quarta-feira, 16 de maio de 2012

Grécia: cenário de bancarrota perfila-se?

1. É notícia desta tarde: o BCE começou a restringir o financiamento a bancos gregos, aparentemente em consequência do incumprimento de requisitos de capital por parte desses bancos.


2. Os requisitos de capital não poderão ser cumpridos enquanto pelo novo Governo grego, saído de eleições, não for confirmado o novo programa de ajustamento económico e financeiro associado ao 2º pacote de ajuda financeira de € 130 mil milhões, no qual se inclui um apoio de cerca de € 50 mil milhões para reforço do capital dos bancos (recorde-se que em Portugal esse apoio é de € 12 mil milhões e muito provavelmente não vai ser utilizado em mais de 50%)...

3. Como as eleições estão agora agendadas para 17 de Junho e os requisitos de capital deveriam estar satisfeitos até 30 de Junho, temos aqui mais um imbróglio nesta tragédia grega...

4. Ontem, fonte da Presidência da República grega terá referido que só na última 2ª Feira teriam sido feitos levantamentos de depósitos dos bancos gregos de mais de € 700 milhões (pareceu-me pouco, não obstante a gordura do número)...e acrescentou que a situação de alguns bancos se apresentava bastante periclitante...

5. Todas estas notícias são equivalentes a uma chuva de gasolina em cima de uma casa a arder, pois é fatal que a sua divulgação vai acelerar ainda mais a fuga de dinheiro dos bancos gregos...será que vão aguentar até 17 de Junho sem uma ajuda excepcional do BCE?

6. Mas se a “ajuda” do BCE consistir, como agora se anuncia, em impor restrições ao financiamento desses bancos o que é que se poderá esperar?

7. O cenário de bancarrota na Grécia que aqui admiti num dos últimos Posts perfila-se, pois, e pode conduzir a uma situação sem retorno, “maxime” à inviabilidade das eleições na data prevista, quem sabe?

15 comentários:

  1. A estupidez dos requisitos de capital... ainda faltava esta! Este é o único ponto em que concordo com os gregos. Andar a consumir recursos para cumprir com uma norma administrativa que se sabe que não serve para nada, não faz sentido nenhum. Pensar que vai ser esse o ponto que vai despoletar o resto, depois de tudo o que de realmente grave aconteceu, é para rir.

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  2. Anónimo20:27

    Há um rumor nas últimas horas de que foi imposto um limite de 50€ diários para levantamentos do sistema bancário. Se alguém souber mais sobre o assunto ou dispuser de alguma fonte que o possa confirmar agradecerei a amabilidade.

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  3. Caro Tonibler,

    Uma estupidez necessária, neste caso...
    Sem um mínimo de capital próprio os bancos sucumbem ao primeiro abanão da economia e acabam por eles próprios precipitar crises económicas muito mais profundas! Pensamento genial este,digno do majestoso homem público a quem o P. Cardão tem dado grande audição ultimamente...

    Caro Zuricher,

    Não tenho ainda notícia, mas não me espantaria a imposição de restrições desse tipo...são exactamente medidas dessas que podem ter influência decisiva no próximo acto eleitoral - isto, evidentemente, pressupondo que a Grécia consegue lá chegar...

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  4. Caro Tavares Moreira, os actos eleitorais, neste contexto, têm muito pouco sentido, muito menos o do empenho colectivo que confia no eleito.Teria sido preferível manter o doente ligado à máquina, com o governo que não escolheu, do que fazê-lo passar por esta farsa da livre escolha que não é escolha nenhuma.E as pessoas respondem como se sentem, não percebo a estranheza europeia sobre isso.

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  5. Isso não é exactamente verdade, caro Tavares Moreira. Já se demonstra que o nível de capital mínimo regulamentado em nada evita a profundidade da crise, pelo contrário. Aliás, tive acesso a um estudo que mostra que esse nível de capital aparece em todos os sectores e gerado pelo próprio mercado conforme o estado da economia.
    Aquilo a que o BCE se agarra, também porque é obrigado por Basileia, é uma mera regra administrativa sem grande utilidade (prejudicial, até) na estabilidade do sistema financeiro. A culpa, pode sempre atirá-la para os ministros das finanças e para a comissão, mas a verdade é que se o BCE não quisesse cumprir com Basileia, não haveria Basileia e a coisa resolvia-se.

    Como diz a cara Suzana aí em cima, se a ideia era tramar os Gregos, tivessem-no feito com bons argumentos, não com um detalhe administrativo que está errado.

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  6. Anónimo00:06

    Tendo a concordar fortemente com a Suzana...

