sexta-feira, 23 de março de 2012

Memórias de um processo insano

Há dois anos...

12 comentários:

  1. Nas circunstâncias, o exemplo mais que perfeito de crime contra a economia e o bom senso. E verdadeiro atentado à inteligência.
    E há pessoas a ser julgadas por roubarem 1 euro e 60 cêntimos!...

    ResponderEliminar
  2. Não é necessariamente insano.

    Há TGVs entre outras cidades distantes de 600 km. Há TGV Madrid-Barcelona e Paris-Munique, por exemplo. Esses TGVs concorrem, por vezes com vantagem, com aviões entre essas cidades. Por exemplo, o TGV Madrid-Barcelona tem tido muito sucesso, apesar de haver imensos aviões muito baratos entre essas cidades.

    E os madrilenos já hoje vêem às praias de Lisboa. Vêem provavelmente de avião, mas nada impede que, de futuro, pudessem vir de TGV.

    Não quero com isto dizer que viessem, mas não me parece evidente que seja uma ideia insana.

    ResponderEliminar
  3. Há também que ver que novos meios de transporte criam o seu próprio mercado, não se limitam a retirar mercado dos meios anteriormente existentes.
    Ou seja, se houvesse TGV Lisboa-Madrid, madrilenos que hoje em dia não vêem a Lisboa de avião (por não gostarem de andar de avião, etc) poderiam passar a vir, de TGV.

    ResponderEliminar
  4. Anónimo12:54

    A pergunta do jornalista é muito boa e a resposta do ministro encerra responsabilidades muito grandes e insanáveis. Aquilo que ali está não engana ninguém e só é judicialmente ignorado em países como o nosso. É óbvio que a resposta indicia que esta decisão pode ter fundamentos por ora ainda obscuros.

    Deve ser por causa deste tipo de governante que a palavra "emplastro", na Wikipedia inglesa, reencaminha para "Portugal".

    ResponderEliminar
  5. Se alguém duvidasse do país que tem, basta olhar esta prova de mérito do país das elites cor de arco-íris

    « Ex-ministro da Finanças vai para a PT

    Fernando Teixeira dos Santos, ex-ministro das Finanças de José Sócrates, é um dos nomes apontados pelo banco público para a administração da PT, confirmou o Expresso. »

    ResponderEliminar
  6. Anónimo17:26

    Se o Tribunal de Contas chumbou o contracto por irregularidades cometidas na sua adjudicação não posso ter nada contra.

    A questão aqui não é a da valia da Alta Velocidade ou falta dela mas tão somente do processo pelo qual a sua construção foi adjudicada.

    ResponderEliminar
  7. PºTGV, como um crime económico - autores:
    Barroso & Sucessors, Lda.
    Para finalizar, os dois cómicos de circunstância: o impagável Lino & o catedrático Mendonça.
    O produto das universidades do regime: formados em Geografia, Demografia & Economia, ao nível da Independente.
    Nada a fazer.

    ResponderEliminar
  8. Anónimo18:51

    Meu caro Zuricher, a questão da Alta Velocidade e a sua valia para o desenvolvimento do País foi abundantemente discutida aqui no 4R, aliás com o excelente contributo dos seus sábios comentários, repletos de informação e de ponderada reflexão sobre dados, e não sobre especulação.

    O chumbo do TC, que aliás não constituiu surpresa para ninguém, é mais um episódio do processo que se foi tornando cada vez mais insano. De passagem, sobre o acórdão do TC digo que se baseia numa jurisprudência de preconceito contra a figura das PPP, olhando para o fenómeno pelo seu lado patológico, o que desde logo vicia os resultados. Mas é o que é "social e politicamente correto" e o TC não é neutro na avaliação "do que está a dar". O que aliás é muito caraterístico de um tribunal que nos tem habituado a julgar segundo critérios de mérito e não de legalidade objetiva e estrita. Mas isto são contas de outro rosário...

    Voltando ao tema que o post sugere, o processo tornou-se insano pois, numa altura em que se tornava já claro (a Dra Manuela Ferreira Leite, por exemplo, denunciou isso com muita clareza) que a componente de investimento público agravaria extraordinariamente o déficite e a dívida, as razões apresentadas para o avanço do projeto, para a inauguração de estações virtuais, testes de carga do outro lado da fronteira e apressada celebração do contrato, eram do jaez das que se colhem no video.

    Nem mesmo a consistência dos estudos que garantiam um retorno fantástico do esforço publico conseguiu ser auditada ou demonstrada com credibilidade, ficando das poucas explicações o sabor que tiveram as declarações de Futre quando prometia charters repletos de chineses se o grande SCP investisse no melhor jogador chinês...

