1. Foi notícia de destaque, na semana passada, uma falha técnica no sistema de negociação automática em bolsa, que custou à Knight Capital, um dos mais activos broker-dealers e market-makers do mercado de Wall Street, uma perda estimada em USD 440 milhões.
2. Esta perda, equivalente a 2 vezes o rendimento gerado pela empresa no 2º trimestre deste ano, foi suficiente para destruir 75% do valor da respectiva capitalização bolsista, deixando a Knight Capital numa situação precária, arriscando mesmo a insolvência caso não conseguisse reunir apoio de novos investidores.
3. Pois bem, durante o fim-de-semana, um grupo de outras empresas financeiras liderado pelo banco de investimento Jefferies montou uma operação de resgate financeiro da Knight Capital, injectando na mesma USD 400 milhões sob a forma de acções preferenciais, vencendo um juro de 2% e sendo convertíveis em acções ordinárias ao preço de USD 1,5 por cada acção ordinária adquirida na conversão.
4. O valor de mercado das acções no momento em que a falha técnica ocorreu era de USD 10,33 e no dia 6 do corrente, quando foi anunciado o resgate, situava-se em USD 3,22. Quer isto dizer que as entidades participantes no resgate até poderão vir a fazer um excelente negócio se converterem as suas acções preferenciais em ordinárias a USD 1,5. Mas a verdade é que sem a operação de resgate os accionistas anteriores arriscavam perder tudo ou quase tudo pelo que, no final, todos poderão ficar a ganhar com esta operação.
5. Tudo foi feito em tempo record, sem burocracias paralisantes, sem nacionalizações, sem audições parlamentares...a empresa pode manter a sua actividade e o seu ritmo de negócios...
6. Ao ler estas notícias não resisti a estabelecer um contraste chocante entre este resgate e o tratamento dado ao dossier BPN em Portugal: apesar das grandes diferenças que se surpreendem num e noutro caso, a questão de fundo é a da necessidade de uma grande rapidez de intervenção como forma de melhor salvaguardar o património e organização da entidade intervencionada e de minorar os custos da intervenção.
7. No caso BPN, cumpre recordar que a nacionalização - cuja falta de transparência e de fundamentos ainda há poucos dias foi questionada pelo reputado banqueiro Horta Osório - ocorreu há quase 4 anos...e que se sucedem, quase diariamente, notícias negativas sobre o resultado da intervenção do Estado...
8. ...nos últimos dias soube-se (i) de uma praça que ficou deserta em Espanha, para venda de bens penhorados a um dos devedores honorários do banco (com dívidas superiores a € 50 milhões), (ii) de um valor de € 377 milhões em acções cíveis interpostas contra o Banco mas que responsabilizarão o Estado em última instância, (iii) da inviabilidade da venda de unidades de negócio financeiro...
9. Assim, com este enorme arrastamento, torna-se impossível salvaguardar minimamente qualquer património e organização empresarial...pior ainda se estavam à partida infectados por um vírus altamente perigoso...mas nós, contribuintes indefesos, arcaremos com a factura.
Pois é, por lá, funciona o mercado a as coisas arranjam-se. Perde quem deve perder (os accionistas), ganha quem pode ganhar (os novos investidores), os empregados garantem o emprego, os clientes não fogem, os credores não sofrem. Por cá, burocracias, politiquices, falsas transparências, inquéritos parlamentares, audições de tudo e mais alguma coisa, o tempo passa, nada é resolvido, os responsáveis ficam esquecidos, inocentes e pecadores são assim transparentemente tratados por igual.
ResponderEliminarNuma entrevista a Horta Osório publicada no DN de domingo passado, este criticou todo o processo e referiu que, num simples fim de semana, foi possível negociar com o Governo o apoio creio que do LLoyds a um outro Banco, em termos cde mercado inglês, com a dimensão do BPN. O que significa que seria um grande banco em termos nacionais. Na Inglaterra, de 6ª feira a Domingo. Na 2ª feira, o Banco reabriu com novo dono, como se nada tivesse acontecido.
