As
autoridades europeias, normalmente emergentes da pior burocracia instalada nos
diversos países da União, já perderam qualquer tino e só lhes resta o
autoritarismo institucional. Sem ele,
seriam escriturários de segunda em qualquer empresa da terceira divisão.
Apesar do peculiar sistema financeiro grego, dificilmente
se pode conceber medida mais absurda do que taxar os depósitos nos bancos, como
acaba de ser decidido. Claro que
taxar rendimentos é taxar depósitos futuros, mas taxar depósitos actuais é
taxar retroactivamente. E é discriminar entre as diversas formas de aplicação
da poupança. Acontece que em quase todo o lado o Estado não é pessoa de bem, por
isso não há que admirar. Mas taxar depósitos, ignorando olimpicamente as
consequências do feito, é perfeita sabotagem económica, incentivo à fuga de
capitais, desvio do investimento, atentado económico, mas também ético.
Têm culpa
as autoridades cipriotas e têm-na duplamente, pelo estado a que deixaram chegar
os desequilíbrios e por terem aceite as condições impostas para os corrigir. Mas o Eurogrupo é co-responsável, se não o
primeiro responsável, pela quebra de confiança dos aforradores europeus, cada vez mais
empurrados para aplicar poupanças nas praças alternativas. Que são as próprias autoridades
a fomentar.
Depois da
discriminação fiscal sobre os reformados em Portugal e dos seus efeitos
económicos e sociais, poderia pensar-se que a tonteria mais rasteira tinha chegado ao fundo.
Acontece que há sempre um fundo mais fundo. Que o pessoal de Bruxelas vão cavando com inesgotável
pertinácia.
Resgate por
resgate, o que os Europeus devem pensar é resgatar-se desses burocratas sem dimensão e sem a mais pálida ideia do que seja pensar.
Tocou à banca, não tocou? E isso muda tudo, mesmo que o sacrificado imediato seja sempre o mesmo.
ResponderEliminarCaro Pinho Cardão,
ResponderEliminarIsto é tão estúpido que tem truta. Ou estão a forçar um default para ver o que dá ou outra coisa qualquer. Sei que isto não vai acontecer e faz-me muita confusão que o FMI tenha concordado com isto.
Caro Robert Rensenbrink.
ResponderEliminarTocou à banca, como, se os depositantes é que saem prejudicados?
E tudo muda, como, se é só o dinheiro que vai mudar de um Banco de Chipre para outro de outro país ou off-shore?
Caro Tonibler:
Para mim, as explicações são mais primárias. E estão no post.
Caro Pinho Cardão, mas as decisões não vieram de Bruxelas vieram dos ministros das finanças. Se calhar isto não melhora muito mas, bolas, o meu filho mais novo não fazia uma destas. E, em tanto ministro das finanças haveria um a perguntar 'isto não é estúpido demais?'
ResponderEliminarBem, eu hoje já reforcei os fundos luxemburgueses não vá o Gaspr ter achado a coisa boa ideia.
No meio disto tudo há algo que me faz imensa confusão. Como é que ainda alguém tem as suas poupanças na zona Euro hoje em dia. E quem diz hoje em dia diz nos últimos 2-3 anos.
ResponderEliminarEnsandeceram...
ResponderEliminarMedidas desesperadas!
ResponderEliminarA bloomberg levantou um detalhe há pouco. Hoje foi feriado em Espanha , quando os bancos abrirem amanhã está montado o granel na zona euro. Seá que era isto que andavam à procura?....
ResponderEliminarExatamente, Pinho Cardão: tocou à banca.
ResponderEliminarPreciso de lhe explicar porquê? Então digo-lhe: ontem à noite, a minha mãe, de idade bem avançada e com um par de tostões na CGD, telefonou-me aflita a perguntar se devia ir levantar essas migalhas.
Neste momento, quanto dinheiro é que já está a fugir aqui do Sul europeu em direção a outras áreas?
Já agora, para mim há duas razões centrais para esta imbecilidade: (1) as troikas e demais desta vida querem sacar o seu dinheiro dê por onde der; (2) a sr.ª Merkel sabe muito bem que o Chipre é um paraíso fiscal e quem é que lá tem dinheiro depositado.
ResponderEliminarP.S. Patético o que os ministros das finanças europeus acabam de dizer a Chipre.
P.S.1. Estou em pulgas para saber o que disse o competentíssimo Vítor Gaspar sobre isto, qual a sua posição.
P.S.2. Um destes dias, quando a sr.ª Merkel e demais bastardos acordarem, a Grécia e Chipre estarão nos braços da Rússia. Mortinha por isso está ela. E depois... adeus, Europa!
A Europa não me parece que precise da ajuda da Russia seja para o que for. Desde o inicio que esta integração Europeia contra-natura e ainda por cima a marchas forçadas teve prazo de validade.
ResponderEliminarClaro que a Russia aproveitará os despojos e dará um empurrãozinho sempre que puder.
Caro Robert Rosenbrink:
ResponderEliminarA preocupação da sua mãe (e de milhares de portugueses perante uma eventual medida similar em Portugal) só denota sentido claro das coisas. Pese o facto de Chipre ter, no que respeita à banca, uma situação peculiar, como referi e o meu amigo de alguma forma confirmou.
E só prova que o assunto não toca à Banca, mas a quem nela tem depósitos. E se alguns bancos podem ser afectados, outros irão ganhar. No cômputo geral, a banca fica igual. Mas perdem também as economias onde a asneira se pratica.
caros,
ResponderEliminarUm bail-in dos bancos é a solução mais correcta do que o bailout pelos contribuintes.
Deveriam é ser todos os credores a converterem na proporção do tipo de crédito que detêm e não apenas os depositantes.