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  7. Caro Tavares Moreira

    Recomendava a todos que se interessam por esta fase da criação da eurolândia que, conseguissem ouvir, ou ler a transcrição, do discurso de David Cameron nos Comuns; ontem ou ante ontem.
    Mais claro só mesmo fazendo um desenho....
    Cumprimentos
    joão

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  8. Caro Tavares Moreira

    Recomendava a todos que se interessam por esta fase da criação da eurolândia que, conseguissem ouvir, ou ler a transcrição, do discurso de David Cameron nos Comuns; ontem ou ante ontem.
    Mais claro só mesmo fazendo um desenho....
    Cumprimentos
    joão

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  9. Cara Suzana,

    Terá reparado, certamente, que em momento algum manifestei aprovação pelo acto eleitoral na Grécia...
    O acto eleitoral na Grécia é uma escolha dos gregos, ninguém lhes impôs que avançassem já para eleições...
    Na Itália, como sabe, o governo de tecnocratas tem um mandato bem mais longo do que o que foi dado ao governo grego...
    Cada país escolhe, soberanamente, as soluções que mais lhes convêm, supostamente as melhores - o problema é que, no caso da Grécia, as melhores soluções têm também sido, estranha e invariavelmente,as piores...

    Caro Tonibler,

    A ideia de tramar os gregos partiu dos próprios, é bom não perder essa perspectiva...os gregos escolheram, livremente, dedicar-se à construção do mais completo e acabado Estado Social, sem terem recursos para tal, convencidos que os anos passavam e que ninguém iria indagar de onde vem o dinheiro...até que uma conjunção de eventos conduziu a que essa indagação acabasse por ser suscitada e aí a nudez da situação ficou à vista de todos, tornando-se insustentável...
    Quanto à questão do capital dos bancos, meu Caro, bem longe (muito longe mesmo) de ser um apologista do regulacionismo pesadíssimo,quase sufocante, a que se encontra actualmente sujeita a actividade bancária - com benefícios muito duvidosos - não posso deixar de reconhecer que as exigências de capital, maiores ou menores não discuto agora, são essenciais para salvaguardar a credibilidade dos intermediários financeiros.

    Caro João Jardine,

    Se quiser ter a gentileza de me fornecer um endereço, poderei fazer-lhe chegar alguns textos que sobre este mesmo tema publiquei no D. Económico há cerca de 10 anos - colocando a questão da insustentabilidade das políticas então seguidas face ao novo regime económico resultante da participação no Euro...foi há 10anos e durante anos a fio continuamos a insistir - direi que com crescente empenho - nos mesmos erros,só nos podemos queixar de nós próprios...

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  10. Caro Tavares Moreira,

    Independentemente da alavancagem ser indicador da crediblidade do banco, o que está em causa é a credibilidade perante o BCE, aquele que tem o poder absoluto da regulação. Se o BCE dissesse que isso não era tema, não era. Se está a dizer que é, é porque estão a atirar os gregos para o buraco. Que foram eles que o cavaram, disso não tenhamos dúvidas.

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  11. Caro Tonibler,

    Então o meu Caro já atribui poderes de regulação - e absolutos - ao BCE?
    A regulação ainda é nacional, e em alguns casos está fora dos bancos centrais...
    Para além do curioso exemplo de Espanha que ainda há poucos dias retirou competências de regulação/supervisão ao Banco de España, por terem entendido que este andou muito mal na reestruturação das cajas de ahorro, amalgamando situações em lugar de limpar balanços...
    Por cá (sintomaticamente) este episódio foi quase ignorado, não fosse o diabo tece-las...
    Quanto ao BCE e os bancos gregos, não exageremos as consequências da medida do BCE (tecnicamente inatacável, de resto): O BCN grego continua a apoiar esses bancos através de uma linha chamada de emergência de liquidez (um 112 especial), não vão pois sufocar, por enquanto...

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  12. Caro Tavares Moreira,

    eu já e o meu caro também. No dia em que "decidimos" aderir ao euro. No que a regulação a sério diz respeito os "bancos centrais" nacionais são meros balcões do BCE, fazem corretagem de ficheiros de Excel. Bem, inventam umas coisas de "defesa do consumidor" e outros detalhes localizados para justificarem o papel de polícias, mas naquilo que compra melões (que regula) que é o que interessa no fim do dia, quem manda é o BCE. Como, aliás, o exemplo espanhol é tradução disso, não houvesse euro e o Banco de Espanha mandava a coroa brincar aos barquinhos.

    O que me faz confusão é que o facto da não cedência de fundos aos bancos gregos deve ser velho e se a notícia sai é porque o BCE quis fazer sair. E os rapazes lá do BCE devem saber exactamente o que uma notícia destas faz ao esfrangalhado sistema financeiro grego.

    Entretanto o FMI diz que não fala com o governo de transição e que vai esperar pelas eleições para ver no que dá. Tudo isto me parece muito com "a porta da rua é serventia da casa"...

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  13. Caro Tonibler,

    "Eu já e o meu caro também"...assim começa o seu último comentário, referindo-se à atribuição de poderes de regulação ao BCE.
    Não sendo óbvia essa conclusão, bem longe, ela só pode mesmo ser explicada pela imensa generosidade das nossas almas...muito maior a sua, certamente!

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  14. Caro Tavares Moreira

    Tenho todo o gosto em ler os seus artigos.
    O endereço de email é um gmail.com; coloque joaojardine antes.
    Cumprimentos
    joão

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  15. Caro Tavares Moreira

    Tenho todo o gosto em ler os seus artigos.
    O endereço de email é um gmail.com; coloque joaojardine antes.
    Cumprimentos
    joão

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