Por cá, combatemos o mercado. E amamos a burocracia. Estamos onde merecemos estar!
O que vale é que o negócio é regulado nos USA e na Europa não...pobres dos americanos sempre sujeitos à ditadura dos interesses dos dinheiro.
ResponderEliminarMeus caros Tavares Moreira e Pinho Cardão,
ResponderEliminarTêm travado uma interessante polémica, os dois mais assíduos postadores do “IV Répública”, Tavares Moreira e Pinho Cardão, sobre as origens da crise que afecta o euro.
Sustenta o Tavares Moreira no Post titulado “Crise do euro: também de férias em Agosto?” que Pinho Cardão, com grande coragem, tem sustentado a atribuição da causa da crise aos especuladores, e por estas precisas palavras “8. A confirmar-se esta recuperação, ficará em sério risco a tese ultimamente sustentada pelo Pinho Cardão neste Blog - com extraordinário denodo e coragem deve referir-se - a qual imputa aos funestos mercados e às teses neo-liberais (?) a origem última da crise do Euro... 9. Ou será que a crise resolveu mais singelamente meter férias em Agosto, regressando no início de Setembro com renovada intensidade, para voltar a dar razão à proclamada tese do Pinho Cardão?”
É interessante verificar que os dois postadores do “IV república”, até aqui tão coincidentes nas suas teses, tão cordatos e delicados entre si, demonstrem agora um tão forte desentendimento.
Eu, que tenho assistido, sem grande assiduidade diga-se, a esta discussão (até porque estou de férias) sempre diria, sem pretender entrar em polémica com tão sábios entendedores destas coisas dos mercados, que não se deve diabolizar os mercados ou mesmo os especuladores. Eles apenas têm o comportamento que as circunstâncias proporcionam e. se a falta de regulamentação lhes permite grandes ganhos especulando com as dívidas dos países do euro, eles apenas aproveitam a oportunidade oferecida. Alto lá, diria agora o Tavares Moreira, se não estamos a culpar os mercados então estamos a culpar os governantes por não regularem os mercados. E isso é inadmissível. Não, intervinha desta vez o Pinho Cardão, uma vez que os governantes europeus se encontram em comunhão com os mercados financeiros, vejam- se os casos do Mário Monti, que foi conselheiro internacional do Goldman Sachs, de 2005 até à sua nomeação para a chefia do Governo italiano; Mario Draghi, hoje presidente do BCE mas anteriormente vice-presidente do Goldman Sachs International para a Europa, entre 2002 e 2005; Lucas Papademos, primeiro responsável na operação de camuflagem das contas públicas levada a cabo na Grécia com a ajuda do Goldman Sachs; Corrado Passera, ministro do desenvolvimento económico do governo de Mário Monti foi director executivo do Intesa Sanpaolo, um dos maiores bancos de Itália; Elsa Fornero, ministra do Trabalho, ocupa a vice-presidência do Intesa Sanpaolo; Francesco Profumo, ministro da Educação director do UniCredit Private Bank; Piero Gnudi, ministro do Turismo é conselheiro do UniCredit Group; Piero Giarda, o Miguel Relvas lá do sítio, vice presidente do Banco Popolare; e muitos, muitos mais espalhados pelos governos europeus.
