1.Não creio que haja já emenda possível para toda uma série de comentadores político-económicos que continuam agarrados à ideia de que, apesar da situação aflitiva a que o País chegou, compete ao Governo “promover” o crescimento económico por todos os meios ao seu alcance...
2.Alguns são mesmo bem explícitos na receita e advogam abertamente o regresso ao aumento da despesa como forma de impedir o que entendem por “colapso” da economia: nesse sentido, ouvi por exemplo há 2 ou 3 dias o SG de uma importante confederação sindical afirmar, sem rodeios, que se não houver um aumento da despesa e da procura interna propulsionada por esse aumento, a economia afundar-se-á...
3.Impressiona bastante este apego mítico aos méritos da despesa pública como motor da economia, quando estamos a passar por uma crise financeira gravíssima que só não resultou em bancarrota porque em Maio do ano passado o País celebrou um acordo com o serviço de urgências da União Europeia e do FMI, de que resultou o Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF) em curso até 2014...
4.A leitura dos relatórios da UE e do FMI, recentemente divulgados, relativos ao 3º exame da implementação do PAEF, não deixa quaisquer dúvidas quanto ao que nos cabe fazer nos tempos mais próximos: tudo menos deixar derrapar a despesa pública; é absolutamente evidente que qualquer recuo no processo de consolidação orçamental representará a “morte do artista”.
5.Pode discutir-se a questão das reformas estruturais, perguntando por exemplo porque motivo não existe maior determinação da parte do Governo no cumprimento do objectivo de cortar rendas excessivas de que beneficiam empresas instaladas em mercados protegidos, de que é exemplo mais emblemático o da electricidade - rendas que são um custo excessivo para os consumidores, nomeadamente as empresas expostas à concorrência externa.
6.Mas nem por um momento poderemos cair na tentação de ouvir essas sereias (algumas bem feias, por sinal) que nos apontam o regresso à via do crescimento virtuoso da despesa...
7.A noção de que poderemos escolher o nosso próprio caminho, deixando de atender aos compromissos que assumimos e voltando ao modelo clássico de “empurrar” a economia com o orçamento, situa-se no plano suicidário: em 1º lugar, a simples tentativa de levar por diante essa ideia acabaria em poucos dias, por absoluta falta de “matéria prima”; em 2º lugar, a crise de confiança que esse gesto provocaria colocava-nos de novo na estaca zero, de mão estendida mas desta vez sem argumentos para receber qualquer coisa em troca desse gesto...
8.É curioso, por isso, que uma notável personalidade que se vem pronunciando quase diariamente e em quase todos os órgãos de comunicação social sobre a política nacional, tenha vindo dizer que “Passos Coelho está a fazer um péssimo trabalho”...
9.Não vou discutir a qualidade do trabalho que Passos Coelho está a fazer até porque tenho mais em que ocupar o meu tempo: direi apenas que esse trabalho, ainda que seja mau, seria INFINITAMENTE PIOR se cedesse à tentação de regresso ao “crescimento económico” que o crítico em questão tanto advoga...
2.Alguns são mesmo bem explícitos na receita e advogam abertamente o regresso ao aumento da despesa como forma de impedir o que entendem por “colapso” da economia: nesse sentido, ouvi por exemplo há 2 ou 3 dias o SG de uma importante confederação sindical afirmar, sem rodeios, que se não houver um aumento da despesa e da procura interna propulsionada por esse aumento, a economia afundar-se-á...
3.Impressiona bastante este apego mítico aos méritos da despesa pública como motor da economia, quando estamos a passar por uma crise financeira gravíssima que só não resultou em bancarrota porque em Maio do ano passado o País celebrou um acordo com o serviço de urgências da União Europeia e do FMI, de que resultou o Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF) em curso até 2014...
4.A leitura dos relatórios da UE e do FMI, recentemente divulgados, relativos ao 3º exame da implementação do PAEF, não deixa quaisquer dúvidas quanto ao que nos cabe fazer nos tempos mais próximos: tudo menos deixar derrapar a despesa pública; é absolutamente evidente que qualquer recuo no processo de consolidação orçamental representará a “morte do artista”.
5.Pode discutir-se a questão das reformas estruturais, perguntando por exemplo porque motivo não existe maior determinação da parte do Governo no cumprimento do objectivo de cortar rendas excessivas de que beneficiam empresas instaladas em mercados protegidos, de que é exemplo mais emblemático o da electricidade - rendas que são um custo excessivo para os consumidores, nomeadamente as empresas expostas à concorrência externa.
