terça-feira, 23 de outubro de 2012

RTP, Serviço Público de Televisão: a Informação II

Como no post anterior referi, os subscritores do Manifesto em Defesa do Serviço Público de Rádio e Televisão identificam serviço público como o serviço que a RTP presta e, como tal, contestam a privatização da RTP.
Depois das considerações mais genéricas ontem produzidas e que contrariam em absoluto as teses do Movimento, analisarei hoje a informação da RTP à luz da própria caracterização constante do site do Movimento: informação rigorosa e independente, a que os portugueses têm direito…garantia de pluralismo…
Ora a informação da RTP nem é rigorosa, nem é independente, nem é plural.
a)      É uma informação com predominância absoluta da política: a avaliar pela RTP, não há outra actividade no país: não há empresas, nem iniciativas, para além das políticas, dos sindicatos, das corporações, dos lóbis, das pseudo Comissões de Utentes de tudo e qualquer coisa. Não há empresários, não há exemplos humanos de voluntariado social para ouvir, não há empresas inovadoras, não há entidades exemplares para divulgar. Mas há Observatórios de burocratas para confundir, e só e apenas um país sentado para mostrar. Há muita vida para além dos telejornais da RTP. O serviço público não a revela, mas é ela que sustenta o país.
b)      É uma informação que não salvaguarda o pluralismo: a RTP dá exclusividade absoluta aos partidos com representação parlamentar, o que impede que outras forças da sociedade civil ou que pretendem concorrer a eleições apareçam e a sua mensagem seja conhecida.
c)       É uma informação preguiçosa, que insiste nas mesmas figuras (e figurões…) como comentadores: gente que a mais das vezes não se prepara, ou se limita a dizer as mesmas coisas, alguns de há décadas a esta parte. Já se sabe de antemão o que vão dizer. Mas a opinião está cativa dessa uma dúzia de “pensadores”. Que são os mesmo nos telejornais ou nos Prós e Contra ou nas entrevistas de fundo, que apenas servem a vaidade de entrevistadores e entrevistados.
d)      É uma informação que sistematicamente destrói as mais importantes mensagens políticas, sejam elas declarações institucionais ou entrevistas do Presidente da República, do 1º Ministro, ou do principal dirigente da Oposição. Segue-se de imediato um painel que interpreta, adultera, corta, adiciona, corrói e corrompe tudo o que foi dito. Estes programas não constituem serviço público, são verdadeiros produtos estruturados tóxicos, piores do que o sub-prime. Formatados para vender audiências. Os cidadãos não precisam desta intermediação imediata. Compete ao serviço público deixá-los pensar. Comentários, passado algum tempo. Difícil, porque os pensadores profissionais perderiam o palco.
e)      Em síntese, trata-se apenas de uma informação de telejornais de encher chouriços. Com tempos intermináveis a perguntar se se concorda com aumento dos combustíveis, das portagens, do gás e da electricidade, das taxas moderadoras, …choros nos incêndios…e, dentro em breve, o que se pensa da neve e do frio e da chuva…E a repetir pela e-nésima vez peças do dia anterior.
Nada a distingue da informação das estações privadas e, por vezes, fica até muito aquém. Mas é esta informação medíocre na qual o Movimento se revê e erige como serviço público. Porque é a que a RTP faz. Aquela a que, no seu entender,temos direito!...

 

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