segunda-feira, 22 de outubro de 2012

RTP, serviço público de televisão?

Cavaco Silva recebeu um grupo de subscritores do Manifesto em Defesa do Serviço Público de Rádio e Televisão, que contestam a privatização da RTP, nomeadamente por identificarem serviço público como o serviço que a RTP presta.
Assim, para os subscritores do Manifesto, serviço público seria aquilo que a RTP faz.
Acontece simplesmente que Serviço público de televisão não é (nem pode ser) aquilo que a RTP faz; a existir, serviço público seria aquele tipo de programação que o mercado não está em condições, não quer ou não pode oferecer. Se essa lacuna existe, e existe, muitos defendem que deveria ser colmatada através de um serviço público, que interviria como regulador da natureza da oferta, oferecendo diversidade, complementaridade e qualidade. Mas não é isso que a RTP faz.
Aliás, é o próprio site do Movimento que, ao caracterizar o serviço público como …garantia de pluralismo, de defesa da língua e da cultura, de presença no vasto mundo lusófono, e o meio privilegiado de formação do gosto e do espírito crítico, de acesso à cultura, ao entretenimento de qualidade e a uma informação rigorosa e independente, a que os portugueses têm direito, dá, de mão beijada, a argumentação perfeita para dizer que serviço público não é aquilo que a RTP faz.
Pois é óbvio que a RTP não cumpre aquela definição: a programação da RTP é tendencialmente similar à das estações privadas. Não há diferença substancial, nem valor acrescentado. Deixo para próximo post a comprovação da verdade da afirmação.
Mas, para a comprovação da sua tese, os Subscritores acentuam ainda como serviço público essencial aquilo que o Segundo Canal também faz.  
Ora só por absurdo o 2º Canal pode ser considerado um canal público. Trata-se, antes, de um canal confidencial destinado a minorias das minorias, estas no geral com possibilidade de acesso a uma diversidade de bens culturais. Além do mais, é um canal que apenas reproduz uma oferta cultural há muito fechada em si própria e cativa dos interesses que no canal conseguiram predominância.
Acontece que serviço público não é para minorias, nomeadamente para minorias esclarecidas, ilustradas ou vanguardistas. Essas têm normalmente acesso aos bens culturais que pretendem. Mas música, ópera, ballet, teatro, bom cinema a horas decentes são serviço público para grandes segmentos da população que, de outro modo, não têm acesso a esses bens.   
E esse tipo de programação nem a RTP 1 nem a RTP 2 apresentam.
(Continua)

7 comentários:

  1. Completamente de acordo. Aguardo a continuação.

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  2. «Mas música, ópera, ballet, teatro, bom cinema a horas decentes são serviço público para grandes segmentos da população que, de outro modo, não têm acesso a esses bens. … E esse tipo de programação nem a RTP 1 nem a RTP 2 apresentam»


    Bom cinema, bons documentários e boa informação a horas decentes, é bom serviço público.

    Mas música (suponho que se refere à clássica), ópera, ballet, teatro???

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  3. Recebeu? Hã, não vá o governo privatizar aquilo. Na volta vai chamar o relvas ao soviete supremo para explicar....

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  4. o que achei mais escandolo é Arons de Carvalho ser uns dos promotores desse manifesto.um tipo que é Vice -presidente da ERC?que deve ser independente e neutral?como membro da ERC logicamente que vai ser chamado a intervir. com esta posição ,esta logicamente enfraquecido

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  5. Totalmente de acordo.
    Caro Diogo: também é serviço público desde que servido criteriosamente e em doses equilibradas.

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  6. E é só de mim ou sempre que vejo o anuncio do Prós e Contras e cuja mensagem é interessante, não deixo de pensar na cabecinha ignorante que o idealizou. Então se ao invés de policias (que não são um lado nem têm de ter opinião quando cumprem ordens) e manif
    estantes (que não têm de partir montras e atirar pedras), fosse a mesma mensagem mas entre um casal, em que um deles desata ao estalo ao outro e no final trocam de camisolas, será que a mensagem também não encaixava? Lá está boa mensagem, mau veiculo, totalmente descabido.

    http://www.youtube.com/watch?v=DOZkJ5zR_o0

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  7. Também estou de acordo com a "definição" de serviço público, só não sei se o povo a apreciaria. A avaliar pelas audiências de programas abjetos como a casa dos segredos e afins...

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