1. Pois muito bem, no louvável propósito de condicionar o discurso do PM na “rentrée” (já um pouco cansativa, note-se) agendada para esta noite, um porta-voz Rosa alertou os portugueses que aquilo que se deve esperar nesse discurso, são “medidas claras”, que “fomentem o crescimento e o emprego”.“
2. Já estamos habituados à “lenga-lenga” da agenda para o crescimento, da necessidade de estimular a economia como se existissem poderes mágicos capazes de transformar, de um momento para o outro, uma economia sobre-endividada, até há bem pouco tempo profundamente desequilibrada, num modelo de crescimento económico...
3. As santas criaturas que mantêm estoicamente este discurso parecem não ter ainda entendido que o acordo que os seus pares celebraram em Maio do ano passado com os credores internacionais é muito semelhante a um plano de recuperação de uma empresa saída de um processo de insolvência...
4. ...e que ninguém de bom senso será capaz de imaginar que uma empresa saída de um processo de insolvência, cujo plano de recuperação não está sequer 50% cumprido, possa lançar-se em planos de expansão dos negócios, esquecendo as obrigações assumidas no plano de recuperação...a menos que apareça um mecenas a injectar fundos próprios em montante suficiente para a libertar dos condicionalismos da insolvência...
5. O mesmo se passa ao nível do Estado/País: não faria qualquer sentido um País, que chegou ao nível de descrédito que atingimos no final do 1º trimestre de 2011 e que forçou um dificílimo processo, ainda em curso, de correcção dos profundos desequilíbrios económicos acumulados até então, possa, de um momento para o outro, lançar-se numa corrida ao crescimento...não existem tampouco recursos para isso e falta-nos o mecenas para injectar os fundos próprios...
6. Em suma, as “medidas claras” que são propostas no discurso da Rosa apresentam a singular característica de serem ao mesmo tempo “escuras como breu”...ninguém, mesmo com distinta capacidade judicativa, conseguirá vislumbrar o conteúdo de tais medidas, tão densa é a escuridão que as envolve...
«e que ninguém de bom senso será capaz de imaginar que uma empresa saída de um processo de insolvência, cujo plano de recuperação não está sequer 50% cumprido, possa lançar-se em planos de expansão dos negócios, esquecendo as obrigações assumidas no plano de recuperação...a menos que apareça um mecenas a injectar fundos próprios em montante suficiente para a libertar dos condicionalismos da insolvência...»
ResponderEliminarCaro Tavares Moreira
Deve ter sido do meu MBA recente para não cristalizar na formação do passado (é raro divisar alguma medida das tidas como boas práticas de gestão que qualquer bom MBA faz descobrir com o que se passa em Portugal, seja na área da gestão de pessoal, na gestão estratégica, na gestão do conhecimento, ...) mas custa-me perceber alguns argumentos que pensam a recuperação apenas através de uma óptica de fundos.
Se este governo dissesse que temos de dinamizar a economia sem recurso a mais despesa, mas... eu entenderia (e aplaudiria! já que dei-lhes o último crédito!)
É que "o mas", parte de medidas tão simples como devolver à economia, aos agentes económicos privados a possibilidade de investirem sem as teias da burocracia (já fez este governo alguma coisa de jeito neste domínio?)
...está este governo a tentar limitar a parafiscalidade ou ela sobe em flecha (soubemos hoje que a taxa de actualização anual das rendas é a mais alta de sempre! não conforme com a inflação)
...a nova lei das rendas fala em limite de aumento nos 6,7%? do valor... (rentabilidade que funciona como redutor de custos?)
...já este governo puxou o tapete à ASAE que se posicionou neste país como o terror de todos os agentes económicos (com a falta de bom senso do no trade off entre uma ficcionada defesa do consumidor - paternalismo do costume pouco liberal - e a picuinhez que destrói?
...o que já fez verdadeiramente, sem ser deitar fumo para os olhos dos portugueses, relativamente às rendas excessivas que tem de continuar a ser excessivas porque são o playground e o celeiro dos políticos colocados em pousio?
...e, e,...
Medidas assim, em tudo contrárias à necessidade de aumentar a competitividade são... credíveis?
E é por isso que acho bem como 67% dos recém (e não só) licenciados portugueses querem se por a milhas deste país (PC e obviamente Sócrates, CS... ficarão na história ligados a períodos negros de emigração portuguesa, aquela que faz de portugal sempre um lugar de partida e não destino) - e a quase totalidade dos cidadãos lhe garanto, dado que os políticos hoje são uma espécie de bicho da madeira que destrói tudo onde tocam, com a agravante de pensarem que não e que não precisam de ouvir a sociedade civil - que este tipo de guerras ficcionadas de trincheiras - mais ou menos despesa? são apenas achas de autosatisfação e combates irracionais de adversários.
O PM devia anunciar uma redução de 80% nas subvenções partidárias para aplicar em solidariedade social. Queria ver as reacções. Isso é que era de homem!
ResponderEliminarCaro Pedro de Almeida Sande,
ResponderEliminarTudo o que seja reduzir burocracia, aliviar os chamados "custos de contexto" merece o meu apoio! E o mesmo se diga em relação aos privilégios de que gozam os sectores protegidos da economia - aonde encontram lugar cativo os políticos do regime favorecidos por benesses partidárias!
Mas então que se aponte o dedo a essas situações e que se não use este discurso patético do crescimento sem meios!
Caro Tonibler,
Uma sugestão que subscrevo sem hesitação! Isso sim, seria uma medida bem clara, sem o ónus da escuridão que cobre a agenda para o crescimento!
