"Parar para pensar", parece óbvio, não apenas agora, mas sempre. O que nos tem faltado e muito. O óbvio que surge como uma necessidade premente num momento em que toda a gente fala, mas em que falta racionalidade. De facto um dos perigos que estamos a viver é o da irracionalidade. A irracionalidade no pensamento, na decisão, na opinião, na actuação, na avaliação, na reacção e, também, e muito importante, na emoção. Vamos ter que ter tempo para pensar...
Vale a pena ler Vítor Bento em "Parar para pensar". Aqui:
(...) Não é fácil sair daqui. O Governo, desde o início que se fechou num autismo obreirista, centrado na "lista de tarefas", mais empenhado em comunicar - falando e ouvindo - com os mercados do que com a sociedade (esquecendo-se de que, perdendo esta, a comunicação com aqueles fica oca). A sociedade - e em particular os seus mediadores e representantes - re-acolhendo-se ao estado de negação, abre-se às promessas milagreiras, enquanto os nostálgicos de 1917 sonham com a "reunião das condições objectivas e subjectivas" para a revolução.
Grita-se muito e reflecte-se pouco. Não se consegue uma discussão racional com pés e cabeça e, sobretudo, não existem "fora" onde essa discussão possa ter lugar de forma útil. Há coisas importantes que têm que ser discutidas, mas que não podem ser discutidas na praça pública, nem podem ficar apenas entre os que se acham auto-ungidos para a salvação da Pátria. E querer-se um consenso político alargado, sem instituir um mecanismo de ‘governance' desse consenso, é apostar num "consenso por adesão", que arrisca ficar sem aderentes.
(...)
As coisas nem sempre são o que parecem e há que ter cuidado com as consequências indesejadas das acções missionárias.
Não posso estar mais de acordo.
ResponderEliminarSó espero que não seja tarde para parar e que haja quem queira pensar. Mas pensar no País, não em táticas e cálculos partidários, em coerência com o incompreendido desabafo de Passos Coelho: que se lixem as eleições.
Não me pronunciarei sobre a nova figura de "autismo obreirista" usada pelo autor citado, nem pela respectiva motivação, mas ocorre-me uma pequena interrogação: a ser verdadeira, essa figura ou fenómeno há de ter uma génese e um genitor, cujo conhecimento pode ser matéria de reflexão para evitar a repetição dos erros.
ResponderEliminarE aqui fica uma sugestão para o exercício de "Parar para pensar".
Agora é mais importante parar para pensar, mesmo com a alteração de calendários sagrados, do que continuar na corrida alucinante para o desastre disfarçado de salvação vivífica,