domingo, 22 de abril de 2012

Absurdos e galináceos...


As coisas que não sabemos. Portugal está em risco - ou melhor estão os produtores do sector avícola, estão os consumidores e está a balança comercial porque somos exportadores de ovos - de perder três milhões de galinhas por não cumprir com as dimensões europeias das gaiolas das galinhas poedeiras. O destino destas galinhas poderá ser o abate. De um momento para o outro perderíamos metade das galinhas nacionais e o correspondente em ovos. Seria um grande prejuízo para o país. Num momento de crise como aquele que estamos a atravessar o que dizer de uma medida desta “envergadura”?
Uma directiva comunitária que entrou em vigor no início do ano - note-se que com um atraso de doze anos - estabelece novas medidas para as “casas” das galinhas poedeiras porque as galinhas precisam de uma nova dignidade, devem ter mais espaço para viver, dormir, subir aos poleiros, desgastar as próprias garras e pôr os ovos.
Pergunto-me se a união europeia não tem coisas mais interessantes a que se dedicar, questiono-me sobre a utilidade deste intervencionismo. Estarei errada, eu sei, porque deve estar cientificamente provado quais são as condições de habitabilidade que asseguram a qualidade de vida das galinhas. Evidentemente que nada tenho contra o bem-estar dos galináceos, mas francamente temos coisas bem mais graves e prioritárias para resolver. Antes das galinhas estão as pessoas. Vivemos tempos de absurdos.

8 comentários:

  1. Eu vivo numa casa de pouco mais de 40m2; já deixei de ter o aquecimento ligado no inverno por ser incomportável a conta da EDP; pertenço ao grupo dos desempregados de longa duração, com reduzidíssimas hipóteses de emigrar (como vem sendo aconselhado); por enquanto ainda tenho internet...mas entretanto, acho que vou aproveitar e fazer uma exposição a Bruxelas a dar conta da minha e de outras situações piores, quem sabe se dão prioridade ao meu caso e assim "salvo" por enquanto a vida dos galináceos! (Só espero que não me mandem abater (!)), mas como todos temos de morrer e temos, enfim era um problema que se resolvia!

    Se não fosse tão dramaticamente vergonhoso dava para rir!

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  2. Anónimo22:26

    Alguma da gente que povoa os gabinetes de Bruxelas tem menos cérebro que os galináceos que querem proteger! O testemunho anterior de Fenix diz tudo.

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  3. Também gostava de saber quantos e quis os países que já cumprem essa directiva, "chocada" há 12 anos, e qual o motivo pelo qual se tornou tão premente cumprir essas regras. Numa altura em que se revêem muitos dos excessos em que se caiu, como o tamanho da fruta, a dimensão milimétrica dos quartos nos lares de idosos e outras que tais, justificava-se bem uma explicação da oportunidade e das consequências.

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  4. Se esta medida tivesse origem no gabinete de um ministro portuguÊs, já sabíamos que o "dito" teria um familiar próximo, que tinha inventado uma máquina de fazer ovos, ou até, que já tinha a fabriqueta montada...

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  5. Mas estes são os bons exemplos de favorecimento de privados pelo estado. Uma quantidade indeterminada de privados que vivem à conta do contribuinte europeu impõem regras absurdas para justificar uma posição da qual não se conhece préstimo para bem comum. Para que é que o contribuinte paga impostos? Para receber de volta uma lei que não pode cumprir. Portugal está cheio disto, mas Bruxelas é só isto.

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  6. A directiva está na wikipedia (com links para o original).

    http://en.wikipedia.org/wiki/European_Union_Council_Directive_1999/74/EC

    Como é patente em 1999 foi dado um prazo de 12 anos para aplicação da dita. Os productores não o fizeram e agora estão aparentemente em incumprimento.

    Conhecendo o tuga de perto, isto de esperar 12 anos até que o problema estoure nas mãos, não me espanta. É tuga mesmo.

    Sobre a burocracia da EU também estamos de acordo.

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  7. Cara Fénix
    O seu testemunho seria suficiente para demonstrar o absurdo das muitas “gaiolas” a que estamos presos.
    José Mário
    Um povoamento que se tem vindo a refinar.
    Suzana
    Li que são catorze os países que não cumprem com a directiva, um número ainda assim significativo. Desconheço as razões para um tamanho incumprimento. Mas a lei é para cumprir, se há crise, se não há meios, se há perda de quota de mercado, se há troika, se há excessos, paciência as galinhas não podem esperar. O excesso tem várias definições, varia consoante o contexto em que é utilizado.
    Caro Bartolomeu
    Mas que mente tão criativa.
    Caro Tonibler
    Há muitos exemplos. Lembra-se da directiva que obrigava os automóveis a terem nas rodas traseiras umas borrachas (não conheço o nome técnico) para não salpicar água? Foi obviamente um grande negócio.
    Caro Ilustre Mandatário do Réu
    Somos assim, doze anos de adiamento e depois logo se verá. É tipicamente português. As gaiolas das poedeiras são tipicamente europeias. Estamos muito bem servidos.

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  8. É incrível é que estejam dispostos a matar as nossas galinhas poedeiras, porque as gaiolas não têm as dimensões regulamentares, mas depois obrigam-nos a importar os ovos de países que de certeza cumprem ainda menos regras em relação à qualidade de vida das galinhas do que nós.

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