6.Mas nem por um momento poderemos cair na tentação de ouvir essas sereias (algumas bem feias, por sinal) que nos apontam o regresso à via do crescimento virtuoso da despesa...
7.A noção de que poderemos escolher o nosso próprio caminho, deixando de atender aos compromissos que assumimos e voltando ao modelo clássico de “empurrar” a economia com o orçamento, situa-se no plano suicidário: em 1º lugar, a simples tentativa de levar por diante essa ideia acabaria em poucos dias, por absoluta falta de “matéria prima”; em 2º lugar, a crise de confiança que esse gesto provocaria colocava-nos de novo na estaca zero, de mão estendida mas desta vez sem argumentos para receber qualquer coisa em troca desse gesto...
8.É curioso, por isso, que uma notável personalidade que se vem pronunciando quase diariamente e em quase todos os órgãos de comunicação social sobre a política nacional, tenha vindo dizer que “Passos Coelho está a fazer um péssimo trabalho”...
9.Não vou discutir a qualidade do trabalho que Passos Coelho está a fazer até porque tenho mais em que ocupar o meu tempo: direi apenas que esse trabalho, ainda que seja mau, seria INFINITAMENTE PIOR se cedesse à tentação de regresso ao “crescimento económico” que o crítico em questão tanto advoga...
Concordo com o Senhor, caro Dr. Tavares Moreira, quando diz que a salvação da economia não pode ser encontrada no aumento da despesa orçamental do estado. Mas discordo com a opinião de que não compete ao «Governo “promover” o crescimento económico por todos os meios ao seu alcance.»
ResponderEliminarNo meu ponto de vista, compete. Primeiro porque essa acção do governo foi uma promessa eleitoral que, a par de outras, deve ser honrada. Segundo porque é o Governo que legisla e fa-lo para regular e regulamentar a economia e as finanças.
Terceiro porque é o Governo e só ele, que pode usar a soberania do país, para se candidatar aos programas de apoio e desenvolvimento para as diferentes áreas da economia.
Concordo ainda com o ponto 5 deste post, onde penso que deveriam ter sido incluídas, não no âmbito das reformas estruturais e das administrativas, mas da justiça, a condenação dos autores das fraudes que todos conhecemos, e a restituição das fortunas que nelas estão envolvidas.
Se essa determinação fosse tomada, então sim, estaria o Governo a fazer tudo o possível para que fosse reposta a confiança dos portugueses, num Governo que se propôs governar com justiça equidade, transparência e etc, etc, etc.
a sociedade Magalhães, Coelho & Salgado precisa de fazer negociatas
ResponderEliminarApreciei também a outra distinta personalidade da mesma área, e conhecido pela sua perspicácia na localização de aeroportos, que acusa o governo de ser governado por tecnocratas sem experiência política. A mim pareceram-me excelentes notícias uma vez que no meu léxico tal afirmação traduz-se como "é gente que sabe e não uns pantomineiros quaisquer que acham que a vida é feita de conversa mole para ser feita à conta dos papalvos".
ResponderEliminarNo entanto, parece que ainda há muita gente que aprecia "não tecnocratas com experiência política". Devem ser os mesmos que acham que despesa pública é bom, que os búzios preveem o futuro e acreditam que existe o moto perpétuo.
Caro Tavares Moreira:
ResponderEliminarEu já não consigo classificar se não por estupidez ou má fé ou pelas duas razões juntas quem advoga, nas actuais circunstâncias em que vivemos, o crescimento através da despesa pública. Os 2 governos anteriores aumentaram-na até mais não, com reflexos no aumento brutal de impostos e no crescimento da dívida pública para o dobro, com as consequências conhecidas: mais 350.000 desempregados e o pedido de ajuda externa.
O crescimento da economia só lá irá pela competitividade e pela diminuição dos custos de contexto. Esse tem que ser o objectivo do governo e é isso que promove o crescimento. Nunca com mais do veneno que trouxe o país para o estado lamentável em que se encontra.
Caro Tavares Moreira
ResponderEliminarA realidade, mesmo negada, cedo ou tarde acaba por se impor. Entre o cedo e o tarde, apenas se diferencia pelo custo que teremos de pagar.
Este ano a natalidade declinante que negamos há mais de uma década, vai acabar por se impôr.Por isso, voltar ao modelo que utilizamos durante mais de 35 anos é, demograficamente, impossível.
