1.Quase todos os dias temos de ouvir mais uns quantos “opinion-makers” de lugar cativo sentenciar a necessidade/inevitabilidade de um reforço financeiro do Programa de Assistência Financeira (PAEF).
2.Tem sido aliás referida com grande insistência uma cifra, quase mágica, de € 30 mil milhões, como o montante adicional requerido para que Portugal possa preencher as suas necessidades de fundos até estar em condições de voltar, em condições mais ou menos normais, a financiar-se nos mercados de capitais.
3.Esta análise parte do pressuposto de que Portugal não conseguirá financiar-se em condições normais nos mercados de capitais em Setembro de 2013, época em que se deverão esgotar os fundos da ajuda internacional, pelo que os € 30 mil milhões seriam necessários para nos ajudar a atravessar o Rubicão, chegando à outra margem onde os mercados nos aguardam ansiosamente...
4. Acho muito interessante esta certeza de que não chegam os € 78 mil milhões da ajuda, mas que € 108 mil milhões já chegarão, para podermos atravessar o Rubicão e chegar à margem dos mercados...
5.Saber se vamos precisar de mais do que os € 78 mil milhões disponibilizados pelo PAEF em vigor depende, fundamentalmente, (i) da nossa capacidade para cumprir os objectivos e para aplicar todas as medidas estabelecidas no PAEF, bem como do reconhecimento público desse cumprimento por parte das entidades tutoras do Programa, e (ii) de factores externos, especialmente os atinentes à ultrapassagem dos problemas de sustentabilidade da zona Euro, cuja gestão e resolução nos escapam quase totalmente.
6. Se alguma dessas duas condições não estiver cumprida, os € 30 mil milhões que os doutos analistas recomendam podem muito bem ser insuficientes - não é aliás possível apontar um número que se possa com razoável segurança dizer que cobrirá as nossas necessidades de financiamento em 2013 e 2014 (pelo menos...)...
7.Se as duas condições estiverem cumpridas, pode muito bem suceder que as condições de acesso de Portugal ao mercado de capitais, ainda que não inteiramente perfeitas, nos permitam (até confortavelmente) dispensar nova ajuda internacional...
8. Assim, a discussão em torno da necessidade de mais ajuda internacional em Setembro de 2013 – e sobretudo a recomendação do apoio mágico dos € 30 mil milhões – afigura-se, nesta altura, uma discussão essencialmente estéril...não nos resolve problema nenhum, só pode mesmo ajudar à confusão...
Passos Coelho mentiu em campanha eleitoral. Do ”disparate” em que consistia o retirar dos subsídios de Natal e Férias, segundo as suas palavras, passámos agora, quando imagina encontrar-se solidamente instalado no governo, ao “custe o que custar”. E neste curto percurso vem ao de cima sobretudo o seu distorcido e mau carácter, não apenas pela apologia de políticas contrárias a tudo o que prometeu em campanha, mas também por mais um logro em que quer fazer embarcar os portugueses. Com uma dívida pública já superior a 110% do PIB, quando em 2007 rondava os 68%; com uma taxa de desemprego em 13,6% quando em 2007 se situava em 8%; com uma recessão de 3% quando em 2007 tínhamos um crescimento de 1,9%; com as medidas de austeridade impostas que provocam inequivocamente mais recessão; com uma crise de crédito às pequenas e médias empresas sem o lançamento de quaisquer medidas de poio; quando a União Europeia não consegue inverter ou sequer parar a crise do euro agravando-se pelo contrário todos os índices económicos europeus, prometer que o país volta aos mercados em 2013, é seguramente uma tremenda falsidade. Passos Coelho propagandeia mais esta tremenda mentira.
ResponderEliminarÉ difícil, com uma situação europeia tão instável prever qual a necessidade de financiamento do país em 2013, ou quais as saídas que se colocam então ao país. Uma coisa é certa. Portugal ficará arredado dos mercados por muitos anos.
continuando aqui o comentário do Carlos Sérgio,
ResponderEliminar... ao contrário da Grécia que não seguiu os esta política austeritarista sem nexo e agora está aí de vento em pôpa...
Caro Tavares Moreira,
Eu compreendo perfeitamente os comentadores porque é que esses 30 mil serão fundamentais. Desde que descobri que a solução para o aquecimento global é o arrefecimento e para o cancro da mama é curá-lo, que me sinto avalizado para achar que esses 30 mil são exactamente aquilo que é preciso para voltarmos ao mercado. Porque é o custo de dar a volta, se vamos num sentido depois para voltarmos, é preciso dar a volta. Dá esses 30 mil milhões.
(depois deste comentário, espero o convite para uma cátedra em Economia em Coimbra...mínimo!)
Caro Carlos Sério,
ResponderEliminarA sua comparação de performances económicas entre 2007/8 e 2011/2 deixa-me "esblemado" (expressão usada apenas no Algarve)...
Começa por utilizar indicadores que não são comparáveis - sabia por exemplo que a gravidez actual da dívida pública se deve em parte ao pagamento pelo Estado de dívidas de Empresas Públicas completamente insolventes, que em 2007/2008 (graças à excelente política então vigente)viviam ainda à tripaforra?
E depois pressupõe que o comportamento da economia, em determinado ano, e a governação do País no mesmo período, têm uma relação de efeito e causa...
Que beleza!
