quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

A sensibilidade social

Depois de qualquer medida tomada pelo Governo no sentido de remediar o mal que assolou este país, ou mesmo quando o 1º Ministro se limita a dizer e a aconselhar o óbvio, outra forma de ganhar a vida, como no caso dos professores, logo vem a acusação de falta de sensibilidade social.
Porque, se não está nas mãos do 1º Ministro assegurar emprego a quem foi ou pretende vir a ser engenheiro, mestre-de-obras ou professor, estaria certamente nas suas mãos prometer a todos um futuro radioso de trabalho e emprego. E, prometendo esse radioso futuro, certamente que revelaria enorme sensibilidade social. Porque a verdadeira sensibilidade social não está em fazer, mas, pelos vistos, em prometer. Está nas palavras, que não nos actos.
Os dois governos anteriores, que ocultaram a verdade e enganaram os portugueses e directamente nos levaram a esta situação, foram pródigos em manifestações de sensibilidade social: quanto maior era o desemprego, maior eram as promessas de emprego (ainda se lembram dos 150.000 novos postos de trabalho?), quanto maior era a dívida e o défice, maiores os aumentos aos funcionários…Enorme e imbatível sensibilidade social.
Claro que os amantes deste tipo de sensibilidade social continuariam a prometer empregos crescentes a professores num país com uma taxa de natalidade fraquíssima, e com um número médio de alunos por turma ou de professores por aluno perfeitamente comparáveis com os países da EU. Politicamente correcto, bacalhau a pataco, que todos aplaudiriam.
Mas, nas circunstâncias, aconselhar a procurar outra actividade é, pelos vistos, não ter sensibilidade social.
A demagogia e o politicamente correcto campeiam e desgraçam este país. As verdades incómodas devem ser ocultada e as pessoas, pelos vistos, devem ter gosto em ser enganadas. Revelando toda a sua sensibilidade social. Num país de faz de conta, claro está!

5 comentários:

  1. Caro Pinho Cardão

    Quando me vêm falar sobre a sensibilidade seguida de mais qualquer coisa costumo ter um comentário que o pudor e o respeito pelos outros me impede de reproduzir.
    Por isso, o título do seu comentário devo confessar, é um bocadinho "enervante".
    Mas sobre a questão de fundo e abandonando de vez a entrevista que, poucos leram na íntegra e muitos comentaram na parcela, deixe-me tecer os seguintes comentários
    a) Sem alunos não são necessários professores; quando a demografia não está de feição, quem quer continuar a ser professor, provavelmente tem de rumar a outras paragens;
    b) Outra coisa é determinar quais as responsabilidades do estado, enquanto empregador, para com o seu assalariado quando, por motivos vários, o seu lugar de trabalho deixa de ter sentido útil.
    O erro de paralaxe que a "entrevista" do Senhor PM suscitou está, precisamente, nessa confusão entre, vocação e contrato de trabalho. Podem estar juntas mas, não têm obrigatoriamente estar juntas.
    Nenhuma sociedade tem obrigação de financiar vocações mas, tem ,necessariamente de financiar necessidades.
    O que teremos de "conversar" é qual o comportamento que, o estado, deve ter para com os seus assalariados cujo o seu contrato de trabalho deixou de ter objecto.
    O resto, caro Pinho Cardão é, pouco relevante.
    Cumprimentos
    joão

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  2. De acordo com os pressupostos e a sua conclusão, caro João Jardine.

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  3. Política social não tem nada a ver com desemprego. Se tivesse não era toda consumida pelos funcionários públicos que, em rigor, são os seus únicos apoiantes.

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  4. Caro Toni
    No estado do Estado português, os seus FP na linha da frente. Conheço-os bem.
    No estado da União, o novíssimo doutor da Academia lusitana, na defesa do Europa, 1ª linha.
    Todos já não sei bem se:
    A bem da Nação, A bem do Regime, A bem de Sexas.
    Já chamaram o FdP (filho de Portugal) de Bruxelas.
    Falta chamar o estudante de filosofia em Paris.
    Haja esperança.

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  5. Caro Pinho Cardão,

    A prevalência absoluta do princípio da oralidade na avaliação do nível de sensibilidade social constitui não a única mas uma das várias características marcantes do processo de decadência a que a sociedade portuguesa se entregou de há uns anos a esta parte.
    Num domínio em que a acção deveria ser o grande elemento aferidor dos comportamentos -e conheço exemplos fantásticos, de total abnegação, na prestação desinteressada de apoio aos mais carenciados, em quase total anonimato - deparamos com esta coisa estranha da glorificação da sensibilidade social expressa quase em forma de auto-de-notícia...

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