1. Segundo notícia há poucas horas lida, um grupo de 30 destacadíssimas personalidades da nossa praça, que como poucos têm sofrido as agruras do “neo-liberalismo” dominante, resolveram lançar um público Manifesto, no qual apelam à solidariedade com a Grécia.
2.Nesse Manifesto, entre outros assuntos graves, é feito um apelo par a que deixemos de utilizar a expressão “Não somos a Grécia” que, no entender dos Manifestantes, constitui uma declaração viciada por falta de solidariedade para com os padecimentos dos gregos...
3. Creio que estas personalidades vítimas do “neo-liberalismo” – algumas das quais, de resto, tendo sido vítimas do celerado “fascismo”, entram assim numa segunda fase de vitimização – estão cheias de razão no que toca ao (não) uso da expressão “Não somos a Grécia”.
4. Como sustentei em Post aqui editado em 28 de Janeiro último, intitulado “Porque não pomos os olhos (e falamos) da Irlanda em vez de falarmos da Grécia”, não temos qualquer interesse em andar para aí a dizer (já reparei que agora se diz menos, talvez tenham começado a perceber o equívoco) que não somos a Grécia, que somos doutra divisão, etc...
5.Sempre tive a noção de que a repetição dessa estafada teoria, em vez de nos afastar da Grécia aos olhos de terceiros, acabava por nos atrair para a órbita infernal da crise helénica – como vimos no último Post que aqui editei, W. Munchau, conhecido articulista do F. Times, embora de uma forma não explicada, advoga mesmo a arrumação de Portugal e da Grécia no mesmo “basket” , ou seja no “basket” da insolvência do Estado...
6.Será preferível, em vez de nos tentarmos distanciar da Grécia – com um resultado exactamente oposto - procurar estabelecer a comparação em relação à Irlanda, reconhecendo, sem complexos, que os irlandeses, apesar de terem sido como nós sujeitos a uma operação de resgate financeiro, conseguiram até agora fazer bem melhor...
7. ...mas que nós estamos a fazer tudo o que é necessário para seguir as pisadas da Irlanda, e que lá chegaremos se Deus nos der vida e saúde...
8.Assim, a minha adesão ao Manifesto das 30 personalidades é limitada a este ponto – que me parece aliás muito relevante – não podendo subscrever a parte do Manifesto onde são invocadas razões de solidariedade europeísta e internacionalista em “defesa” da Grécia, com as habituais “bicadas” à Alemanha e seus comparsas creio, pela mesma razão que ouvi há dias M. Carreira: “A Snra. Merkel é muito mais realista que esses papagaios que para aí andam...”.
Pois Portugal não é a Grécia, mas o presidente Grego decidiu prescindir do seu reles salário 0.3 M€/ano por solidariedade para com os provavelmente mais reles cidadãos gregos.
ResponderEliminarEis pois que tal como Portugal a Grécia tem um presidente que trabalha de graça...
Aguarda-se que M. $oare$ e companhia demonstrem solidariedade pela carolice do pobre Karolos, e em paralelo critiquem a falta de sentido de estado da opção do carola tuga.
"que como poucos têm sofrido as agruras do “neo-liberalismo” dominante,"...muito bom!..
ResponderEliminarCaro Tonibler,
ResponderEliminarNão concorda, não acha visível o imenso sofrimento dos ilustres personagens?
Ou tb já perdeu a sensibilidade social?
Sim, só mesmo uma besta insensível como eu é que não reparou nas óbvias dificuldades porque passam Mário Soares ou o Prof Sousa Santos. Deve ser , aliás, por isso que não se juntam numa vaquinha (não é nenhuma piada relativa a nenhum dos signatários) para salvar a Grécia dos grilhões do capitalismo internacional e dos especuladores da economia de casino.
ResponderEliminarCaro Tavares Moreira
ResponderEliminarEm 1998, salvo erro, a Tailândia e outros países asiáticos próximos,seguindo a medicação do FMI, sofreram um ajustamento violento; falências, desemprego e austeridade foram, entre outras, algumas das consequências desse ajustamento.
Não me recordo de nenhum manifesto proclamando sermos todos tailandeses....deve ser a distância e os fusos horários.
Desde o 25/4 que os nossos políticos se socorrem de muletas externas como argumento de venda de qualquer coisa. Não sendo, os portugueses, deficientes mentais, a muleta não passa de uma opção. Talvez seja a hora de abandonar a muleta.
Assim sendo, o facto de se escrever em inglês em locais de referência não nos torna infalíveis, como a memória deve ser sempre exercitada de modo a evitar sermos consumidos pelo rídiculo.
Cumprimentos
joão
Ora vê, caro Tonibler, como consegue romper essa carapaça "neo-liberal" e reconhecer o indizível sofrimento dos subscritores do Mnaifesto dos 30?
ResponderEliminarEssa pessoas que refere passam por dificuldades inenarráveis, eles estão em melhores condições do que qualquer outro cidadão para compreender o sofrimento do povo helénico!
Caro João Jardine,
Está certo como quase sempre, este Manifesto é mais uma operação de sensibilidade social de opereta, os seus subscritores não vão dar qq ajuda real aos helénicos...
Mas o marketing da sensibilidade social também se pratica e está muito na moda, como vê...
O problema é que não bastará cumprir com o plano da troika para evitarmos o destino da Grécia. Mas talvez possamos aprender com a Grécia e "cortar caminho" evitando algumas etapas mais dolorosas.
ResponderEliminarAté porque, depois da Grécia (está a ser o caso experimental) estaremos nós, a Itália, Espanha e todos os outros. Inapeladamente e sucessivamente, passando pela Alemanha e acabando nos EUA. Ou seja, tudo o que se move sobre dívidas gigantes...
http://notaslivres.blogspot.com/2012/02/grecia-e-troika-portugal-e-os-outros.html
Bem lembrado, caro Gonçalo, bem lembrado...
ResponderEliminarA dívida em excesso acaba sempre por ter um efeito corrosivo sobre a actividade do devedor, quer se trate de dívida de família, de empresa ou do Estado - é apenas uma questão de mais ou menos tempo...