Depois queria ver a cara do Louçã a descalçar a bota :) Só isso valia o dinheiro...
ResponderEliminarCaro Tavares Moreira, uma pergunta só.
ResponderEliminar“O Presidente da República Cavaco Silva desafiava há dias atras , na sua página do Facebook, o Banco Central Europeu (BCE) a começar a comprar dívida pública da Irlanda e de Portugal.” (JExpresso)
“Anda para aí muito “opinion-maker” - boas almas de uma forma geral - desde há um ror de tempo reclamando intervenções definitivas e convincentes dos lideres europeus e/ou do BCE, intervenções que de uma vez por todas resolvam a crise larvar que se instalou na zona Euro...”(Tavares Moreira num post recente).
Será o Presidente da Republica, quando desafia o BCE
ResponderEliminarSerá o Presidente da Republica, quando desafia o BCE para uma intervenção, uma das “boas almas” a que alude o Tavares Moreira?
Caro Carlos Sério,
ResponderEliminarO grande Bernard Shaw diria, se tivesse oportunidade de ler este seu comentário, que o PR deve ser certamente uma excelente alma...para merecer a atenção de tão excelso Comentador!
Caro Tavares Moreira, só uma questão mais
ResponderEliminar“Comparando os dados de Junho com os do final do ano passado, é ainda mais evidente que em 2012 o banco norte-americano Goldman Sachs está a reforçar a exposição negativa a Portugal, ou seja, a apostar na desvalorização da dívida soberana e empresarial portuguesa”. (jornal negócios)
“O comportamento deste indicador de confiança e em particular das expectativas sobre a situação financeira das famílias e sobre a situação económica do País não deixará certamente de surpreender aqueles que diariamente assistem à torrente de comentários, em geral catastrofistas, debitados por N comentadores que, com solenidade variável, vão desfilando pelos órgãos de comunicação social, nomeadamente pelas TV’s que tanto apreciam relatar e pressagiar desgraças económicas e sociais...” (Tavares Moreira)
Não seria bom, o Tavares Moreira ir a correr avisar os peritos do Goldman Sachs dizendo-lhes que se encontram completamente enganados e em vias de perder milhões e milhões ao apostarem na desvalorização da dívida soberana portuguesa?
A exposição da Goldman Sachs a Portugal era de 207 milhões negativos, dificilmente irão perder milhões e milhões...Outro dado importante que contraria completamente o argumento de Tavares Moreira é a atitude de Luisão com o árbitro alemão. Porquê? Porque tem tanto a ver como a exposição da Goldman Sachs.
ResponderEliminarCaro Carlos Sério,
ResponderEliminarSou um seu admirador incondicional, sabe? Admiro, prima facie, a sua capacidade de bater com a cabeça na parede...de teimar em apresentar não-argumentos, de coisa nenhuma...
Razão tem o Tonibler, para comparar, em razão do nexo de causalidade que o Senhor busca no seu comentário, um recente acontecimento desportivo, protagonizado por um atleta de elite, as opções de investimento da Goldamn Sachs...
Por falar em G.S., já fez as contas ao resultado que apuraram até agora, com a decisão de "shortar", massivamente, dívida pública potuguesa?
Bem me parecia que quem tinha razão era o velho Bernard Shaw...
Será possível o Tonibler na festa do Pontal?
ResponderEliminarCaro tavares Moreira,
ResponderEliminarQuando o GS compra CDS e se desfaz (shorta no português do TM) de títulos de dívida portuguesa apostando na desvalorização da dívida soberana e empresarial portuguesa, isso não significa, para o ilustre economista ortodoxo Tavares Moreira, que o GS anteveja o agravamento das condições económicas e financeiras do país. Eu, rendo-me assim à clarividência e à perspicácia de tão sábio economista.
Bem me parecia que quem tinha razão era o velho Bernard Shaw... "Os capazes criam, os incapazes ensinam."
O que seria de Portugal e do mundo sem os ensinamentos do Tavares Moreira!
Carlos Sério,
ResponderEliminarRendo-me à evidência dos seus argumentos! Os génios são assim, quando chega a hora da verdade, tornam-se imbatíveis!
Só falta mesmo saber que resultados apura a GS com essas operações mas já vi que para si isso é um detalhe perfeitamente dispensável, os seus preconceitos dispensam tal averiguação!
Continue assim que vai por bom caminho!
Uma razão pela qual eu shortava Portugal seria a cobertura de evento extremos se estivesse a apostar no euro contra o USD. Se a minha aposta não resultar cubro a perda extrema (fora da linearidade) com uma curva correlacionada com a minha aposta. Outra razão, os meus clientes de fundos apostam no inverso. Então aposto na descida para cobrir a perdas de gestão do lado das carteiras alheias.
ResponderEliminarO que não falta é porcaria pelo qual posso apostar no risco de Portugal. Se fosse tão directo o GS nunca divulgaria as suas posições.
Não posso deixar de registar a falta de clarividência dos mercados que estão quebrando a aposta da GS e revelando não entender os argumentos inatacáveis de CS...
ResponderEliminarA valorização dos títulos da dívida pública portuguesa, com evolução inversa das yields,a que vimos assistindo, contraria as inteligências mais ilumidadas deste País...e pode causar perdas à GS...
Há aqui qq coisa que não está a funcionar, CS não pode deixar de ter razão (é uma questão axiomática), mais tarde ou mais cedo os mercados descobrirão isso...nem que seja daqui a 100 anos...