Aproveitei nova deslocação a Moçambique para, em intervalos de obrigações profissionais, revisitar Kruger Park e Inhambane, a terra da boa gente.
Conheci os dois locais há 14 anos com promessa de voltar, promessa agora cumprida.
Kruger igual ao que conheci. Um imenso jardim zoológico, bem organizado, onde o avistamento se transforma num contato muito próximo com as mais emblemáticas espécies da fauna africana, facilitada como está a visitação, porventura como em nenhum outro parque do mundo.
Pesem embora vicissitudes várias - entre elas uma péssima noite passada no carro onde nos deslocámos, junto à fronteira entre a RSA e Moçambique onde chegámos já depois do fecho dos postos de controlo, com uma temperatura baixíssima -, e de a natureza não ter sido muito pródiga em exibições, deu para admirar e registar quer a impressionante paisagem (um por do sol de cortar a respiração!), quer um variado número de mamíferos e aves. Especialmente notada foi a falta de comparência do leão, embora nos tempos que correm se saiba que o leão, ultimamente tímido, mal se tem mostrado...
Inhambane. Apesar de não ser visível a acelerada transformação que se observa na capital moçambicana ou em cidades como Nacala ou Pemba no norte, à custa da exploração do vasto stock de recursos minerais, recordou-nos uma beleza que não passa despercebida ao negócio do turismo. Novos hotéis, resorts e lodges onde a qualidade ombreia paredes meias com o mau gosto e uma tendência para a massificação destrutiva. Foi fugaz a visita e pode ser que esta impressão não passe disso mesmo.
Em Moçambique, especialmente em Maputo, só se fala da crise para explicar a chegada maciça de portugueses à procura da oportunidade que as taxas de crescimento económico próximas dos dois digitos prometem a quem na Pátria não vê futuro. À hora de jantar na Cristal antes do regresso a Lisboa, onde vão aportando dezenas de ferrenhos benfiquistas e portistas preparados assistir a um clássico também por ali apaixonadamente aguardado, olho em volta e salta à vista a quantidade de jovens portugueses. Sobre o significado desta migração no quadro negro do empobrecimento de Portugal, está tudo dito, não vale a pena encarecê-lo.
Dia 12 de maio, aeroporto da Portela, o regresso. Atiro-me às notícias: um touro feroz em fuga sem que um valente o pegue seja de caras ou de cernelha, um "menino" de 19 anos faz ajoelhar Jesus, e uma anunciada nova crise na coligação.
À velocidade habitual desfez-se a espuma. A esta hora, touro capturado, Jesus ruma a Amsterdão, e Portas, como habitualmente, discordando patrioticamente concorda. Voltei.
E voltou muitíssimo bem, Dr. José Mário. Gostaria de acrescentar: e em boa-hora, mas se o fizesse, não estaria a ser sincero.
ResponderEliminarPena é que não tenha trazido das nyangas, umas receitas para restaurar a saúde deste país, cada dia mais débil.
Obrigado, meu caro Bartolomeu.
ResponderEliminarReceitas para a saúde deste País cada vez mais velho, fraco e doente, não creio que possam vir dali. Julgo que vai se necessário inventarmos o nosso próprio tónico.
José Mário
ResponderEliminarNada como juntar o útil ao agradável. Já tinha dado pela sua falta! Visitar cosias bonitas, sair deste pais de vez em quando é fundamental para manter uma certa sanidade mental. As notícias da Portela não quiseram assustá-lo, desemprego, reduções retroactivas nas pensões dos funcionários públicos, mais impostos, etc. Boa adaptação...
Está a custar, Margarida, está a custar...
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