segunda-feira, 22 de abril de 2013

PIB dos EUA dá salto de 3%: uma sugestão de valor acrescentado...

1. É notícia de 1ª página na edição de hoje do F. Times: o PIB dos EUA vai sofrer uma variação discreta de +3%, a partir de Julho próximo, por efeito da contabilização de milhares de milhões de USD em activos intangíveis até agora não reconhecidos no produto.
2. Trata-se de uma revisão que procura captar as alterações de natureza estrutural que têm vindo a verificar-se na economia americana, e que inclui o reconhecimento do valor de activos tais como royalties de filmes e despesas em investigação e desenvolvimento (estas últimas realizadas por entidades públicas e privadas, supostamente).
3. Pois bem, esta notícia poderá constituir justo motivo de encorajamento para nós, num momento de importante viragem na orientação da política económica, apontada agora – já não era sem tempo, note-se – a uma vertente de crescimento, oficialmente consagrada e que muito fica a dever à inquebrável tenacidade demonstrada pelos nossos ilustres Crescimentistas.
4. Concretizando, parece possível dar um “salto em frente”, admitindo acrescentar ao PIB, a partir do 3º trimestre do corrente ano, por hipótese, o valor actualizado das variações futuras do PIB atribuíveis às novas perspectivas de crescimento decorrentes da alteração de política.
5. Tratar-se-ia de uma inovação, certamente, e engenhosa, certamente, mas não impossível nem tecnicamente muito complexa: que requereria a criação de uma Comissão Paritária (para garantir o indispensável consenso técnico), a qual ficaria incumbida de preparar um documento contendo: (i) a quantificação das variações futuras do PIB, em base trimestral, atribuíveis à nova política (uma análise diferencial, não excessivamente complexa – elementar, por exemplo, para o nosso ilustre comentador Tonibler); (ii) a definição de uma taxa de actualização desses valores diferenciais futuros, taxa não muito elevada (poderia ser a taxa da dívida alemã a 10 anos, cerca de 1,3%) para que o valor descontado seja mais interessante; (iii) uma recomendação de novos valores para o PIB, a submeter à AR, para ratificação.
6. Essa inovação teria a vantagem não apenas de tornar explícitos, por antecipação, os ganhos resultantes da nova política - fortalecendo o consenso em torno da mesma - mas também de fazer baixar, automaticamente, a partir da data da adopção da nova metodologia, todos os rácios que utilizam o PIB como denominador: dívida pública/PIB, défice público/PIB, despesa pública/PIB e assim sucessivamente...
7. Com elevada probabilidade, o Eurostat não se oporia a esta alteração se devida e antecipadamente explicada, e ainda poderíamos registar a patente pois não faltarão interessados pretendendo copiar o modelo...

12 comentários:

  1. Quer isto dizer que os Estados Unidos vão proceder a uma nova emissão de moeda, Sr. Dr. Tavares Moreira?!
    Ah grandes americanos!!!
    Abraham Lincoln estava certo quando disse;Pode-se enganar muitos, durante algum tempo; pode-se enganar alguns o tempo todo; mas não se pode enganar todos, o tempo todo.


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  2. Diz o Tavares Moreira:
    "importante viragem na orientação da política económica, apontada agora – já não era sem tempo, note-se – a uma vertente de crescimento".

    A minha alma está parva.
    Esta conceituado postador ortodoxo, que aqui sempre advogou o austerismo germanófilo, com ásperas,irónicas e acesas criticas a todos aqueles que advogavam outras políticas, a quem por ironia apelidava de "crescimentistas", vem agora dar o dito por não dito e inverter de 180 graus toda o seu pensamento e a estratégia que vinha defendendo.
    Não dá para acreditar.

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  3. Caro Bartolomeu,

    Desta vez, infelizmente, não há criação de moeda (injecção de liquidez, se preferir) como acompanhamento desta substancial variação do valor do PIB...
    E digo infelizmente pois nesta altura do ano, com o calor a apertar, um "fartote" desta grandeza em cima da economia sem ao menos um pouco de liquideza a acompanhar, pode acabar por ser dolorosamente indigesto!

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  4. Caro Tavares Moreira,

    Para já quero disponibilizar-me de imediato para essa comissão partidária, perdão, paritária de avaliação. Espero que, no princípio constitucional da igualdade seja coisa para reforma aos 40 anos depois de 10 de serviço.

