E eis que mil Robin dos Bosques florescem de repente neste país à beira mar plantado. O fenómeno contagia e cada português descobre-se um justiceiro, olhando com suspeita para os rendimentos dos vizinhos, para a marca do carro, para as cortinas na janela, para a encomenda da pizza, avaliando a olho nu e pondo em dúvida a “justiça” dos proventos exibidos. Nas ruas, nos cafés, nos jornais e em todos os meios de comunicação social abriu a caça aos “ricos”, conceito impreciso que, na prática, significa ter mais proventos do que os daquele que avalia. Escusado será dizer que é uma impertinência invocar a razão de ser de tais ganhos, como o esforço, a profissão ou o regime contributivo cumprido, omissão essa que permite adensar o mistério em torno dos “montantes incompreensíveis” para uns e tão parcos para outros.
Os nossos Robins usam “médias”, invocam a Pordata (nunca pensei que a Pordata pudesse tornar-se perigosa!) como podem invocar a Wikipédia, fazem somas e divisões com a maquina de calcular e concluem coisas estrondosas como “bolo total”, “fosso”, “cortar”e “redistribuir”, tudo apimentado com milhões para cá e para lá. Para estes justiceiros o sistema de Segurança Social não tem qualquer lógica, embora presumam, por economia da equação, que as receitas não deixarão nunca de chegar ao ritmo atual, e conseguem mesmo propor “soluções” a partir de “contas rápidas” – realmente, para quê pensar muito? Entre os inúmeros Robins que por aí florescem, para quem o sistema de Segurança Social se apreende – e se corrige! - com as aritméticas do mercado da fruta, tudo se resume a um sistema de vasos comunicantes que deve fluir livremente, a partir de uma fonte de alimentação olimpicamente ignorada mas que garantirá, seguramente, uma justiça eterna: quem pagou muito, terá pouco, e quem não pagou, ou contribuiu pouco, estará garantido com o mesmo, assim se conseguindo equilibrar as colunas das estatísticas de modo a não ferir sensibilidades epidérmicas dos curiosos que lá vão dar uma olhadela. É caso para dizer que é fácil, é barato e dá milhões… Pelo menos enquanto houver para “redistribuir” sem falar do esforço para juntar, não faltarão os pressurosos Robin dos Bosques.
Os nossos Robins usam “médias”, invocam a Pordata (nunca pensei que a Pordata pudesse tornar-se perigosa!) como podem invocar a Wikipédia, fazem somas e divisões com a maquina de calcular e concluem coisas estrondosas como “bolo total”, “fosso”, “cortar”e “redistribuir”, tudo apimentado com milhões para cá e para lá. Para estes justiceiros o sistema de Segurança Social não tem qualquer lógica, embora presumam, por economia da equação, que as receitas não deixarão nunca de chegar ao ritmo atual, e conseguem mesmo propor “soluções” a partir de “contas rápidas” – realmente, para quê pensar muito? Entre os inúmeros Robins que por aí florescem, para quem o sistema de Segurança Social se apreende – e se corrige! - com as aritméticas do mercado da fruta, tudo se resume a um sistema de vasos comunicantes que deve fluir livremente, a partir de uma fonte de alimentação olimpicamente ignorada mas que garantirá, seguramente, uma justiça eterna: quem pagou muito, terá pouco, e quem não pagou, ou contribuiu pouco, estará garantido com o mesmo, assim se conseguindo equilibrar as colunas das estatísticas de modo a não ferir sensibilidades epidérmicas dos curiosos que lá vão dar uma olhadela. É caso para dizer que é fácil, é barato e dá milhões… Pelo menos enquanto houver para “redistribuir” sem falar do esforço para juntar, não faltarão os pressurosos Robin dos Bosques.
E hoje, é a indignação geral de jornais e comentaristas sobre o "rigor" do sistema judicial contra os "pequenos" criminosos...
ResponderEliminarComo se a impunidade dos grandes justificasse a impunidade dos pequenos e um sistema permissivo que só conduzirá à anarquia...
Que mensagens estamos a passar à nossa sociedade?
Que o (pequeno) crime compensa?
E que deve ser livre?
http://notaslivres.blogspot.com/2012/02/defesa-do-pequeno-crime.html
Os ricos que paguem a crise, sabendo que os pobres começam na minha humilde pessoa.(inclusivé!!!!)
ResponderEliminarGonçalo:
ResponderEliminarA impunidade dos grandes não justifica a impunidade dos pequenos.
Mas a perseguição aos pequenos não nos deve distrair da falta de perseguição aos grandes.
Porque quanto à anarquia, atreve-se a dizer que a impunidade dos grandes não é mais causadora de anarquia do que a dos pequenos?
(Devido às consequências materiais incomensuravelmente mais perniciosas e ao exemplo que compete às elites dar).
É que todas as sociedades sempre conviveram com o pequeno furto sem consequências de maior, mas quando o grande «furto» se generalizou (como é o nosso caso), aí é que a dissolução dos costumes e a anarquia se instalaram.
Os exemplos devem vir de cima, é um velho ditado popular; outro que o complementa é: Bem prega Frei Tomás, faz o que ele diz, não faças o que ele faz.
Os grandes devem ser criminalizados. Inapelavelmente. Mas isso não branqueia os crimes dos outros(os pequenos). O que hoje a opinião de muitos reflecte é a indignação pela penalização do pequeno crime. Ora, o correcto seria haver indignação pela não penalização do grande crime e a procura de soluções que evite e atenue o pequeno crime. E nunca, mas mesmo nunca, aceitar a passagem de uma mensagem de uma menor ilicitude, facilitismo e quase promoção da possibilidade de se cometeremdesses pequenos crimes. É - socialmente - muito arriscado. Mas que daria jeito a Intersindicais, BEs, CDUs e outros que tais que querem a desestabilização social, nas ruas...
ResponderEliminarNão podemos cair nessa.
As dificuldades do presente e do futuro incerto que se pressente, associado às injustiças relativas por que estamos a passar, propiciam, porventura, o ressurgimento da inveja, sentimento tão característico da nossa sociedade, mais adormecido nas alturas de fartura. Daí, a necessidade de criarmos bodes expiatórios onde descarregar frustrações e angústias.
ResponderEliminarA verdade é que vivemos ao sabor de premonições e dizemos que não somos gregos(!), beijamos a Sra. Merkel, se calhar sem sabermos bem se por deferência ou bajulamento, mas para o caso também não interessa, não vá ela irritar-se!.
Concordo, Robin dos Bosques é o que há mais por aí…
Suzana
ResponderEliminarO sentido de "justiça" está a mudar, não necessariamente para melhor, é um caminho perigoso que pode provocar uma grande insegurança económica e social. A segurança jurídica é um pilar fundamental da democracia, de um estado de direito. O estado de necessidade não pode justificar tudo.