terça-feira, 27 de novembro de 2012

Responsabilidade social das empresas

“Isso (evitar despedimentos) faz parte da responsabilidade social do Grupo Volkswagen e portanto vamos fazer todo o possível para que não aconteçam despedimentos.
António Melo Pires, Director-Geral da Auto Europa, em entrevista ao DN de 24 de Novembro.  
De facto, o despedimento deve ser a última medida a tomar e apenas nos casos limite em que constitua o mal menor para salvar postos de trabalho que, de outra forma, acabariam com a empresa.
Porque, nos outros casos, para além de revelar profunda insensibilidade, nos antípodas da responsabilidade social da empresa, torna-se geralmente numa medida desajustada em termos económicos, acabando por não servir nem a empresa, nem os seus accionistas.
Com efeito, estudos levados a cabo nos Estados Unidos sobre o downsizing concluíram o seguinte:
a)      Passados 3 a 5 anos sobre despedimentos colectivos, as empresas tinham geralmente reposto os efectivos à data do despedimento.
b)      Para o efeito, depois de terem suportado o ónus das indemnizações, tiveram também que suportar os custos de formação referente às novas admissões.
c)       No período seguinte aos despedimentos, as empresas em causa viram a sua imagem corporativa degradada e sofreram perdas significativas de vendas, devido a uma reacção negativa dos consumidores.
d)      No fim, as empresas terão ganho uma renovação do seu quadro de pessoal, mas o benefício global não equilibrou os custos envolvidos.
A Volkswagen sabe isso muito bem. Oxalá as empresas portuguesas saibam também distinguir dificuldades conjunturais de problemas estruturais e não se deixem levar por facilitismos de despedimentos, de benefícios futuros duvidosos, mas de custos certos no presente. Custos materiais não recuperáveis para as empresas e dor profunda para muita gente. 

8 comentários:

  1. Sugestão alternativa:
    http://notaslivres.blogspot.com/2012/10/medida-3-divisao-distribuicao-do.html

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  2. «Oxalá as empresas portuguesas saibam também distinguir dificuldades conjunturais de problemas estruturais e não se deixem levar por facilitismos de despedimentos...»
    Mas como é isto possível, caro Dr. Pinho Cardão, se vivemos numa alegre corrupção colectiva sem travão, portanto... sem decência?!

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  3. No caso da Auto Europa, ao que parece, tanto os trabalhadores como a administração têm compreendido, desde sempre, os desafios exigidos pela VW a todos para a continuação daquela empresa em Portugal...

    Talvez a despropósito, gostaria de partilhar aqui. este vídeo, não tanto pela reflexão que impõe (essa já tem vindo a ser feita pela observação dos países emergentes), mas pela maneira simples de como em escassos 4 minutos se constrói um excelente projeto de comunicação, sobre uma matéria tão extensa...

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  4. Suponho que os mesmos princípios devem valer para o sector público...

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  5. Caro Pinho Cardão,

    É tudo uma questão de urgência e de perspectiva. Qualquer pessoa pode pegar nos custos de despedir, que não são pequenos, e entender que não vale a pena face à perspectiva de negócio no futuro. O problema, e é esse que separa qualquer café da Autoeuropa, está exactamente na perspectiva...

    Cara Suzana,

    A perspectiva de necessidade de 700 mil funcionários públicos nos próximos 50 anos é nula. Mas mesmo que assim não fosse e hoje só pudéssemos pagar 350 mil, é muito simples. Passam-se os ordenados de todos para metade. Assim já podemos guardar os 700 mil. O bom de serem servidores do estado é isso, o estado precisa e eles servem, não é?

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  6. Dr. Pinho Cardão
    Temos muitas empresas que estão, por exemplo, a fazer parcerias em paises estrangeiros para aí colocarem os seus colaboradores. É uma forma inteligente de segurar o capital humano, também ele necessário ao futuro das empresas.

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  7. Concordo consigo, caro Tonibler.
    A questão está na perspectiva.
    E há quem perspective e há quem não.
    E quem procure medir os efeitos e quem não.
    O que não significa que não possa haver erros de perspectiva ou virtudes inesperadas em não a ter.
    De qualquer forma, prefiro os que perspectivam.

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  8. Caro Pinho Cardão

    A escala conta e os efeitos, dos despedimentos, nos EUA são diferentes dos que sucederiam, por exemplo, na Dinamarca. Não é por acaso que, neste país, desenvolveram a flexisegurança.
    Isto de ser um país que tem a população de uma grande cidade é uma escala diferente, por isso, além da perspectiva, como indica o Caro Tonibler, também há a escala. Por isso e também nisso, um café e a Autoeuropa é uma questão de escala.

    Caro Tonibler

    No passado, como rezam as estórias, também também vivemos sem Estado. Foi na Idade Média e, pelo que deixaram para a posteridade não viviam nada mal. Basta ver a quantidade de catedrais, financiadas com dinheiro privado, que se construíram.
    Tenho, no entanto, algumas dúvidas que a maioria dos nossos concidadãos queiram "voltar" a esses tempos áureos.
    Nesse sentido, para os próximos cinquenta anos, estado e os funcionários públicos será uma questão de cultura e de modelo de sociedade. Temo, que mesmo em termos de perspectiva, a mesma seja o contrário de nula.
    ( A proposito, os funcionários já são menos de 560 mil, mesmo contando, com os primos: os das empresas cujo acionista é o estado).
    Cumprimentos
    joão

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