Discretamente, em privado, com as entidades certas, e não na praça pública, o Governo tem vindo a renegociar os termos do Memorando de Entendimento assinado com a Troyca. Depois de ter obtido um primeiro prolongamento do prazo de reembolso dos financiamentos obtidos ao abrigo do Memorando, acabou de obter agora uma posição de Bruxelas, em princípio favorável a uma nova extensão dos prazos de maturidade daqueles empréstimos. Não se trata de alargar o prazo de cumprimento do défice que, aliás, já levou alguns ajustamentos, mas apenas da possibilidade de alargamento do prazo dos reembolsos. O que é bom, já que dá maior flexibilidade na gestão da tesouraria do Estado, situação que favorecerá os diversos governos que estiverem em funções durante o período em questão.
Perante o facto, António José Seguro veio de imediato a terreiro clamar que tal se deveu a um fracasso do governo. E que o PS já há muito vinha reivindicando tal medida. Ora, quem, neste caso, afere o cumprimento dos objectivos calendarizados e estabelecidos para o período transcorrido é a Troyca, e foi por os considerar razoavelmente cumpridos é que acordou em ajustar outros objectivos a atingir no médio prazo. Foi um prémio por ter cumprido, e não, como Seguro tortuosamente diz, um efeito do fracasso. Claro que o Memorando, como qualquer Acordo ou Contrato para vigorar no médio prazo, pode, e deve, ser objecto de rectificações, quando tal se justifique e que, a fazerem-se, virão em benefício de todas as partes.
Mas nenhum contrato, particular ou, sobretudo, de qualquer Estado, é renegociado na praça pública, mas discretamente, por aproximações sucessivas, sensibilizando gradualmente todos
os escalões de decisão.
Tendo sido o Governo socialista o promotor
do acordo vertido no Memorando, seria desejável que o actual Governo associasse
de alguma forma o Partido Socialista à sua renegociação, com a natural reserva
que se impõe nestes casos. A teoria dos jogos de poder do governo, dos
partidos da coligação e do PS levou a que tal não tivesse acontecido. Contudo,
o país ganharia se essa coordenação de esforços e de vontades se tivesse dado.
Os partidos existem para os portugueses, não para os jogozinhos poder dos
seus dirigentes.
Nota: Uma coisa é cumprir o Memorando e os seus objectivos; outra coisa, o modo como estes
se cumprem. Mas discordar do modo e até do tempo, e eu discordo de muita coisa,
não pode impedir que se reconheça o resultado alcançado. Não o que cada um
desejaria, mas o do Memorando assinado pelo governo socialista e co-assinado
pelo PSD.
Nova teoria: a dos objetivos: «razoavelmente cumpridos».
ResponderEliminarDeus me livro do Seguro fazer de Passos II, mas:
1) O homem reclamou o alargamento do prazo da diminuição do «deficit». O governo negou, mas aconteceu.
2) O homem barafustou com o prazo de pagamento dos juros. O governo que não, mas parece que vai acontecer.
Entretanto, cá dentro, a hecatombe vai ganhando forma: profes, médicos e forças de segurança que se preparem - eles vão pagar a redução do «deficit».
Morrer e pagar o mais tarde possível, não é aí que Seguro pode ir buscar argumentos.Levar os credores a aceitarem melhores condições é que já não é para todos:http://bandalargablogue.blogs.sapo.pt/123041.html
ResponderEliminarPerdeu-se notoriamente a noção do que é ser oposição num regime político democrático. Nos últimos tempos o comportamento dos lideres é simplesmente impedir que os partidos da maioria retirem vantagem dos resultados da governação. Isso aliás explica a falta de alternativa credível. Como a oposição espera que o governo caia de podre, rejubila com os fracassos e entristece-se, torna-se nervosa com os sucessos. Todavia, aos fracassos dos governos correspondem mais sacrificios para as pessoas; e aos sucessos, em especial nesta conjuntura, a esperança de que podemos aspirar a dias melhores. Quem não percebe isto deveria merecer o mais absoluto desdém do eleitorado.