(CONTINUAÇÂO)
ResponderEliminarVoltando atras, (e deixando que o TM e o PC continuem a esgrimir argumentos na polémica em que agora se envolveram), sempre diria que a especulação dos mercados sobre a dívida dos países tem a sua razão de ser na fragilidade própria da arquitectura do euro. Isto é, os países da UE estão prisioneiros e à mercê dos mercados, ao não possuírem moeda própria e capacidade de emitir moeda e comprar dívida, ao não terem meios de controlo sobre a sua política monetária. E, não há estrutura comunitária que possa substituir ou compensar aqueles controlos monetários nacionais. Antes, os Bancos Centrais, como acontece hoje nos países que detém moeda própria como o Japão ou os USA, fabricavam moeda, compravam dívida pública e não deixavam que os juros das suas dívidas aumentassem a valores insuportáveis. O BCE, nega-se a esse papel, intervindo apenas em casos extremos, só e quando, existe uma séria ameaça de implosão do euro como aconteceu agora quando a especulação dos mercados chegou a colocar os Juros da dívida espanhola e italiana a valores insuportáveis. Agora, pressionado pela FED e Obama e a mando de Merkel, Hollande e Mário Monti, alarmados como se encontravam com as proporções que estava a tomar a situação, o BCE aceitou intervir com maior decisão na compra da dívida espanhola e italiana levando os juros a baixarem de imediato.
Ao contrário do que diz Tavares Moreira, a crise não meteu férias, os juros simplesmente baixaram devido a uma actuação diferenciada do BCE. As coisas não acontecem por acaso e há sempre uma explicação lógica para os acontecimentos. Compreendo contudo as dificuldades do Tavares Moreira em explicar estes novos momentos da crise do euro, uma vez que tem criticado aqui todos aqueles que sugerem uma intervenção activa do BCE. Para ele, para o PC (não confundir, digo Pinho Cardão) e para o governo, a crise combate-se com austeridade e mais austeridade e depois logo se vê, será o que Deus quiser.
Entretanto, o agravamento da dívida pública portuguesa foi de 17,2% do PIB, entre o primeiro trimestre de 2011 e o primeiro trimestre de 2012. Com o contínuo crescimento do desemprego e das falências das empresas somado agora a uma dívida pública que subiu no último ano de 17,2% do PIB, factos indesmentíveis, o constante optimismo manifestado pelo Tavares Moreira e Pinho Cardão será deveras de uma coragem pouco habitual.
Caro Carlos Sério:
ResponderEliminar1. O meu amigo está com uma ironia assinalável. Não com a subtileza da que usou o Tavares Moreira para me imputar a tese de que a causa da crise estava na especulação financeira(a que respondi, em nota ao comentário de T.Moreira), mas ironia assinalável.
2. A crise deve-se, sem dúvida à especulação internacional. De facto, o governo de Sócrates controlou a despesa pública, foi altamente restritivo, e nem sequer a deixou ultrapassar os 52% do PIB; também as dívida pública nem cresceu por aí além no consulado socrático, apenas duplicou, coisa de somenos. Para pagar os próprios juros da dívida, o Governo teve que recorrer ao crédito, o que também é excelente prática. Como se verifica do quadro, as finanças públicas estavam perfeitamente sãs. Assim sendo, é perfeitamente plausível a tese de que os grandes culpados da crise foram, isolada ou conjuntamente, o capitalismo financeiro, os grandes especuladores internacionais e a pérfida doutrina neoliberal. Porque, cá por casa, estava tudo bem. Tanto estava que nem foi preciso pedir o apoio da Troyca.
Assunto esclarecido, pois.
3. Da sua prosa, ficamos todos também a saber que a possibilidade de emissão de moeda afasta crises e especulação. Ora aí está o remédio para a economia: emite-se moeda e já está. O meu amigo atingiu aqui um píncaro do humor. O remédio na palma da mão. Tão simples!...
4. Também ficamos a saber que os governos querem-se de funcionários e burocratas liofilizados e quimicamente puros. Nada de gente com bactérias privadas. Pessoal que alguma vez tenha trabalhado num Banco ou empresa privada, ou mesmo que algum dia se tenha cruzado com esses impuros, nem é bom sonhar que integre qualquer governo. Funcionariozinhos é que está bem.
5. Bom, depois deste seu exercício, ficamos todos carentes de mais textos cheios do seu inultrapassável humor. Humor é do que precisamos, que o país anda triste!
