O preconceito está em toda a parte e alimenta-se dos que não comungam da forma de ser e pensar das "maiorias". É horrível ter que enfrentar novas e velhas normas construídas ao sabor do tempo, dos interesses económicos, ideológicos e até religiosos. Se alguém é ateu ou agnóstico aparece sempre um evangelista a querer demonstrar o erro, o disparate e até a estupidez de não aceitar a existência de deus. Se alguém é homossexual aparece alguém, em nome da maioria, a denunciar tão estranho comportamento. Se alguém optar por um comportamento ou atitude pouco frequente é visto de lado, como pertencendo a algum grupo esotérico capaz de corromper a sociedade. Se alguém pertence a uma sociedade secreta ou grupo religioso menos ortodoxo é considerado como um suspeito capaz de cometer as maiores atrocidades, enfim, tudo o que foge à tirania da maioria é apontado como não normal e, consequentemente, como objeto de discriminação. A sociedade teve sempre esta conduta, como se o seu útero social fosse capaz de gerar o que mais convém ao grupo ou à horda, talvez esta última seja a palavra mais exacta, fazendo todos os possíveis para abortar os "outros" ou, caso não consiga, eliminar logo após o nascimento os "anormais", uma espécie de infanticídio social.
Veja-se o seguinte fenómeno, "quem não tem facebook levanta suspeitas"! Como quase mil milhões de pessoas têm uma conta nesta rede social, levanta-se a seguinte suspeita, quem não tem é porque não é normal, pode ser um psicopata, um potencial homicida e muitas coisas mais. Muita gente passou a ser discriminada por esse facto sendo prejudicado no emprego, na escola e em muitas outras atividades. Trata-se de uma atitude ditatorial, a lembrar outros fenómenos sociais e religiosos que atacaram e mataram muitos seres humanos. Numa sociedade em que enche a boca com os direitos dos seres humanos e o não à discriminação verificamos as mesmas condutas de sempre, domínio, escravização e exploração a todos os níveis dos outros seres humanos. Tudo serve para dominar, tudo serve para condicionar, tudo serve para lucrar. É preciso estar atento a certos fenómenos; este de que falo é particularmente perigoso, fico de boca aberta, mas como não ganho nada em ficar com a boca neste estado, o melhor é utilizá-la denunciando os comportamentos bizarros tão típicos da nossa espécie que se perpetuam ao longo da nossa existência. Pelos visto já começaram a acender fogueiras virtuais que queimam tanto como as outras.
Desculpem-me a expressão, é curta, é simbólica, mas é sentida, PQP!
Acabei de descobrir que sou psicopata, não tenho uma vida social saudavel e sou alguém contra quem os demais devem ter alguma prevenção. Isto, claro, porque não tenho facebook.
ResponderEliminarA estupidez do ocidente estragado pelo bem estar e que, por isso, não têm nada util para fazer é, realmente, ilimitada.
A notícia é gravíssima e, a meu ver, a expressão de “infanticídio social” ainda poderia ser mais explorada! Em nome da sobrevivência, por exemplo, tornou-se “socialmente admissível” a política do filho único na China; em nome do “relativismo cultural” tornou-se “socialmente admissível” a excisão genital em África; em nome da “tradição cultural” e das “crenças religiosas” tornou-se “socialmente admissível” o infanticídio de bebés indígenas no Brasil…e poderia continuar com exemplos que extravasam a Declaração Universal dos Direitos Humanos aprovada pela ONU em 48… Mas como em 2012 é tudo muito “POP” e somos uns eurocêntricos da treta – e até está em causa o Facebook: “Numa sociedade em que enche a boca com os direitos dos seres humanos e o não à discriminação verificamos as mesmas condutas de sempre, domínio, escravização e exploração a todos os níveis dos outros seres humanos.”.
ResponderEliminarSaliento a estupidez desde o comentário português (da Ana Rita Guerra): "Muitas criam grupos na rede social e é lá que marcam aulas de substituição, fornecem informações e colocam links. Sem Facebook, parte da vida estudantil fica perdida na rede." (??? - assim vai o nosso ensino superior); até à associação ao caso de Anders Breivik "nenhum deles tinha presença no Facebook" pelo psicólogo Chrisstopher Moeller (alguém conhece a sua biografia?) - inacreditável... quase que podemos fazer uma "numerologia literária"!
Grande abracinho.
Caro Professor Massano Cardoso
ResponderEliminarEstou como o Caro Zuricher. Por vezes tenho a sensação que não estar no facebook pode causar uma certa discriminação social.
Cara Margarida, dado eu ter entre o meu circulo social a fama de ter imensa resistencia às novas tecnologias, é nesse saco que vão pondo a minha resistencia ao facebook. A realidade pela qual não tenho essa coisa nem qualquer outra do género prende-se com a privacidade. Hoje em dia está totalmente em desuso as pessoas manterem a sua vida pessoal privada, haver uma certa reserva da intimidade. Toda a gente acha normal contar a toda a gente tudo da sua vida e toda a gente acha normal ouvir ou ler de toda a gente os pormenores mais escabrosos. E normalmente olham para quem mantém a sua vida privada efectivamente privada com desconfiança assumindo directamente que se não expõe a sua vida ao vento é porque tem algo a esconder. O Facebook é um dos expoentes fabulosos deste pensamento bizarro em que o conceito de privacidade e intimidade anda pelas ruas da amargura. As pessoas mostram ao mundo fotos suas em todo o lado (quem é que tem a ver sobre se eu fui de férias aqui, ali ou aculi?!), dizem quem são os seus amigos (o que é que o senhor A tem a ver com eu ser amigo ou conhecer o senhor B?), partilham o que estão a fazer (o que tem quem quer que seja a ver com o que eu faço em cada momento?), falam sobre a vida amorosa (quem demonios tem o que quer que seja a ver com a de cada qual?) dizem onde moram, onde estudaram, onde trabalham, qual o livro preferido, que pratos detestam, etc, etc. E isto é apenas o mais soft. Ou seja, toda a santa vida a nú. É de loucos. E tão simplesmente por este motivo, por achar que a minha vida é minha e a mais ninguém diz respeito não tenho nada dessas modernices.
ResponderEliminarCaro Zuricher
ResponderEliminarNão escreveria melhor o que penso.
Tento acompanhar as novas tecnologias, mas não me vejo obrigada a aderir aos "facebooks" só porque todos aderem, porque é moderno. Não alinho neste tipo de mentalidade.
Também não tenho facebook mas já me disseram que "quem não está no fcb não existe", o que me pareceu um excelente argumento, não quero passar a "existir" só por causa disso. Mas tenho que reconhecer que, sendo inteiramente adepta do que diz o caro zuricher, e de o repetir vezes sem conta cá em casa, com muitas recomendações, reconheço que hoje é difícil sobretudo para os mais novos, viver fora dessas redes. Poupam imenso em telemóveis, combinam tudo rapidamente e em cima d ahora, têm uma enorme flexibilidade e rapidez na comunicação. Além disso sabem, ou pensam que sabem, conter a informação nos limites que pretendem, pelo menos é o que me dizem. E gente disparatada sempre houve em todo o lado, e os que gostam de espreitar a vida dos outros também. Duvido que se consiga resistir a mais esta tecnologia, tal como foi praticamente impossível resistir ao telemóvel...
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