domingo, 13 de maio de 2012

Regresso ao Império do Sol Nascente


Pagode em Nikko

Estive cá há dezassete anos e já naquela época tinha ficado admirada. De novo no Império do Sol Nascente venho encontrar um país próspero que continua a surpreender pela positiva. O que mais admira nos japoneses é o seu forte sentido de colectivo, devoção ao trabalho e capacidade de organização. Estas três características explicam o sucesso do seu modelo económico, assente numa forte coesão social. 
Ao lado dos milhões de metros quadrados  que se erguem nos céus de Tóquio não faltam os lindos jardins japoneses e o espaço público pensado para as pessoas cuidadosamente arquitectado e mantido. Tudo envolto numa ilimitada criatividade e inovação. Não é por certo fácil gerir uma cidade na qual habitam treze milhões de habitantes, e na metrópole trinta e três milhões de pessoas, numa área relativamente pequena, mas quem vem de fora rapidamente percebe que a educação e a organização explicam a qualidade de vida que se respira. 
Fiquei, por exemplo, intrigada por não encontrar caixotes de lixo nos locais públicos e ao mesmo tempo não ver um único papel no chão ou uma beata que seja. Explicaram-me que não são necessários porque as pessoas não fazem lixo na rua, os caixotes de lixo estão onde são necessários, nos supermercados e nas lojas. Fumar em locais públicos é proibido, existem zonas marcadas para o efeito, devidamente preparadas para acolher os fumadores e o fumo que fazem. As regras são escrupulosamente cumpridas por todos.
A par destas civilização moderna, as crenças e os rituais estão presentes no quotidiano dos japoneses, permanecendo para além do tempo. Por exemplo, o culto do chá – faz parte das regras da hospitalidade, a sua preparação demora aproximadamente dez minutos - e a importância dos números – os ímpares são os números da sorte e os pares os números do azar, os pagodes são sempre compostos por um número ímpar de andares. 
O choque cultural é grande, mas a cordialidade com que recebem é bem superior...

9 comentários:

  1. O que conheço da vida e da cultura dos japoneses é fruto daqui, de alguns blogues.

    Parece-me que neste país não existem corruptos, buscando para si e para os amigos aquilo que é de todos.

    Existem leis que se cumprem e crianças que crescem com formação moral e humana.

    Os japoneses apostam tudo na educação e boa formação dos seus jovens e por isso são um país próspero.

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  2. Anónimo11:44

    Cultura e civilização extraordinárias. Japão na Ásia e Suiça na Europa são exemplos de dois Estados onde se percebe que a educação vale muito. Se anda por lá Margarida, com uma pontinha de inveja daqui lhe desejo a excelente estada que o destino só por si promete.

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  3. Caro Luís Coelho
    Tudo o que diz é verdade, pelas informações que tenho recolhido. E depois é ver com os próprios olhos. Não há corrupção, as leis são cumpridas porque há um elevado sentido cívico e a educação e formação para a vida são levadas muito a sério. É um país rico, sabem para onde querem ir e trabalham colectivamente nesse sentido.
    José Mário
    Obrigada. Vim até ao Japão, proporcionou-se esta viagem que vou aproveitar o melhor que posso e sei.

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  4. A afirmação de Luís Coelho é curiosa. Porque toca num ponto essencial de sociedades como a Japonesa e a Suíça. É que lá o que conta não é o amiguismo, nem o tráfico de influências, os pequenos círculos do poder, nem a falta de proporção no acesso a bens essenciais que coloquem as pessoas em estado de necessidade quase absoluto, nem a corrupção de carácter, nem uma certa ganância provinciana.
    O que lá conta é o mérito e o esforço. Aqui podemos tecer loas às oportunidades, mas há muito tempo que não me recordo de procedimentos concursais que visem premiar a criatividade, a imaginação, o trabalho e o esforço. Culturas e civilizações extraordinárias de facto, como afirma Ferreira de Almeida, comparadas com o provincianismo e a pequenez da nossa, que tem uma elite pequenina e corrompida que não enxerga para além do seu próprio umbigo e que é um mau indicador seguidista.
    Felizmente, como diria Sttau Monteiro, felizmente que ainda há algumas noites de luar. Nota 10 para Champalimaud, a sua fundação e Leonor Beleza. Seria muito interessante fazer ver aos grandes rentistas deste país que o nosso tempo de vida é curto; e que o seu empreendedorismo só se estende para além da sua vida na solidariedade para com o seu país.

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  5. Não mistifiquemos o Japão. Tem coisas muito apreciadas mas muitas muitíssimo pouco, desde a máfia até a uma história pouco enaltecedora, passando pela condição feminina nos dias de hoje.

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  6. Tem razão, Ilustre Mandatário do Réu. Como turistas acidentais tudo nos parece rosa. Mas é esta nossa mania absurda de querermos comparar para nos sentirmos menos pequeninos. Não há, de facto, Céus perfeitos!

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  7. Boa viagem, Margarida, e traga muitas coisas para contar! O Japão teve (não sei se ainda tem) uma grave crise económica e um dos grandes problemas que tem é que os jovens recusam em absoluto a velha tradição e adoptaram hábitos de consumismo desenfreado, de que é exemplo o culto das "marcas" de lux, pelo menos em Tóquio. Ñão sei se já os viu por aí, mas são muito característicos, as raparigas vestem-se de bonecas. Quanto ás mulheres, de que fala o caro Ilustre Mandatário do Réu, casam cada vez mais tarde e muitas jovens executivas nem sequer querem pensar em tal... É também, salvo erro, a sociedade mais envelhecida do mundo. Mas cá esperamos as suas notícias, para nos dar uma imagem desse País tão distante em que os portugueses deixaram marcas que duram até hoje.Não será é a da organização :)

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  8. Caro Ilustre Mandatário do Réu
    Não há que mistificar o Japão. Há que olhar para o que este país tem que nos distingue e apreciar o que de positivo tem. As comparações são inevitáveis, para bem e para mal.
    É natural que reparemos em aspectos que nos impressionam, justamente pela comparação com o que somos e o que temos.
    Caro Pedro Almeida Sande
    Portugal também tem coisas boas e positivas, mas se nos sentimos pequenos perante outros países não será por acaso. O sentido colectivo, o trabalho e a organização são características que muito ganharíamos em ter.
    Suzana
    O Japão é um país que está ocidentalizado, mas que mantém muitas tradições, como acontece com muitos outros países desenvolvidos. Mas há contrastes entre as zonas mais urbanas, como é o caso de Tóquio, e outras zonas, embora desenvolvidas, como é o caso de Quioto, em que os hábitos antigos estão mais presentes no quotidiano. Em Quioto vêem-se muitas mulheres vestidas de “kimono”.
    As mulheres japonesas modernas não são muito diferentes das outras mulheres do mundo ocidental, têm acesso às universidades, trabalham e têm projectos profissionais, casam mais tarde e têm filhos. Vestem-se bem, com marcas europeias mas também japonesas de muitíssimo bom gosto, querem ser elegantes. Nas zonas menos urbanas há um contraste, como é normal.

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  9. Cara Margarida de Aguiar,

    O meu comentário até nem era para si. Foi motivado por outros comentários. Apreciei muito o seu post e já vou ler o seguinte!

    Cumprimentos

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