Cuando se dice que el BCE ayuda a España comprando deuda pública, no lo hace con dinero alemán que le presta la banca alemana. La banca alemana tiene una enorme influencia sobre el BCE, pero el dinero del BCE no es dinero alemán. El dinero del BCE se imprime en las máquinas que producen dinero y se utilizan para comprar los bonos públicos de España con unos elevados intereses, con lo que no cuesta ni un céntimo al ciudadano alemán o a sus bancos. En realidad, el BCE gana dinero no sólo imprimiendo, sino recibiendo los intereses.
ResponderEliminarAl parecer, Brooks ignora que el hecho de que los bancos alemanes y su banco central no quieran que se compren bonos públicos no es porque los pensionistas alemanes estén ayudando al estado español (cosa que no hacen), sino porque temen que imprimiendo moneda aumente la inflación, el enemigo número uno de la banca en cualquier país.
Vincenç Navarro. (Catedrático de Ciências Políticas e Sociais, Universidade Pompeu Fabra, Barcelona, Espanha).
Da reunião, saiu também a decisão da Reserva Federal comprar 600 mil milhões da dívida pública federal. (dos jornais)
ResponderEliminarPor essa razão, a Fed decidiu abrandar a concretização do programa de compra de dívida pública norte-americana, uma das armas utilizadas para tentar sossegar os mercados e recuperar a maior economia do mundo. (dos jornais)
Pero el Estado controla completamente la producción de moneda. Puede producir moneda papel y metálica a un coste real que es mucho, mucho más bajo que el valor corriente de mercado de la cantidad nominal del dinero producido. Y puede producir reservas bancarias a coste prácticamente cero, simplemente abriendo cuentas en pantallas de computador. Y la Fed puede llevar a cabo todas esas operaciones siempre que le de la gana, restringida sólo por sus propios objetivos de política monetaria, no por restricciones financieras consubstanciales. La Fed no tiene un volumen finito de dólares. Cuando emite alguna cantidad de dólares, no tiene que disminuir en modo alguno su volumen de dólares.
ResponderEliminarQue se acalmem a Knight Capital, e os paises da UE que se encontram com maiores dificuldades na obtenção de crédito e de pagamento da dívida pública... acaba de surgir em Portugal (uma tira de terreno à beira mar antes conhecido por finis terra) um pregoeiro, capaz de vender qualquer título, de qualquer país, a qualquer comprador.
ResponderEliminarE deu já mostras do seu imenso "jeito" apregoando títulos da dívida portuguesa e da irlandesa.
Porquê, perguntais... porque ao "pacote" é mais barato.
Da feira de boliquei-me para o mundo, com um grande bem-haja a vocelências, do homem do microfone «ora comprem minhas senhoras, comprem, as meias da baratona...»
Caro Tonibler,
ResponderEliminarExactamente, pobres dos americanos que não têm capacidade para entender a extrema utilidade da burocracia, sobretudo em casos como estes do resgate de instituições financeiras...
A burocracia cria valor estimulando o consumo e entravando a recuperação das empresas, faz justiça castigando os investidores por terem tido a ousadia de investir/especular, protege os interesses dos próprios burocratas, é a parente mais próxima do Estado Social...
E os americanos continuam incapazes de entender estes superiores vantagens da burocracia!
Caro Pinho Cardão,
Tem toda a razão o Carlos Serio, ao por a nu as nossas insanáveis discordâncias quanto à origem dos desequilíbrios que quase liquidaram a economia portuguesa.
O meu Amigo continua a insistir nos méritos da governação que esteve na origem da suprema honra que nos foi concedida de negociarmos um programa de resgate financeiro.
Em particular, põe em evidência o esforço que foi feito para conter a despesa pública dentro de limites perfeitamente insanos, para conter o endividamento apenas alguns pontos percentuais acima do que seria suportável, para impor às empresas públicas (ou EPE's, como se queira) uma disciplina de gestão que garante défices insustentáveis, etc, etc.
