quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Simplesmente degradante...

Há já algum tempo que tenho andado para escrever um apontamento sobre o assunto. Uma “Casa dos Segredos” completamente às claras para toda a gente ver. Que junta e aumenta o que de pior a sociedade tem. As televisões e os públicos em geral gostam dos “bigbrothers”, gostam de explorar sentimentos, viciam-se no jogo das emoções, torcem-se para que os protagonistas vão mais longe, façam aquilo que é impensável esperar que façam à vista de toda a gente. É a curiosidade que se vai afiando para ver o inqualificável, a promiscuidade, a leviandade, a grosseria, a falta de ética e de estética também, a falta de vergonha e pudor. É juntar o pior sem limites.
Esta e outras casas dos segredos são bem o retrato da degradação moral, da usura e da falta de cultura e educação a que chegou a sociedade em que vivemos. A troco de dinheiro as pessoas vendem o que são e o que não são, expõem à saciedade do público uma concentração de comportamentos e atitudes a todos os títulos condenáveis de serem explorados para satisfação seja de quem for.
Andam mal as televisões, as “marionetas” das casas dos segredos e os telespectadores que promovem e se servem, usam e abusam e gozam e viabilizam a miséria humana.
Não me venham dizer que estas casas dos segredos existem porque têm audiências. A apresentação de programas cada vez mais medíocres não se pode refugiar no argumento de que é o que as pessoas querem. Lamentavelmente há muito quem queira ter poder sem querer assumir a responsabilidade do seu exercício. Depois é o que se vê. Simplesmente degradante...

9 comentários:

  1. Subscrevo na íntegra, e lastimo a falta de integridade dos responsáveis.

    ResponderEliminar
  2. Cara Margarida,
    Como diz, "a troco de dinheiro as pessoas vendem o que são ...".
    Mas só vendem porque as pessoas compram, alienando a alma.
    Como diz, isto é "bem o retrato da degradação moral a que se chegou..."
    As televisões são só instrumentos que esta degradação exige.
    Nunca lhe aconteceu, num grupo de amigos/conhecidos que está a assistir a esses programas, ao manifestar o seu desagrado e sugerir mudar de canal, ser tratada como se estivesse a dizer a maior barbaridade do mundo? A mim aconteceu-me muitas vezes. Já desisti. Saio. Mas tenho que sair com "elegância" para não ser olhado de lado e ouvir os correspondentes "piropos".
    Terá a sociedade sido sempre assim?
    Rezam as crónicas que as execuções públicas eram motivo de romaria das famílias.
    E não foi (cá na nossa terra) há muitos anos...

    ResponderEliminar
  3. Anónimo18:01

    Cara Margarida, desde o primeiro reality show, o Big Brother, que defendo o uso do lápis azul com respeito a este tipo de programas. Liberdade de expressão, de emissão, liberdade seja lá do que for? São conceitos que me dizem pouco quando postos em contraponto com, de um lado a degradação humana dos participantes e, do outro, a estupidificação e embrutecimento dos que vêem.

    ResponderEliminar
  4. É o que as pessoas querem ver. E vão ver. As pessoas vão ver porque é o que querem ver, a miséria não está nas burras que vão ganhar dinheiro a mostrar que são burras, está em quem paga para ver. E contra isso batatas.

    Agora, se substituirmos no post da Margarida "Casa do Segredos" por "Prós e Contras", o texto serve na perfeição para os meus standards. Meus, actuais. Tempos houve em que via os dois com igual alegria. E, na minha opinião, não há programas de jeito se não houver programas destes. Da mesma forma que as pessoas caiem a ver as "Casas", abre-se o mercado no sentido inverso. É preciso mostrar o muito negativo para as pessoas valorizarem o muito positivo. Eu fui atirado para os bons filmes pelos maus filmes. Para os bons livros, pelos maus livros. Eu e, se as demais "pessoas", se se cultivarem mais.

    Aproveitando para puxar aos post do cinema do caro Pinho Cardão, o "Sangue do meu sangue"(filme maior) foi visto por quem não suporta já filmes americanos, daí que a subsídio do estado ao cinema seja uma estupidez contra produtiva porque o mercado da qualidade e da diferença é gerado pelo mercado do lixo e da vulgaridade.

    ResponderEliminar
  5. Caro SC
    Nestas coisas não vale a pena hostilizar a maioria. A "elegância" é a melhor opção.

    Caro Zuricher
    Não posso deixar de concordar. Viver em liberdade não deveria significar o vale tudo. Voltando às televisões, nada justifica a tese de que apresentar programas degradantes corresponde aos princípios da liberdade porque é o que as pessoas esperam.

    Caro Tonibler
    O princípio de que é preciso conhecer o negativo para apreciar o positivo é verdadeiro, mas não funciona totalmente porque se assim fosse o negativo teria tendencia para desaparecer e não é isso que acontece.

    ResponderEliminar
  6. Caro Pinho Cardão,

    Subscrevo na íntegra este seu comentário.

    ResponderEliminar
  7. O Tonibler depois de ser morto é que apreciou estar vivo...

    Quanto à miséria, é intrínseca à condição humana, e só se minora com desenvolvimento interior. Neste mundo de jumentos atrás da cenoura, falar disto não tem sentido.

    ResponderEliminar
  8. Caro Ilustre, não, porque o negativo é eu estar vivo.

    Cara Margarida, não desaparece. é verdade, cada vez há mais programas de comentário político:). Mas não pode desaparecer enquanto enquanto houver essa miséria na cabeça das pessoas. De que serve dizer-lhes que é miséria ou negar-lhes a satisfação da miséria? Que haja então quem ganhe com isso...

    ResponderEliminar
  9. É mau demais, realmente, indigente em todos os aspectos, até a decoração é deprimente.

    ResponderEliminar