Como
no post anterior referi, os subscritores do Manifesto em Defesa do Serviço
Público de Rádio e Televisão identificam serviço público como o serviço que a
RTP presta e, como tal, contestam a privatização da RTP.
Depois
das considerações mais genéricas ontem produzidas e que contrariam em absoluto as teses do Movimento, analisarei hoje a
informação da RTP à luz da própria caracterização constante do site do
Movimento: informação rigorosa e
independente, a que os portugueses têm direito…garantia de pluralismo…
Ora a
informação da RTP nem é rigorosa, nem é independente, nem é plural.
a) É uma informação com predominância absoluta da
política: a avaliar pela RTP, não há outra actividade no país: não há
empresas, nem iniciativas, para além das políticas, dos sindicatos, das
corporações, dos lóbis, das pseudo Comissões de Utentes de tudo e qualquer
coisa. Não há empresários, não há exemplos humanos de voluntariado social para ouvir, não há empresas inovadoras, não há entidades exemplares para divulgar.
Mas há Observatórios de burocratas para confundir, e só e apenas um país
sentado para mostrar. Há muita vida para além dos telejornais da RTP. O serviço público não a revela, mas é ela que sustenta o país.
b) É uma informação que não salvaguarda o
pluralismo: a RTP dá exclusividade absoluta aos partidos com representação
parlamentar, o que impede que outras forças da sociedade civil ou que pretendem concorrer a eleições apareçam e a sua mensagem seja conhecida.
c) É uma informação preguiçosa, que insiste nas mesmas figuras (e figurões…) como
comentadores: gente que a mais das vezes não se prepara, ou se limita a
dizer as mesmas coisas, alguns de há décadas a esta parte. Já se sabe de antemão
o que vão dizer. Mas a opinião está cativa dessa uma dúzia de “pensadores”. Que
são os mesmo nos telejornais ou nos Prós e Contra ou nas entrevistas de fundo,
que apenas servem a vaidade de entrevistadores e entrevistados.
d) É uma informação que sistematicamente destrói as mais importantes mensagens políticas,
sejam elas declarações institucionais ou entrevistas do Presidente da
República, do 1º Ministro, ou do principal dirigente da Oposição. Segue-se de
imediato um painel que interpreta,
adultera, corta, adiciona, corrói e corrompe tudo o que foi dito. Estes
programas não constituem serviço público, são verdadeiros produtos estruturados
tóxicos, piores do que o sub-prime. Formatados para vender audiências. Os
cidadãos não precisam desta intermediação imediata. Compete ao serviço público
deixá-los pensar. Comentários, passado algum tempo. Difícil, porque os
pensadores profissionais perderiam o palco.
e) Em síntese, trata-se apenas de uma informação de
telejornais de encher chouriços. Com tempos intermináveis a perguntar
se se concorda com aumento dos combustíveis, das portagens, do gás e da
electricidade, das taxas moderadoras, …choros nos incêndios…e, dentro em breve,
o que se pensa da neve e do frio e da chuva…E a repetir pela e-nésima vez peças
do dia anterior.
Nada a distingue da informação das estações privadas e, por vezes, fica até muito aquém. Mas é esta informação medíocre na qual o Movimento se revê e erige como serviço público. Porque é a
que a RTP faz. Aquela a que, no seu entender,temos direito!...
Sim.Bate tudo certo.
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