Está difícil fazer "entrar" esta ideia nos cidadãos e nas "elites" mas, o segundo semestre vai "ajudar" a tomar consciência.
Cumprimentos
joão
Caro Bartolomeu,
ResponderEliminarEu até compreendo a sua observação em relação ao ponto de competir ou não ao governo "promover o crescimento por todos os meios ao seu alcance"...uma mente sã e bem intencionada como a sua entende que um governo, um qq governo, não pode alhear-se das preocupações com o crescimento e já agora se me permite, com uma tão equitativa quanto possível distribuição da riqueza que é criada.
Mas o ponto não é esse, meu Caro Bartolomeu: o ponto é que, sempre que um governo - estou a referir-me à nossa experiência de vida - resolve, empenhadamente promover o crescimento weconómico, o resultado tem sido o inverso como está bem à vista.
Daí que eu prefira que os governos não se empenhem excessivamente na promoção do crescimento económico e deixem isso para quem sabe fazer melhor...cumpram bem e mais eficientemente as funções nucleares do Estado e já farão muito.
Quer melhor exemplo do que aquele que nos é dado pelo comportamento surpreendentemente positivo das exportações portuguesas neste delabar de 2012? Acha que é resultado do emprenho do governo no crescimento económico?
Caro Toniblwer,
A outra distintíssima personalidade que refere destaca-se, notavelmente, por perorar em estilo aleatório...
Essa álea tem todavia uma restrição que resulta do facto de a personalidade em questão apontar sempre para o lado errado...
E esse requisito da experiência política já está suficientemente testado para percebermos que nos devemos preocupar muito pouco com ele...ou para nos preocuparmos sempre que for invocado como critério de selecção de responsáveis...
Caro Pinho Cradão,
Estamos em perfeita sintonia, sim senhor!
Caro João Jardine,
Oxalá tenha razão e a sua expectativa se confirme, veremos. Eu, neste domínio, já estou como o crente que para acreditar precisa primeiro de ver...
Caro Dr. Tavares Moreira, começo por lhe agradecer o comentário que me dirige. Mas, em resposta ao mesmo, confirmo: o crescimento surpreendente que os indicadores da exportação têm referido, não se fica a dever, no meu ponto de vista, a qualquer esforço do actual Governo, mas sim do anterior, que tudo fêz nos mercados estranjeiros, para que a produção nacional fosse preferida, culminando nos actuais resultados.
ResponderEliminarCaro Bartolomeu,
ResponderEliminarO meu ilustre amigo acordou com uma incontida veia humorística, hoje?
Se assim foi, ainda bem, desejo-lhe muito sinceramente um resto de dia mantendo essa mesma excelente disposição!
Angola, Moçambique, Brasil, China e até Líbia, onde foi, pelo menos 4 vezes eaté designou Kadafi por "Líder Carismático", foram alguns dos países onde José Socrates, acompanhado de Luis Amado se deslocou para negociar, construcção, turismo, energia, banca, produtos alimentares e industriais.
ResponderEliminarNão creio que isto seja humor, caro Dr. Tavares Moreira.
;)
Caro Bartolomeu,
ResponderEliminarSe não for humor apenas, então será humor negro!
Em qq caso, gabo-lhe a boa disposição!
Aproveio para lhe dizer,(i) com algum conhecimento de causa, que o crescimento das exportações para Angola nada tem a ver com essas viagens, (ii) que as exportações para o Brasil este ano até estão a crescer muito pouco (+2%) e (iii) que, segundo informação que ontem me foi prestada, o fortíssimo crescimento das exportações para a China nestes últimos meses se deve em boa parte à Auto-Europa.
Muito bem, caro Dr. Tavares Moreira, fiquemos então por aqui, sem deixarmos que se perca o bom humor.
ResponderEliminarCaro Bartolomeu,
ResponderEliminarO seu bom humor e a minha consideração pela sua pessoa são valores inquestionáveis e que deverão ser naturalmente conservados e (se possível ainda) valorizados!
Tenha um óptimo dia!
Sem dúvida caríssimo Amigo, eu também não confundo "o meio da rua" com "a rua do meio".
ResponderEliminarNunca, qualquer ponto de vista divergente será alguma vez, motivo para que o respeito, a consideração e a estima que lhe reservo, enfraqueçam.
;)
Um excelente dia, também para si, caro Dr. Tavares Moreira (se possível, complementado com um excelente almoço...)
;)