ResponderEliminarISTO, SIM, é que é política (ao nível do Toino Bel Air):
ResponderEliminar«Ministro japonês diz que idosos doentes devem “morrer rapidamente” para o bem da economia.»
NEM MAIS!
A minha mãe tem 83 anos, recebe pouco mais de 200 euros de reforma. O que anda o estafermo por cá a fazer? MORRA!
Concordo que isto é produto da oposição. Não fossem as barreiras impostas pela presidência às melhorias no estado não seriam precisos ajustes na maturidade da divida. Esta é uma forma de ser eu a pagar à divida com os rendistas do estado a assistirem divertidos.
ResponderEliminarVamos lá ver se um destes dias a D. Troyca não se lembra de exigir ao nosso governo a edificação de uns quantos campos de concentração e que coloque lá dentro a tugalhada toda, de cabelo bem rapadinho, um fatinho listado com um número impresso e uma estrelinha vermelha na lapela...
ResponderEliminarEstou com o caro Drº Ferreira de Almeida.
ResponderEliminarDe facto, o povo patrocinador está encostado à parede, o discurso da atual oposição não faz a diferença...
Caro Luís Moreira:
ResponderEliminarDe facto, palavreado é coisa que abunda em muitos; acções é que é mais complicado.
Caro Ferreira de Almeida:
É mesmo isso. Gente ressabiada nunca consegue ver uma nesga de mérito na acções de outros e a única coisa que sabe fazer é atribuir-se a si mesmo os méritos das acçoes alheias.
Caro Bartolomeu:
Enigmáticas palavras as suas. Desta vez não consegui chegar lá...Paciência!...
Caro jotaC:
Bom era que o discurso e, sobretudo, as propostas oposicionistas, designadamente as do PS, fizessem a diferença para melhor; lamentavelmente, perdem-se na demagogia e assim, se diferença fazem, é para pior.
Lamentavelmente.
Não tão enigmáticas como lhe parecem caro Dr. Pinho Cardão.
ResponderEliminarBasta que se recorde porque motivo estava o governo impedido de "ir aos mercados", porque está agora autorizado a ir, e o que representa, a montante e a jusante, "ir aos mercados" e ainda, qual serão os resultados práticos a curto prazo, deste "aliviar da trela".
Et pourtant...
http://www.youtube.com/watch?v=tew1r_OVzls
;)
Caro Bartolomeu:
ResponderEliminarPor que motivo Portugal estava impedido de ir aos mercados, já está completamente explicado. Há quem não acredite nas verdadeiras razões, e fale na grande especulação, no capital financeiro internacional, et, etc; estão no seu pleno direito. Errados, mas tendo todo o direito a persistir no erro. É uma opção pessoal.
Por que motivo está agora Portugal "autorizado" a ir, também está explicado.
As verdadeiras razões, dispenso-me de as referir, estão à vista.
Mas para os que defenderam que os culpados foram a tal grande especulação e o capital financeiro internacional, sou levado a presumir que agora pensam que a especulação ficou sem ânimo, e o capital financeiro internacional declinou todo o seu ímpeto especulativo.
Penso eu de que...
Caro Dr. Pinho Cardão, "chapeau"!
ResponderEliminarPoucos são aqueles que, com arte, e sem recorrer à alquímia, conseguem converter em ouro, qualquer tampa de refrigerante barato.
A história conhece somente um nome, Midas. Mas esse foi rei, pelo que, não conta. Aos reis assistem-lhes qualidades que roçam as que ordináriamente atribuímos às divindades, por isso...
;)))
Olhe que não...olhe que não... para além da conjugação de certos factores que urgia saberaproveitar de imediato nesta conjuntura, como se depreende, haverá pelos mercados quem tenha já afiançado [ uma agência de rating, em concreto] que qualquer êxito na oferta de dívida de hoje não a faz alterar a classificação de LIXO!
ResponderEliminarEssa alteração só surgirá, caso o Tribunal Constitucional não venha a pronunciar-se pela inconstitucionalidade das medidas propostas pelo Governo no OE. A pressão externa a marcar a agenda.
Não há almoços grátis!