E, ao mesmo tempo, imputa aos mercados e aos especuladores de casino que por aí circulam impunemente, a responsabilidade por toda a austeridade que temos vindo a suportar, pois era sua estrita obrigação financiar-nos sem limite, a preços módicos, permitindo o florescimento do Estado Social e a prosperidade de uma invejável arquitectura burocrática, valores sobre os quais se escora a felicidade das nações...
E eu, mal avisado que ando - devia neste capítulo dar mais ouvidos ao Carlos Sério - tenho questionado a validade dessas teses, alinhando, perversamente, com as posições neo-liberais...
Julgo que estou mesmo a necessitar de férias, o cansaço já me vai toldando o raciocínio e afrouxando a capacidade judicativa...
Caro Tavares Moreira,
ResponderEliminarAinda bem que reconhece estar “mesmo a necessitar de férias, que o cansaço lhe vai toldando o raciocínio e afrouxando a capacidade judicativa”.
A coisa já se notava há alguns meses mas longe de cometer a indelicadeza de lho comunicar. Ao colocar na boca do Pinho Cardão “que ele continua a insistir nos méritos da governação que esteve na origem da suprema honra que nos foi concedida de negociarmos um programa de resgate financeiro”, desculpar-me-á, mas só poderá estar com o raciocínio toldado ou coisa que o valha, uma vez que o Pinho Cardão sempre teceu aqui severas e merecidas (direi eu) críticas à governação Sócrates. Resgate financeiro que exigiu medidas de austeridade que Passos Coelho honrou, gabando-se mesmo de ir além da Troika. E ainda bem que o fez. Os resultados são fantásticos com esta actuação de Passos Coelho, dado que a taxa de desemprego não chegou aos 15% como se temia, a falência das empresas inverteu o seu ciclo de subida e até a dívida pública num único ano, do primeiro trimestre de 2011 para o primeiro trimestre de 2012, só subiu, imagine-se, 17,2% do PIB, que considero um dos maiores feitos dos actuais governantes. Muita acima da média anual da governação Sócrates que só atingiu o valor de 8,45% do PIB (68,2% em 2007, 102% em 2011).
Caro Carlos Serio,
ResponderEliminarNão posso deixar de registar o seu generoso silêncio, quando se apercebeu, há bastante tempo como diz, da falta de coordenação de ideias que terei manifestado, tornando indispensável observar um período de repouso.
Não me considerando merecedor de tal amabilidade, só mesmo a sua enorme generosidade pode explicar tão benemérita atitude.
Quanto aos ataques desferidos pelo Pinho Cardão à excelsa governação que menciona, creio que existirá algum desfasamento nessa sua apreciação, perdoar-me-á.
Sendo certo que aquele distinto Bloguista desferiu em tempos duríssimos ataques a tal governação, que o Senhor (pouco respeitosamente) apelida de socrática, a verdade é que nos tempos mais recentes ele reconheceu o erro em que laborava, corrigiu a mira e não se tem cansado de realçar os méritos da mesma:(i) despesa pública imparável a bater records sucessivos, (ii) negócios exemplares como as PPP,(iii) endividamento galopante esgotando a capacidade de crédito externo do País, (iv) em suma a criação de condições óptimas para a sujeição do País a um programa de resgate financeiro que, gloriosamente, chegaria em Maio de 2011, fechando a governação "com chave de ouro".
Não seja pois injusto com o Pinho Cardão, se faz favor.
Quanto às contas da dívida pública que o Senhor faz, conclui-se que não percebe "patavina" do que está a falar - perdoe-me a rudeza do comentário - pois na dívida pública mais recente entram diversas entidades (EPRs) que não eram consideradas até há pouco mais de um ano e que representam alguns pontos percentuais na medida da dívida.
