O Programa Intergerações da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, lançado em Março deste ano, é uma iniciativa muito relevante, pena que só este ano tenha arrancado. Mas mais vale tarde do que nunca. A iniciativa tem por objectivo fazer a identificação dos idosos que vivem sós na cidade de Lisboa - são, segundo o último Censos, 36 mil pessoas com mais de 65 anos - e estruturar respostas que permitam acompanhar em permanência estas pessoas, com soluções adequadas à sua condição de vida. São pessoas em risco, seja por motivos de saúde, habitação, condição económica, solidão, violência doméstica, segurança, etc., que necessitam de apoios para satisfazer necessidades básicas. A intervenção implica uma geometria muito variável de soluções e uma eficaz articulação/coordenação entre muitas entidades que trabalham no terreno em vários domínios. Um trabalho onde normalmente há grandes falhas, onde não faltam as sobreposições e são frequentes a falta de comando e a desresponsabilização.
Os resultados alcançados mostram o nível de carências em que vivem os idosos de Lisboa e como é urgente actuar. Um retrato que se estende certamente a outras cidades do país. Na primeira fase foram identificados 23 mil idosos em risco, dos quais 542 tiveram, segundo a notícia, uma resposta imediata devido à situação de emergência em que foram encontrados. Na segunda fase serão criadas estruturas que deverão permitir acompanhar os milhares de idosos referenciados.
É fundamental que socorramos os idosos que, abandonados à sua sorte, vivem em condições muitas vezes sub-humanas com as quais uma sociedade responsável não pode pactuar. As dificuldades em tempo de crise mostram como é ainda mais urgente actuar.
É fundamental que socorramos os idosos que, abandonados à sua sorte, vivem em condições muitas vezes sub-humanas com as quais uma sociedade responsável não pode pactuar. As dificuldades em tempo de crise mostram como é ainda mais urgente actuar.
É muito importante que a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa se reconcentre na sua missão de ajudar os mais necessitados. Para o fazer é preciso identificar os casos e actuar de forma eficaz. É um trabalho difícil e exigente mas absolutamente necessário. É preciso estruturar formas de intervenção em linha com os problemas do nosso tempo, numa sociedade que caminha para o envelhecimento, mas também em linha com a necessidade de envolver nas soluções o voluntariado, as comunidades e instituições locais, entidades oficiais, de modo a ganhar sinergias através da entreajuda, complementaridade e proximidade. Um grande desafio...
Concordo, Margarida, é sem dúvida uma iniciativa de louvar, uma forma de arregaçar as mangas em vez de ficar a meditar em "formas estruturais de intervenção", cada uma das pessoas socorridas vale um mundo. Mas não deixa de ser impressionante ver a que ponto se pode chegar, de abandono, de carências e de solidão, quando se é velho ou incapaz de ser autónomo,a ajuda caso-a-caso é a demonstração de como as situações são aleatórias, não dependem nem do bairro, nem de um acontecimento concreto, vão-se espalhando como uma mancha e um dia são aos milhares, descobertas uma a uma.
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