar a fragilidade e a credulidade humanas fugindo ao rigor e método científico ou pretendendo usar este último para legitimar pseudo ciências.
    Pessoalmente, como deverá compreender, tenho inúmeras histórias relativas a estas matérias, algumas capazes de provocarem gargalhadas e ataques de riso e outras de chorar, de pena, de tristeza e de impotência...

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  9. A propósito do post e troca de comentários, adorava ter uma explicação racional para a situação que, de seguida, contarei.
    Um casal na casa dos 40, construiu uma moradia num terreno comprado pelos pais de um deles, numa aldeia do Douro. A senhora começou a ter a sensacao de ver e sentir uma presença estranha em casa, parecendo-lhe ser a imagem da antiga proprietária do terreno. A familia ficou preocupada e levou lá a casa uma senhora (bruxa?), geóloga, residente em Lisboa. A descrição de quem assistiu ah cena foi a seguinte: "de repente a voz da 'bruxa' muda, fica igual ah voz da tal criatura, e diz coisas terríveis". Sendo certo que a tal criatura esta morta ha 4 ou 5 anos e que a tal 'bruxa' nunca a viu, como explicar racionalmente o que sucedeu? Parece que a 'bruxa', no fim da cena, nao se lembrava do que se tinha passado e alguém teve de lhe contar o que tinha sucedido. Talvez o Sr Prof me possa ajudar a interpretar estas coisas estranhas...

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  10. MM
    Não sou especialista nessas áreas, mas a descrição é "clássica", recorrente em múltiplas situações. "Cold reading"? É um fenómeno muito bem estudado.
    Aconselho-a(?) a ler sobre esta técnica, que parede ser conhecida desde a antiguidade e que é partilhada em todos os lugares onde há seres humanos e problemas com seres humanos...

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  11. O Amigo Zuricher é como eu, medicamentos, nem vê-los.
    O médico ainda consulto...
    A minha mulher zanga-se comigo e questiona-me; mas se não tomas os medicamentos que te receitam, porque vais tu ao médico?!
    Respondo-lhe que é por altruísmo, para o ajudar a manter o rendimento.
    Acaba-se ali a conversa com a resumida frase; pronto, faz como entenderes, tu é que sabes da tua saúde.
    Eu não lhe confesso o que penso, mas em boa verdade, não acredito em medicinas, sejam elas convencio nais ou alternativas, não acredito em santos nem em bruxos... a bem dizer, não acredito sequer na raça humana. Tempos houve em que acreditei até na vontade, hoje nem isso. Acredito somente que tudo tem um início e um fim ilusórios, porque na realidade, nada nasce e nada morre, nada começa e nada acaba. e durante o espaço de "tempo" que é a vida, tanto a do médico, como a do doente, como a do bruxo e a do santo, são comandadas por factores externos às suas vontades. O resultado, é que, se a "coisa" calha bem, é uma maravilha, efémera, mas maravilha... se calha mal... olha... azar!
    Como diz o pobõe... azar de uns, sorte de outros.
    ;)

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  13. Vou, então, procurar documentar-me sobre esses assuntos. Muito obrigada pela sugestão, Sr Prof Massano.

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  14. Conheço o Bartolomeu há muito tempo, agrada-me os seus comentários e forma de ver o mundo, um pouco (muito) diferente da maioria, com muita filosofia e alguma bizarria à mistura, impregnado de sentimentos que os humanos deveriam cultivar mais. Agradável, a ponto de ficar incomodado quando não leio as suas opiniões. Habitualmente não as comento, pela simples razão de não querer "estragar" os seus efeitos na minha pessoa.
    Hoje obriga-me a comentar. Não acredita nas medicinas, sejam elas convencionais ou ditas alternativas, nem tão pouco em santos ou em bruxos, afinal não acredita na espécie humana. Eu, também, não acredito muito na nossa espécie, acredito apenas na "loucura" de alguns, "loucos" que contribuíram para a criação da beleza. Estou a acabar de escrevinhar um pequenino texto sobre "loucura", talvez, ainda hoje o publique.
    Caro Bartolomeu, não precisa de acreditar na medicina, mas se a tiver de a usar, como decerto vai acontecer, limite-se a considerá-la como sendo "comandada por factores externos à sua vontade", com o pretexto de o poder ajudar, porque há ainda "loucos" que dão uma certa garantia de respeito e de amor ao próximo.

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  15. Todos, caro Professor, damos algo de nós, aos outros!
    Talvez porque "o outro" não exista e seja unicamente, produto da nossa fantasiosa imaginação. Talvez porque, sabendo que "o outro" não existe, percebamos que "o outro" somos nós mesmo.
    Não me imagine orgulhoso ao ponto de acreditar na não dedicação do "outro", à causa alheia, ou bem estar alheio, mas, não me creia também, existencialmente dependente dessa crença.
    Também já afirmei em variadíssimas ocasiões a estima que sinto pelo Senhor. Estima essa que julgo ter nascido da forma como percebi que o caro Amigo vê o Mundo e As pessoas, pela forma como sente as suas angústias e dores. Haverá ainda muito poucos como o Senhor.
    Mas devo confessar-lhe também que a não resposta aos comentários que coloco, me deixa sentir um certo vazio, uma certa sensação de não estar a ser lido, ou pior, de aquilo que opino não estar a ser entendido, porque não tenha qualquer valor.
    Agora fiquei esclarecido quanto ao motivo de certos silêncios.
    Esclarecido e... até certo ponto, vaidoso.
    ;)

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