sexta-feira, 20 de julho de 2012

Presidente nao subscreve prolongamento do PAEF: ainda bem...

1. Em entrevista hoje divulgada, o PR manifesta o seu desacordo em relação as teses de eventual prolongamento do PAEF para além de 2014 que, como sabemos, têm vindo a ser avançadas por sectores de tonalidades diversas, a partir da ideia originalmente avançada pelo SG/PS para “mais um aninho”...
2. O PR mostra assim não subscrever a ideia da austeridade a conta-gotas, que em última analise decorre das sugestões de prolongamento do PAEF: face as dificuldades (inegáveis) de cumprimento, negoceia-se mais um ano, depois outro, e assim sucessivamente ate se atingir o valor mítico de 3% do PIB para o défice orçamental...
3. Saliento duas breves passagens da entrevista do PR, que me parecem elucidativas do seu pensamento. A primeira: “Mais prazo para realizar as reformas estruturais que aumentem a competitividade da economia portuguesa? Mas mais prazo aqui significa mais desemprego”. E eu permito-me acrescentar: e mais prazo agrava o risco de o desemprego conjuntural se converter em desemprego estrutural, bem mais difícil de corrigir.
4. Noutra passagem, diz o PR ser “ mais correcto olhar para as politicas em vez de concentrar a atenção (exclusivamente) no défice – uma variável que os Governos não controlam directamente – procurando encontrar políticas que, garantindo a sustentabilidade das finanças públicas, sejam equitativas e minimizem o efeito recessivo sobre a economia”.
5. Ora ainda bem que o PR vem juntar a sua voz aos que, tambem aqui no 4R, vêem denunciando a ilusão do prolongamento do prazo do PAEF como panaceia para as dificuldades na sua aplicação.
6. Reitero a opinião aqui ja expressa de que um Programa de Ajustamento como aquele que adoptamos semi-voluntariamente em Maio de 2011, envolvendo uma dose de austeridade significativa mas incontornável, não pode ser estendido por muito tempo sob pena de perder toda a sua eficácia, ficando posto definitivamente em causa o seu objectivo fundamental que, não esqueçamos, consiste em reequilibrar a economia, refazendo as condições de crescimento sem endividamento excessivo.
7. Ora ainda bem que o PR vem reforçar as hostes anti-prolongamento...Tenho a noção de que mesmo os 3 anos que foram negociados poderão ser tempo excessivo – não estão a sentir?

7 comentários:

  1. Caro Dr. Tavares Moreira;
    Parece-me - Tenho o atrevimento de usar o verbo seguido do complemento, porém, não me considero ao nível dos ilustres economistas, para poder opinar com convicção baseada no conhecimento -
    que o mais correcto para que a nossa economia tivesse hipotese de recuperação, seria: olhar em primeiro lugar com a máxima atenção para as políticas, sem deixar de aceitar como bom, um prolongamento do Plano de Ajustamento.
    É que, manter os prazos do Plano, implica mais impostos, mais esforços pedidos aos contribuintes, menos consumo, mais empresas a falir, mais desemprego, menos produção, menos recuperação económica.
    Isto é aquilo que a minha visão permite alcançar... mas admito que esteja completamente enganado.

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  2. Eu creio, que todos aqueles que defendem um “não adiamento do Programa de Empobrecimento” (erradamente denominado de Ajustamento), o PAEF, tomam esta posição apenas por estarem certos que no dia em que termine o PAEF, será o dia em que um outro novo programa se iniciará.
    É por esta razão que na verdade não há grande diferença entre as duas opinativas declarações. A daqueles que defendem acerrimamente um não adiamento e aqueles que defendem o adiamento por um ano. No fundo, ambos continuam “a afirmar que sofrer é bom e que isso não deve ver-se como um momento de suplício senão de autêntico júbilo”, uns preferem o sofrimento em dose cavalar, os outros um pouco às mijinhas.
    Na verdade, não creio que aqueles que defendem o cumprimento sem adiamentos do programa, acreditem que quando do seu termo o país possa regressar aos “mercados”. A dívida pública em 2013 rondará os 120% do PIB, (recorde-se que em 2007 ela situava-se abaixo dos 70%), o crescimento do PIB a existir, será diminuto, os juros a pagar anualmente rondarão os 6% do PIB quando em 2007 rondava os 2,9%, enfim, são factos que nos arredam dos mercados por muitos anos a continuarem as actuais políticas económicas da UE como parece ser o caso.

