Tarde cinzenta a querer chorar mas sem vontade. Olha-me com um ar lacrimejante, derramando pequeninas gotas que lentamente acariciam as águas adormecidas acordando-as do seu espelhar de vida. O ar, suave e cálido, tranquiliza o espírito. Um dos raros momentos em que a alma se imobiliza. Sons dispersos, numa cantadeira feliz, inundam o espaço, sem se incomodarem com a presença do ser humano, não lhes interessa. Fazem bem. Folhas secas e enrugadas agarram-se teimosamente aos ramos dos carvalhos. Não caiem, não sabem que já morreram, mesmo que a seu lado brotem novas vidas. O tempo dorme, às tantas sonha, com quê, nem ele sabe, nem irá recordar-se, mas eu estou nele. E se ele não acordasse mais?
Sonhar dentro do sono do tempo é o que eu mais queria. Há de chegar esse dia.
Na mais bela calma e sem vida.
Aos 30 anos, Zaraustra decidiu afastar-se do mundo onde vivia. Subiu uma montanha e viveu nela durante 10 anos. Certo dia, acordou ao alvorecer, saiu da caverna onde vivia e voltando-se para o sol que nascia interrogou-o: que seria de ti, seu eu e todos os animais que iluminas e a que dás vida com os teus raios, deixassemos de existir?
ResponderEliminarAcho que Saratustra fêz na realidade a pergunta si mesmo e não ao sol, pois nesse mesmo dia desceu a montanha e reuniu-se de novo aos Homens, porque percebeu que os amava tanto como o Sol.
;)
Caro Professor Massano Cardoso
ResponderEliminarBonita reflexão! A permitir diferentes leituras. Em cada canto da natureza deparamo-nos, sempre que queremos, com a vida. Quem não tem pena de a perder?
"Assim falou Bartolomeu"...
ResponderEliminarÉ isso Margarida, diferentes leituras para quem lê e, talvez, não tenho a certeza, para quem escreve...