É muito difícil em Portugal introduzir mudanças, as tais reformas estruturais por que todos reclamam. Mas não o é menos a absoluta necessidade de estudar bem as mudanças que se projetam, fazê-las assentar em pressupostos que podem não ser inabaláveis ou indiscutíveis, mas que são lógicos, fazem sentido, são coerentes com o diagnóstico. E depois medir bem os efeitos, todos os efeitos. A pressa de apresentar resultados, seja por que existe esta irresistível pulsão de mediatizar o que não passa de mera intenção, ou por incapacidade de explicar, externamente, de que é sábio o provérbio que nos diz que "depressa e bem não há quem", gera vezes de mais uma sensação de descrédito nas propostas.
Creio que uma destas coisas está a acontecer com as propostas de reforma da justiça. Se é evidente que as corporações vão reagir a qualquer mudança, mais óbvia se torna a necessidade de não ensaiar soluções mal medidas. Tão mal medidas que não resistem às críticas fundadas de entidades externas ao sistema de justiça.
É de facto difícil fazer reformas em Portugal, como creio que o é na generalidade dos países, não vejo que sejamos especialmente resistentes atendendo à profusão, variedade e, sobretudo, transitoriedade das "reformas" que se sucedem ano após ano. Fossem as reformas bem pensadas, bem explicadas e bem executadas, e pudessem resistir às mudanças de Governo ou simplesmente de Minsitro, e talvez as resistências fossem menos.
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