Não me surpreende os resultados dos portugueses nos jogos olímpicos. Não fico muito incomodado nem preocupado. "Quem faz o que pode a mais não é obrigado". Eu quero acreditar que os nossos olímpicos estão a fazer o melhor. Não conseguem uma medalha? Paciência. Gostava que ganhassem uma? Sim, ao menos uma. Não imaginem a alegria que tive quando era pequeno e me ensinaram o que era os jogos olímpicos. Nesses jogos, Roma,1960, tinha nove anos, uma dupla de velejadores, os irmãos Quina, ganharam uma medalha de prata. Uma honra para Portugal, e eu, uma criança, fiquei tão feliz como se os portugueses tivessem ganho todas as medalhas dos jogos. Ensinaram-me o que era o valor olímpico. Aprendi o seu significado e nunca me arrependi. Chama-se a isto cultura desportiva. Agora, vem o chefe da missão portuguesa, um senhor chamado Mário Santos, a acusar os portugueses de "falta de cultura desportiva", pelas críticas ao facto de não ganharmos uma medalha. O senhor não sabe o que diz e insulta os seus compatriotas. Diga apenas que os portugueses em Londres fazem o que podem, eu acredito e basta-me. Mas não posso deixar de lhe dizer o seguinte, fico com inveja, muita mesmo, de alguns países, desconhecidos, sem grande história, pobres, miseráveis, alguns tendo atravessado inclusive conflitos muito graves a ganharem medalhas e nós não. Uma questão de sorte? Não creio, porque nestes jogos o valor dos atletas, de uma forma geral, sobrepõe-se à sorte. Respeito o esforço dos nossos atletas, mas não posso respeitar as palavras do chefe de missão. Olhe, senhor Mário Santos, eu já vibrei e estou pronto a vibrar sempre que um compatriota consiga destacar-se seja em que área for, olímpica ou não, desportiva ou não, mas que gostava de ver uma, gostava, como daquela vez, em 1960, em que vibrei com a de prata dos irmãos Quina, a "minha" primeira medalha olímpica.
Já tivemos várias medalhas nos jogos olímpicos daí a nossa esperança e a nossa ansiedade, o dirigente desportivo também deve estar nervoso e precisava de ser mimado, deixe lá, o certo é que somos muito exigentes quando alguém se dispõe a concorrer e a disputar, só somos indulgentes com os fracos.
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