segunda-feira, 8 de abril de 2013

Requiem por Maastricht?


Os últimos sucessos na Europa do euro, de que o episódio mais recente ocorreu a propósito da decisão do Tribunal Constitucional português, põem em cima da mesa, como nunca antes tinha estado, a questão do projeto de uma UE baseado nos pressupostos do Ato Único e do Tratado de Maastricht.
Entre nós, tal como aqui ao lado, está a quebrar-se a unanimidade nos partidos do arco governativo, existente desde a adesão, quanto ao projeto europeu. Mais: no seio do PSD e do PS, tal como no seio do PP e do PSOE no país vizinho, surgem a cada dia que passa mais vozes a criticar o modelo assente  numa convergência meramente nominal, modelo que - é já uma evidência -, conduz na realidade ao aumento da divergência real entre os Estados.
Mas mais grave do que esta constatação é a perceção de que a moeda única, para além da destruição das economias estruturalmente mais débeis, está a corroer os valores sobre os quais se construiu o edíficio europeu: a igualdade, a solidariedade e a democracia. Bem vistas as coisas não foram estes valores que estiveram em causa na decisão do Tribunal Constitucional?

17 comentários:

  1. ...assumindo que os estados são para continuar. Mas todos os tratados posteriores são no sentido de que a Europa é das pessoas, não dos estados e estes é que são dispensáveis. E, bem vistas as coisas, não foi isso que o TC demonstrou? :)

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  2. A invenção de uma pseudo-moeda única da forma como é este Euro, nunca poderia funcionar.

    Os estados têm politicas fiscais diferentes, ciclos económicos diferentes, estrutura produtiva diferente, bancos diferentes.

    E o mais simples de tudo , o euro está 20% sobrevalorisado em relação ao dolar.

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  3. Caro Ferreira de Almeida,

    A unanimidade de que fala, entre os partidos do "arco governativo", em relação´ao projecto do Euro, foi sempre fundada numa visão utilitária, despesista, laxista - estruturalmente errada - das regras de funcionamento da economia e da condução da política económica, no seio de uma união monetária.
    Como tal, tinha de acabar mal como agora se comprova.
    Não é o Euro que está errado meu Caro, o Euro não é bom nem mau em si mesmo - será bom ou mau em função do uso que dele fizermos - e até foi na altura incensado como um enorme progresso para Portugal. O erro esteve nas políticas que ao longo de muitos anos, quase 15, ignoraram as exigências próprias de um novo regime económico em que os instrumentos de que dispunhamos com moeda própria deixaram de existir.
    Como não fomos capazes de entender isso, atirar hoje as culpas para o Euro significa abdicar definitivamente de qualquer solução para o problema que nos atormenta.
    E implicará também, não tarda muito, o abandono do Euro, com consequências catastróficas para a economia (a começar numa invitável bancarrota).

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  4. Anónimo11:55

    Meu caro Tavares Moreira, não trato de culpabilizar o euro. Não ignoro, como o meu Amigo faz notar e bem, as políticas que durante mais de uma década não tiveram em conta a mudança de paradigma que a união monetária impunha às economias. Mas não só as políticas internas. Também e sobretudo as políticas europeias e os atos que estiveram na origem de uma certa conceção de união, sobretudo de união monetária. A que acrescem as dificuldades trazidas por uma aposta numa moeda muito forte e uma opção por políticas ferozmente anti-inflacionistas que pouco espaço de competição fora da Europa deixa aos países com economiais mais frágeis.
    Quanto ao futuro, pelo que leio e sobretudo pelo que observo quanto à manifesta incapacidade por parte dos lideres europeus de controlar o que pode ser controlado, não tenho grandes dúvidas sobre o que nos espera. De consequências catastróficas, como diz? Faço votos para que, pelo menos, haja capacidade para entender o que começa a ser inevitável num quadro em que queremos tudo ao mesmo tempo (a Constituição que temos, o Governo que temos, o Tribunal Constitucional que temos, as conceções sobre os direitos que temos, o dinheiro que não temos), sendo que a realidade é impiedosa quanto às incompatibilidades evidentes entre muito do que queremos. Havendo essa capacidade pelo menos preparamo-nos para o desastre tratando de minimizar os efeitos.