    Com tudo isto se obnubilou a resposta séria a questões fundamentais. Portugal precisa do TGV? Pode ou deve ficar de fora da rede europeia de alta velocidade, marginalizado e satisfeito com um comboio que faz 200-250Km "que também é uma velocidade alta" como dizia ontem o comissário europeu a acreditar a imprensa?

    Não sei, com franqueza. Mas se a resposta correta do ponto de vista do interesse nacional for: "não, não podemos ficar mais periféricos do que já somos", uma coisa para mim é segura - neste momento, ainda que o contrato fosse visado, o país não teria condições para dar prioridade a este investimento e a investimentos como este.

    Salvo se a Europa, claro está, estivesse disposta a alterar o paradigma do apoio a projetos transeuropeus (o que defendo, por exemplo, na área do ambiente, para a Rede Natura)e se responsabilizasse pela integralidade componente pública da linha de transporte de passageiros. Mesmo assim, contas teriam de ser feitas quanto ao custos v. proveitos da operação da infraestrutura e do material.

    Maçador, mas deu-me para registar...

    ResponderEliminar
  9. Muito bem dito, caro Ferreira de Almeida

    ResponderEliminar
  10. Anónimo19:48

    Caro Ferreira de Almeida, aponta algo sobre as PPP que vejo com preocupação e que realmente é o que tem acontecido em Portugal indo-se deitar fora o bebé com a água do banho. As PPP são formas válidas de financiamento de infra-estruturas de transportes? São, claro que são. Podem aplicar-se a tudo o que se construa? Evidentemente que não. São aplicaveis nuns casos, não o são noutros. E o que é mais, há infinitas possibilidades para um contrato de PPP. Ou seja, adequam-se a uns casos e não a outros e naqueles a que se adequam há que cuidar de usar o modelo de PPP adequado e não um qualquer aleatório. O grande problema das PPP em Portugal tem sido serem usadas não como financiamento de transportes mas sim como desorçamentação e como se não fosse pouco, à toa, sem minimamente adequar caso a caso. Claro que deu asneira e agora a posição da opinião publica vai no sentido de banir as PPP, ou seja, vai água, vai bebé e nem o patinho de borracha escapa.

    Quanto à valia da AV e os seus benefícios, como já tenho dito, nunca houve nenhum projecto de transportes tão avaliado em Portugal. Conheço e li com atenção todos os estudos e apenas num (precisamente o que deu pé à história de Lisboa ser praia de Madrid) consegui descobrir brincadeiras com números. Muito vergonhosas, aliás, enfim. A salientar que os estudos foram feitos por consultoras internacionais de grande reputação e com clientes relevantes como por exemplo o Department of Transportation Americano ou o Banco Mundial. Por exemplo uma das coisas demonstradas (e, enfim, até empiricamente se chega lá embora as analises de sensibilidade sirvam para a quantificação rigorosa do fenómeno) é que um tempo de viagem de 4h ou 4h30 de Lisboa a Madrid é inutil dado não atrair passageiros bastantes e o que é mais, não atrair os passageiros de alto yield que são os que mais interessam, até. Um dos erros da discussão é que nesta coisa da AV tem-se partido na opinião publica do fim para o principio. A velocidade não é um objectivo em si. O tempo de viagem sim, é-o. E consoante o tempo de viagem que se necessita assim se adequa a velocidade.

    Chegamos agora à oportunidade do investimento e isso eu também sei que a ocasião é péssima. É-o agora e é-o há muito tempo. Tendo porém por base todo o historial do processo e os compromissos assumidos o problema virou-se para como os reverter sem fortissimas penalizações para o Estado Português e esse "como" é que nunca vislumbrei. As pressões que vêm sendo exercidas pela UE sobre Portugal quanto ao tema testemunham bem esta questão da possibilidade de agora anular tudo... ou a falta dela.

    ResponderEliminar
  11. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderEliminar
  12. INSANO e CRIMINOSO.

    INSANO porque ninguem no universo potecial de viajantes Madrid-Lisboa, deixaria de viajar por só ter a alternativa avião (mais rápida e barata) para se deslocar, (para além do carro claro, e não estou a ver ninguém vir fazer férias a Portugal e não trazer carro). Admito que uma minoria optaria - uma vez apenas- pelo TGV para experimentar, mas logo se converteria ao avião.

    CRIMINOSO, porque tudo não passou de uma artimanha para encher os bolsos das empresas e pessoas que giravam à volta deste negócio. A prova: A REFER demorou DOIS ANOS a informar o Tribunal de Contas (comunicado de 24-03-2012) das questões que lhe eram postas, o que assim justificaria os mais de trezentos milhões que a Soares da Costa vem "agora" exigir deste governo.
    Uma malandragem esta gente. E ninguém vai preso...

    ResponderEliminar