quinta-feira, 11 de outubro de 2012

D. Sebastião e Bartolomeu Dias...

Assisti a semana passa ao lançamento de uma nova revista, a Revista GLOBO. Trata-se de um projecto interessante e inovador que pretende ser um espaço de reflexão e debate sobre Portugal, no quadro global das suas relações com outros países e organizações em que participa, nas diferentes áreas da cultura à economia, passando pela língua e pela política externa.
A sessão contou com uma intervenção do Professor Adriano Moreira, que fez uma reflexão sobre Portugal, enquanto Estado e Nação, num contexto da crise institucional europeia e do fenómeno da globalização. Deixo aqui algumas passagens da visão que partilhou. Países como Portugal devem ter maior urgência em rever a relação com o mundo global. A fractura do projecto europeu está a enfraquecer a voz europeia no mundo e, portanto, países com as debilidades de Portugal devem buscar, com sentido de urgência, janelas de liberdade que levem a encontrar os apoios necessários em outras dimensões e latitudes.
Segundo o Professor Adriano Moreira, essas oportunidades estão, no nosso caso, para além do apoio europeu que subsista, no Mar e na CPLP – Comunidades dos Países de Língua Portuguesa.
Em relação ao Mar deixa um alerta. Portugal deve lutar pelos seus interesses, para que a definição do mar europeu que a Comissão Europeia tem em curso aconteça depois da aprovação pela ONU da nova plataforma continental portuguesa, evitando que o nosso Atlântico nos fuja das mãos.
A oportunidade da CPLP faz realçar as especificidades de todos os países membros ligadas pela maneira portuguesa de estar no mundo. Mas também aqui o Professor Adriano Moreira deixa um aviso. Esta oportunidade exige, para além da língua, um esforço que é de soberania e não de mercado, na valorização da rede de ensino superior que torne os centros portugueses apetecidos.
Mas o Professor Adriano Moreira não acredita em sebastianismos e diz que parece estranho que a esperança que alimentamos de um futuro viável tenha historicamente sido fixado num Rei vencido, D. Sebastião. Parece-lhe que é mais aconselhável Bartlomeu Dias, que por três vezes partiu para a Índia e na última vez morreu no mar sem desistir. O futuro deu razão à sua coragem, persistência e fidelidade a um conceito estratégico nacional.
Falta-nos, justamente, um conceito estratégico nacional e muitos Bartolomeus persistentes que não desistam. Sonhar também faz bem, mas não chega. O Mar e a CPLP são recorrentemente lembrados e falados, mais parecendo um sonho.O tempo passa e o tal "sentido de urgência"  não há meio de ser urgente...

9 comentários:

  1. A minha opinião e a visão que tenho do país, das gentes e dos recursos de que dispomos, coincide em varidíssimos pontos, com a do Professor Adriano Moreira.
    Eu tambem penso que o nosso futuro, depende da capacidade que tivermos para abrir as "janelas" a que se refere e ainda, do empenho que formos capazes de colocar na conquista dessa "liberdade" que em minha opinião, se compõe por um misto de espiritualidade e de querer.
    Se olharmos para o todo que é a nossa História, país, povo e mundo, chegamos com facilidade a uma constatação; fomos pioneiros no ar, no mar, e em terra. Falta-nos, para completar o círculo, sermos pioneiros no fogo, o terceiro elemento que constitui a matéria. Estando este cíclo completo, irá estabelecer-se a ligação entre astrologia e alquimia. Por conseguinte, a completude.
    Um dos maiores flagêlos que a sociedade enfrenta na actualidade, prende-se com a incidência cada ano maior, de incêndios de grandes proporções. Será que está reservada para Portugal, a descoberta do meio revolucionário que irá permitir extinguir as chamas com maior eficácia, menores custos de vidas humanas e materiais?
    Pela minha parte, ha muito que acalento esta ideia e acarinho a hipotese de vir a acontecer num futuro muito próximo.

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  2. Ora aqui estão bons motivos para refletir, duvido é que a "gente" que impera se dê a esse trabalho...

    Também aqui. está um bom exemplo. Replico a entrevista dada ontem pelo dono do Pingo Doce ao Mário Crespo (jornal das nove da sic notícias).

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  3. Não me parece que o "nacional" vá sobreviver à crise da dívida que é, no fundo, o início do processo desmantelamento dos estados, pelo que o próprio conceito de "estratégia nacional" pode estar obsoleto.

    Mas gosto da notícia da criação de mais um meio de conteúdos. Vi a capa da revista e veio-me uma sensação agradável de haver gente a escrever numa revista (outro conceito obsoleto, ou a ser reinventado). Parece-me absurdo que numa altura em que produzir conteúdos atingiu o seu "mínimo absoluto" em termos de custos infraestruturais que faltem cada vez mais estas.... revistas.

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  4. deixem-se de "tonterias". A barcaça vai com a torrente, agora imparável, e a Europa, finalmente, vai tomar o leme.

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  5. De fato a 2ª parte do comentário do Tonibler, é pertinente...

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  6. D. Margarida de Aguiar

    Quanto ao mar, nem V. Exa nem o Prof Adriano têm que se preocupar!
    O PR está à espera de uma encomenda feita aos estaleiros de Viana de Castelo que nunca mais chega.
    É um navio que sulca e sulca todos os mares, dotado de um leme topo de gama onde o nosso Professor tomará o comando. Depois de D. João II, só a reconquista dos demais continentes e ilhas fará tremer o mostrengo que está no fundo do mar!

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  7. Caro Bartolomeu
    A propósito do pioneirismo no fogo, lembro-me de há uns anos, num verão em que o país estava a arder, ter sido noticiado um projecto português de D&I de construção de um protótipo de um pequeno avião telecomandado que tinha por função fazer a vigilância das florestas sobrevoando-as em permanência.
    Nunca mais ouvi falar do assunto. Assim como apareceu, assim desapareceu! O que terá acontecido?
    Caro jotaC
    Felizmente ainda vamos tendo bons exemplos, pessoas bem formadas, competentes, com trabalho feito, tantas vezes a pulso, responsáveis, com sensibilidade social e humana. Infelizmente estão cada vez mais divorciadas dos poderes políticos. Percebe-se porquê.
    Caro Tonibler
    Falta-nos "Nação", no sentido de coragem e ousadia para encontramos uma via diferente capaz de se opor ao processo de desmantelamento.
    É realmente um grave problema. A coragem e a ousadia não se transaccionam no mercado, fazem parte de um ADN de soberania.
    Caro Fartíssimo do Silva
    Pode crer que nos fazem falta muitos Adrianos Moreira! Teríamos, isso sim, um barco topo de gama!

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  8. Acho que o avião a que a cara Drª. Margarida se refere, foi mandado abater por um certo assesor presidencial, de seu nome, qualquer coisa Lima... ou assim.
    ;)))

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  9. D. Margarida de Aguiar

    Concordo consigo, mas eu não me referia ao Prof. Adriano...!

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