Pela manhã li o texto da Margarida Corrêa de Aguiar. E logo o associei à Lusitana Paixão na voz ímpar de Dulce Pontes que sempre me faz arrepiar. Tal como o post anterior da Margarida, a canção traz ao pensamento o espanto de um País pequeno que assente num retangulo de terra pobre é capaz de proezas e heroismos, capaz de se reerguer da pobreza e da dificuldade e descobrir tantos mundos, tantas riquezas, replicando o seu mundo naqueles que descobriu. Capaz também de partilhar o que é seu: a sua língua, a sua cultura, a sua arquitetura, a sua fé, a sua tolerância, a sua mundividência! Lembrei-me da emoção e o orgulho que sempre sinto quando encaro lá longe testemunhos de uma presença que me pertence como português. Lembrei-me, em especial, do momento em que pisei Ouro Preto em Minas Gerais, no Brasil interior, vendo ali representado o Portugal que, estou convicto, nunca deixámos de ser. De sentir a dimensão de um povo que nos momentos dificeis se transcende, tornando-se grande sendo pequeno nos números por que se mede a dimensão das pátrias, e pobre pelos poucos favores que o território lhe proporciona.
Pensar e viver Portugal para além do efémero, do conjuntural. Ideia que me perseguiu durante todo o dia, quando de manhã no escritório tive de encarar a aflição de mais um cliente a somar à coleção dos que se abeiram da insolvência; quando pelo almoço se comentou a preocupante situação de uma economia que não controlamos; ou há pouco quando um colega ilustre me deu a conhecer o artigo de Helena Garrido onde clarividentemente fala do medo instalado na sociedade portuguesa (que por coincidência ilustrou com outra interpretação da Dulce). Não resisti. Fui ouvir a Lusitana Paixão e arrepiar-me com a força e a esperança que sobressai daquela canção. Regresso a casa com o sentimento de que me arrumei interiormente. Volto com mais força, convencido de que, tal como outrora, não faltará nem energia nem alma para nos absolver do fado triste a que, dizem alguns, estamos de preceito condenados.
Pieguices, dirão. Talvez. Mas amanhã cá estarei, português orgulhoso, de ânimo renovado!
Pieguices, dirão. Talvez. Mas amanhã cá estarei, português orgulhoso, de ânimo renovado!
Caro Drº Ferreira de Almeida,
ResponderEliminarExcelente!
É assim mesmo!, apesar de tudo temos muitas razões para nos orgulharmos do nosso País e do que somos, já vai sendo altura de perdermos a mania de nos inferiorizarmos sempre em relação aos outros povos, não sei se por ignorância se por falsa modéstia.
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