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  5. chegamos ao fim da picada por exclusiva culpa de politicos, sindicalistas, comentadores tudologos, trabalhadores, patrões.

    conveceram-se que eram ricos e não precisavam de trabalhar.

    o MONSTRO devora os contribuintes

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  6. Caros,

    Não é preciso abandonar o Euro, basta criar uma outra pseudo-moeda interna que circule em paralelo com o euro.

    Ou então desvalorizar o euro em 20% e obrigar o BCE a comprar divida publica dos paises perifericos em doses suficientes.

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  7. Anónimo13:24

    É interessante que quando há uns anos alguns aludiamos ao euro como loucura com prazo de validade e, mutatis mutandis a UE eramos vistos como loucos. Nada disto poderia alguma vez funcionar por um motivo simples: vai contra a natureza humana. É contra-natura. Durante muito tempo alberguei a esperança de que dos cacos pudesse ficar o que foi a antiga CEE. Desde o ano passado que não tenho quaisquer ilusões. Nem isso será possivel salvar da implosão desta coisada toda.

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  8. Eu não vou sair do euro. Não sei muito bem o que entendem por sair do euro, mas mesmo que o estado português o faça, Portugal não vai sair de certeza!

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  9. Anónimo16:13

    Isso se o Euro continuar a existir, Tonibler...

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  10. Completamente de acordo com o post, aliás no sentido das palavras de Rajoy que reclama mais apoio de Bruxelas e do BCE porque, diz, todos os esforços levados a cabo pelos Estados são insuficientes. Está é que é a questão.

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  11. Caro jotaC,

    Porque os esforços não são para ser feitos pelos estados, são para ser feitos pelos países. Se calhar implica acabar com os estados.

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  12. Mais péssimos resultados :

    Em termos homólogos e nominais, o Índice de Volume de Negócios diminuiu 7,1% em fevereiro (variação de -2,2% no mês anterior). O índice relativo ao mercado nacional apresentou uma diminuição de 8,6% em fevereiro (redução de 3,3% em janeiro), enquanto a variação do índice do mercado externo se situou em -5,1% (-0,7% no mês anterior).
    Também em termos homólogos, os índices de emprego, de remunerações e de horas trabalhadas, ajustadas de efeitos de calendário, diminuíram 4,1%, 0,3% e 5,5%, respetivamente.

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  13. Caro Tonibler, isto já está complicado, se pomos o país a "funcionar" sem estado é capaz de ser pior! ;)

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  14. Acha que temos poucos estados a quererem por isto a funcionar? Desde Bruxelas até à junta de Freguesia de Porto Salvo, o que não falta é estado para substituir este.

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  15. O euro apenas tornou transparente a incompetência dos governantes (do governo ao BdP).

    Agora já não se pode enganar o pagode com uma desvalorização de 20% da moeda e aumento de ordenados de 10%. Bendito euro!

    Agora o desemprego esse sim deve ser combatido. Mas não é com euro ou sem euro que se resolve o desemprego.

    Penso que a EU está solidária com Portugal, agora a solidariedade tem um limite. A não ser que se defenda o estatuto de Portugal como o estado "Rendimento Social de Inserção" da EU. Se Portugal é inviável que se discuta mas não se culpe a EU por isso.

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  16. Uma moeda e um Euro sobrevalorizado incentiva as importações e prejudica as exportações, como se pode verificar em quase todo os paises do mundo.

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  17. aaaaaaaahhhhhhhhh é mesmo ? quem diria! Curioso, estes dias conversava com um eminente economista ( como se tal coisa existisse) e ele dizia , países com economias totalmente distintas podem compartilhar a mesma moeda tranquilamente . Podem ser 2 , 3 , 4 , 10 , 15 países com economias totalmente diferentes , leis laborais totalmente diferentes , tudo diferente, mas podem ter todos a mesma moeda , basta fazer um decreto . A prova disso dizia ele , a Argentina, teve a paridade com o dólar por decreto, até hoje funciona "maravilhosamente" .
    Por isso porque o euro não poderia funcionar ?É só uma questão de assinar uns papeis (decretos) e tudo passa a funcionar "maravilhosamente" .

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