Caro Tonibler,
Depois desse pronunciamento sobre a magistral lição de Carlos Sério, resta-me subscrever, humildemente (estou certo de ter o apoio de Pinho Cardão pelo menos), a sua candidatura a uma cátedra de política económica na Faculdade de Economia da consagrada e vetusta U. Coimbra!
E sem carecer de provas de acesso, para ser aprovado por unanimidade e aclamação!
É falso dizer-se que a Grécia não seguiu os caminhos da austeridade. Seguiu, e os resultados estão aí, com um avanço de alguns meses sobre nós.
ResponderEliminar"Discussão estéril", aliás discussões, tornou-se numa maleita permanente entre os indígenas.
ResponderEliminarPor ex, com a tirada do momento:
"Com uma dívida pública já superior a 110% do PIB" acima" desde ontem na blogosfera anti Situação.
Fazemos assim por esquecer, o lixo dívida atirado para baixo do tapete.
Com os resultados à vista.
Também não admira: queremos discussões, debates e paródias mais "estéreis" do que as que passam com frequência ali para S. Bento?
'Catedrático' e humorista emérito,
caro Dr Tavares Moreira, haja Deus.
Creio que se encontrará equivocado, meu caro Tavares Moreira, quando atribui como causa do aumento da dívida o pagamento pelo Estado de dívidas de Empresas Públicas completamente insolventes
ResponderEliminarNa “nota de informação estatística” do Banco de Portugal de 20.11.11, lê-se:
No segundo trimestre de 2011 a dívida das administrações públicas ascendeu a 184,1 mil milhões de euros, isto é 106,6% do PIB…
A evolução registada no segundo trimestre de 2011 foi explicada sobretudo pelos empréstimos obtidos no âmbito do Programa de Assistência Económica e Financeira a Portugal.
Não constam referências à dívida pública indirecta.
Na verdade a dívida das empresas dos transportes, e os compromissos futuros das Parcerias Publico e Privadas, atinge 30% do PIB (dados Instituto Sá Carneiro), constituindo a dívida pública indirecta e não está contemplada nos 110% da dívida directa actual. A dívida publica actual, cxonsolidada, directa mais indirecta, rondará os 140%.
não fique "esblemado" desde já, porque o futuro reserva-lhe seguramente grandes e mais fortes oportunidades para tanto.
Caro Carlos Sério,
ResponderEliminarSabia que a Grécia se perdeu no labirinto de Creta, enquanto aplicava o programa de austeridade? Já nem sabem onde para o plano ou a austeridade, ou o dinheiro que entretanto receberam e se conclui não chegar para nada...
Mas, apesar disso, mantêm galhardamente, um salário mínimo de cerca de € 800...nisso não brincam em serviço...
Caro BMonteiro,
Muito bem observado, haja Deus sim senhor...
O tapete foi um dos principais instrumentos de política económica e financeira dos últimos anos (in the last six, for sure) , faz muito bem em lembrar, recordo-me de ter aqui tratado esse tema, por diversas vezes, em anos económicos findos...
Caro Carlos Sério,
ResponderEliminarNovamente a brincar, o ilustre comentador...
Então quer alternar a causa com o efeito?
Não vê que a evolução da dívida pública directa, em função do recurso ao empréstimo da Troika é o efeito e eu me referi a (uma das) causas do crescimento da dívida?
Vejo-o desejoso de jogar ao Carnaval,e está no seu pleno direito, certamente...
Continua equivocado o ilustre economista da situação. Infelizmente o Carnaval já começou há meses, com máscaras e cabeçudos.
ResponderEliminarTriste sina a dos portugueses com tão lamentáveis foliões.
Mais uma brincadiera de Carnaval, essa de economista da situação, Cralos Sério...é excelente táctica, quando se constata a falta de argumentos substantivos, recorrer a essas figuras de retórica!
ResponderEliminarMuito bem, pela minha parte pode seguir em frente, não lhe oporei qq resistência, vai conquistar muitos adeptos para a obra inadiável de salvar o País, desejo-lhe toda a sorte do Mundo!
Falta de argumentos???
ResponderEliminarÉ falso que o pedido PAEFP tenha como causa fundamental o pagamento das dívidas das empresas públicas como, tomando uma pequeníssima parte pelo todo, quer o ilustre economista Tavares Moreira fazer crer. A crise orçamental que então se vivia, “ já não havia dinheiro para o pagamento de salários e pensões na Função Pública”, era e continua a ser muito mais profunda que as dívidas, que se mantém, das empresas públicas.
Eu leio isto:"....investment bank Goldman Sachs Group Inc, thinks the country will fail to meet that deadline and will need an additional €30 billion ($39.39 billion) to €50 billion in official support." E fico meditabundo: Bem sei que o TM sabe mais do que o dito Goldman não sei quê...
ResponderEliminarPara mim é mais entre 30 bis e 100 bis...
ResponderEliminarCaro Tonibler,
ResponderEliminarEu arriscaria um pouco mais, será entre os € 29 bis e os € 99 bis.
Nestes exercícios temos de fazer uso de alguma ousadia...
Caro Carlos Sério,
Mas quem é que disse que o exercício do PAEF tenha tido por causa fundamental o pagamento das dívidas das excelentes EP's?
Só mesmo o Senhor...
O meu comentário limitou-se a lembrar que nas dívidas públicas de 2007 e 2011 que o Senhor quis comparar, sem mais, existem elementos distintos que não devem ser omitidos quando se quer fazer tal comparação com algum rigor...
Daí a concluir que foi essa a razão de ser do PAEF vai a distância da Terra a Plutão...