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  3. Ora, caro Tavares Moreira, um "há vida para lá do défice" misturado com discurso da equidade? O TC não arranjava um acordão qualquer sobre o silêncio dos detentores de orgãos políticos, não?

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  4. Caro Bartolomeu,

    Ora ai esta o grande equivoco insito na ideia do adiamento: a transformaçao dos 3% num icone sagrado da politica economica,suposta pedra angular de todas as decisoes e estrategias...
    Nada de mais errado, em minha opiniao.
    Nao sei se o ilustre Comentador reparou bem no nº6 deste Post onde se afirma que o objectivo fundamental deste Programa de Ajustamento consiste em reequlibrar a economia...
    A disciplina das finanças publicas constitui um instrumento - certamente muito impostante dado o peso descomunal assumido pelo Estado (em sentido amplo) na absorçao dos recursos - ao serviço desse objectivo fundamental.
    Tem pois razao o Presidente quando refere que o mais importante e a prossecuçao de politicas correctas, quer dizer politicas consistentes com o grande objectivo de corrigir de forma duradoura os desequilibrios da economia, e que o valor percentual do defice publico vem depois.
    Daqui se retira uma conclusao que a maior parte dos comentadores instalados na comunicaçao social parece ainda nao ter entendido: se chegarmos a 2013 com um defice de 3,6% do PIB, por exemplo, se esse desvio for devido (como sucede actualmente ao funcionamento dos estabilizadores automaticos) mas a economia tiver sido capaz de superar o defice cronico que arrasta desde 1997 pelo menos - ou seja se tivermos um excedente nas contas com o exterior (balança corrente + balança de capital) e esse excedente se mostrar sustentavel, o Programa podera, confortavelmente, ser considerado cumprido. Ainda que o defice dos 3%so possa ser efectivamente atingido 1 ou 2 anos depois,fora do ambito do Porgrama, ajudando a consolidar o cumprimento do objectivo fundamental.
    Ora aqui tem uma boa razao para considerar a teoria do prolongamento do PAEF uma teoria sem grande base de sustentaçao, por muito respeito que nos mereçam alguns (nao todos) dos seus proponentes...

    Caro Carlos Serio,

    Remeto para a resposta ao Bartolomeu, se me permite, nao deixando de sublinhar que, nesta perspectiva, a sua interpretaçao enferma de um vicio de analise muito generalizado, nao se preocupe pois que nao esta nada so..

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  5. “se tivermos um excedente nas contas com o exterior (balança corrente + balança de capital) e esse excedente se mostrar sustentável”, diz o Tavares Moreira.
    O excedente atingido nas contas com o exterior que tanto entusiasmo causa nos “defensores do sistema”, tem uma origem perversa, coisa que os ditos defensores omitem. Na verdade, não foi um acréscimo significativo das exportações que provocou o “acerto” das contas mas a drástica redução das importações, fruto da drástica redução do consumo privado e do investimento que tem recuado à média de 13% nestes últimos dois anos.
    A sustentabilidade que se procura é assim o empobrecimento generalizado das famílias e um investimento reduzido a níveis inimagináveis há poucos anos atras. Com redução drástica do investimento, com mais empresas a encerrar, boas e más que a crise não escolhe, com mais desemprego, e uma economia definhada e em decadência, mas com as contas excedentárias, eis a receita dos nossos prestigiados economistas da situação.
    Estaremos cá para ver até onde nos leva esta lamentável obsessão neoliberal.

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  6. Caro Carlos Sérgio,

    Para além disso não ser verdade, as exportações portuguesas vêm a subir consistentemente desde há uns 8 anos ou coisa parecida. Depois, o consumo dos sectores improdutivos também é consumo privado. Se as exportações sobem e o consumo privado desce, reduzindo as importações isso é mau porquê? Isso é que é crescimento, não é aquela porcaria que os economistas medem na circulação de dinheiro que está errada. O mesmo se aplica à sua afirmação sobre o investimento, pouco me interessa se o investimento em construção está a cair, por exemplo.

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  7. Ilustre Carlos Serio,

    Essa referencia final a obssessao neo-liberal deita por terra todo o seu (louvavel) esforço explicativo...Oh, ingloria invocaçao de neo-liberalismo, porque traistes o comentador Serio?

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