    Depois, não entendi onde é que o estado americano colocou os passivos e o que é que o PIB tem a ver com o assunto.
    Eu concordaria com tal tipo de contabilização de TUDO, mas NO ESTADO. Desta forma já saberíamos desde 1990 que o estado português estaria falido, a contabilização dos aumentos da função pública, da expo 98, do euro 2004 a valor presente com base nos cashflows gerados seria muito mais interessante como forma de decisão que aquele que o Eng. Cardoso e Cunha usou que era a versão expo do "vão vir charters!".
    Na verdade, nunca percebi o que é que o PIB tem que ser usado para o que quer que seja das contas do estado. Ainda se fizessem alguma coisa...

    Finalmente, não me parece que a contabilização dos activos intangíveis nas contas nacionais portuguesas trouxessem grandes argumentos aos crescimentistas. Estavam a contar expulsar o Seguro do país para a contabilidade final resultar positiva?

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  5. Caro Tonibler,

    registo sua generosa disponibilidade para um trabalho de interesse nacional que, como tal deverá ser prestado em regime de voluntariado, com essa pequena excepção da reforma aos 40 anos com 10 de serviço efectivo (com um mínimo de 1 hora/dia).
    Quanto ao tratamento dos passivos que refere, eles estão sendo contabilizados ao segundo em Times Square, se não me engano e como bem saberá, qq trauseunte habitual daquela área que não vá completamente distraído já sabe de cor quanto é que a dívida aumenta a cada 24 horas...
    Quanto à EXPO/98, é assunto de que poderemos falar mais tranquilamente aquando do próximo almoço quarto republicano, que espero não fique para o próximo ano (estamos a chegar aos 3 milhões de visitas no 4R, será mais do que justo assinalar esse feito de alguma forma com alguns dos nossos Comentadores Seniores)..

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  6. No que diz respeito a almoço, como o meu caro sabe, sempre disponível. Mas, e os passivos intangíveis? Como contabilizá-los?? Particularmente num país como o nosso, tão fustigado que é por este tipo de passivo...

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  7. Caro Tonibler,

    Passívos intangíveis são, por definição, aqueles que ninguém consegue tocar, atingir...isto aplica-se tanto a credores como a devedores.
    Não deverão, por isso, constituir problema que condicione, seriamente, a nova agenda de Crescimento...
    Tem um interessante exemplo desses passivos nesta edificante história dos swaps de taxa de juro, em boa hora celebrados por algumas EPES, e que a população portuguesa em geral - graças ao meritório trabaho de esclarecimento e divulgação que tem sido sacrificadamente realizado pelos media - agora domina na perfeição (vide Post do Pinho Cardão).
    Acha. honestamente, que estes swaps vão prejudicar a implementação da dita agenda?

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  8. Podíamos swapar a nossa exposição à estupidez com algum país que tivesse demasiado exposto ao silêncio, por exemplo....

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  9. Por falar nisso, ontem li a fantástica proposta de 3 jovens deputados do PS sobre porque é que Portugal deveria deixar de pagar os empréstimos e impor um haircut aos credores. Para além da surpresa que representa encontrar a solução para 20 anos de asneiras financeiras em 3 putos saídos da universidade rute marlene de humanidades, achei curiosa a ideia de impor um haircut aos credores sem dizerem a que credores. Como a dívida do estado português deve andar toda em cima dos bancos nacionais, imagino que estas sumidades das finanças estivessem a sugerir um haircut nos depositantes dos bancos. Isto para não afectarmos os mais fracos, claro... Com tal exposição à estupidez, eu sou um enorme adepto do swap. Desde que não me mandem para comissões paritárias de avaliação voluntariamente. Acho que não posso acumular voluntariados na república portuguesa e já ocupo o cargo voluntário de otário.

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  10. Tonibler,

    Pegando na sua ideia, que me parece muito sugestiva, eu julgo que poderia ser mais oportuno cobrir a nossa posição em estupidez- que por ser bem "longa", envolve riscos desnecessários - com uma posição curta em bolivares ou dólares do Zimbawe, moedas cujo potencial de valorização é bem conhecido...

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  11. Homem das armas de destruição maciça e Tavares Moreira, deixem lá o Gaspar em paz, meus caros!

    Já chega: estupidez, estupidez, estupidez. O homem já nem vai conseguir sair à rua.

    P.S. O que nos vale é a vossa sapiência: está a dar um resultadão!

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  12. Mas que trágica confusão, ilustríssimo Stoudemire!
    Onde é que foi descobrir o Ministro Gaspar, nas trocas de mensagens que tenho mantido com Tonibler, que não tem coisíssima nenhuma a ver com o assunto?!
    O Senhor deve ter estado entretido na leitura dos Contos de Hoffman, antes da redacção desse comentário, e escreveu empurrado pelo impulso onírico em que essa leitura o embalou, diga lá a verdade!

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