A sua precipitação em defender o indefensável acaba por trair, desnecessariamente, a sua excelente capacidade argumentativa, que nos merece o maior respeito.
Vamos lá a ver quem é que não percebe patavina.
ResponderEliminarDiz o meu ilustre economista ortodoxo que “conclui-se que não percebe "patavina" do que está a falar - perdoe-me a rudeza do comentário - pois na dívida pública mais recente entram diversas entidades (EPRs) que não eram consideradas até há pouco mais de um ano”.
NÃO ERAM CONSIDERADAS?
Então não foi a afectação à classificação de três empresas públicas no sector das administrações públicas, que fez subir a dívida de 5,5% em 2007, 6,3% em 2008 e 6,9% em 2009?
Então, num caso arranja-se uma desculpa, no outro já não há desculpas. Esta duplicidade de critérios não abona nada a favor da honestidade intelectual de um individuo, meu caro.
O meu comentário anterior faz fé na notícia sobre dados do Eurostat publicados no Sol que transcrevo
ResponderEliminar"O Eurostat validou hoje o défice orçamental português de 2010 transmitido pelo INE fixando-o em 9,1 por cento do PIB, assim como a dívida pública em 93,0 por cento.
A evolução do défice orçamental português foi assim de 3,1 por cento do produto interno bruto (PIB) em 2007, 3,5 em 2008, 10,1 em 2009 e 9,1 por cento no ano passado.
Quanto à dívida pública, passou de 68,3 por cento do PIB em 2007 para 71,6 em 2008, 83,0 em 2009 e 93,0 no ano passado.
O organismo responsável pelas estatísticas comunitárias explica que os aumentos do défice e da dívida para os anos de 2007 até 2009, em relação à notificação feita em Outubro passado, se deve “à classificação de três empresas públicas no sector das administrações públicas”.
Essas alterações implicaram um aumento do défice de 0,4 pontos por cento em 2007, 0,6 em 2008 e 0,8 em 2009 e da dívida de 5,5 em 2007, 6,3 em 2008 e 6,9 em 2009".
link
http://sol.sapo.pt/inicio/Economia/Interior.aspx?content_id=17629
Reclassificação se acharmos que ninguém se responsabilizava pela dívida. Na prática, isso chama-se "ser apanhado a aldrabar as contas", coisa que se fosse eu fazer teria problemas graves, quando foi feito por muito menos que isso na Enron levou à prisão quer os gestores, quer os auditores, mas como foi o Teixeira dos Santos, até lhe dão uma cátedra se for preciso...
ResponderEliminarReclassificação, LOL! Vou tentar essa com as finanças da próxima "ora, eu não queria fugir aos impostos, vocês é que reclassificaram os meus proveitos"
Caro Carlos Sério,
ResponderEliminarA páginas 96/97 do relatório da proposta de OE para 2012, pode ler-se o seguinte:
"A dívida das Administrações Públicas, apurada de acordo com o Procedimento dos Défices Excessivos, aumentou 25 p.p. do PIB entre o final de 2007 e de 2010.
Para 2011 estima-se um acréscimo do racio da dívida pública de 8,6 p.p. do PIB, mas com a componente juros a explicar mais de metade desta subida, enquanto que o défice primário tem agora um contributo significativamente menor (registando uma diminuição de cerca 5 p.p. do PIB face ao ano anterior, situando-se agora em 1,6 p.p. do PIB).
Confesso-lhe que as suas citações de números e mais números, em defesa de teses indefensáveis, me fazem recordar a interessante definição do CÍNICO que o inesquecível Bernard Shaw tornou célebre: "Aquele que sabe o preço de todas as coisas mas não conhece o valor de nenhuma...".
Nem mais, não estou a chamar-lhe cínico - isso seria imperdoável - mas que o seu comportamento nesta discussão faz lembrar o cínico segundo Bernard Shaw, lá isso faz...