Ontem foi uma senhora do PS que se encandalizava perante os seus alunos de uma das patéticas universidades de verão, com os privilégios dos senhores conselheiros do Tribunal Constitucional, acusando o PM de nada fazer para mudar esta situação. Há dias ouvi o mesmo discurso, em tom inflamado, de um conhecido analista e comentador do PSD, protestando com grande vivacidade pelo facto de os senhores juizes não prescindirem das férias apesar do especial estatuto de que beneficiam que os deveria fazer mais dispostos ao sacrifício pela Nação. Gente do PP alinha pelo mesmo diapasão e anunciou urbi et orbe que apresentará proposta para acabar com tais privilégios que se diz chocarem a sensibilidade do mais empedernido perante a necessidade de, por exemplo, esmagar o valor das pensões mais baixas. Cheguei a ouvir que a situação dos senhores conselheiros era um escândalo e até uma vergonha.
Julgo ter uma enorme tolerância em relação à plasticidade do discurso político. Talvez por isso creio nunca ter dito, mesmo em privado, que um político mentiu.
Mas há demagogias que vão longe de mais, e nessas situações há qualquer coisa dentro de nós que se revolta.
É o caso.
É o caso.
Nenhum dos ilustres senhores que agora assim se escandaliza com os privilégios dos juizes do Tribunal Constitucional é alheio ao estatuto dos senhores conselheiros. Todos foram dirigentes dos respetivos partidos e foi no parlamento que esse estatuto foi aprovado, se não estou em erro, com amplo consenso. Mais, muitos dos dirigentes partidários acenaram ou mandaram acenar com o especial estatuto dos juizes do constitucional para os convencer a submeterem-se à eleição parlamentar previamente negociada. Por isso é inaceitável esta postura ofendida de quem é co-autor da situação que condena.
O discurso político está, em Portugal, fortemente contaminado pela desresponsabilização de quem, sem ser capaz de fazer o mea culpa é favorecido pela endémica e generosa dose de ... chamemos-lhe falta de memória.
" ...chamemos-lhe falta de memória."
ResponderEliminar...chamemos-lhe falta de vergonha.
Caríssimo,
ResponderEliminarMuito bem.
Esta gente que pulula pelos degraus da política há mais de uma dezena de anos, que pouco trabalhou, domina o nosso espaço mediático construído por jornalistas de causas afectivas e tolos de ideias.
Que vida teve o Almeida do CDS? Ou o Ribeiro do PS? Ou ainda Montenegro do PSD?
Há quantos anos pulula Edite Estrela do PS nos mexericos do Poder? Há república nos cargos, mas não nas pessoas da política?
Ao menos os Juizes do TC têm uma vida, uma vida de trabalho, e têm crédito firmado no Direito.Não foi por lamentação ou reivindicação que os Juizs do TC tiveram tal privilégio...
...mas os despudorados que nos metem pelos olhos dentro todos os dias, aqueles agarradinhos que nada mostram no seu campo de saber algo que os faça permanecer debitam glosas de linguagem plástica que a populaça engoliu durante anos...
Tudo o que possa envolver o estado português é de mérito individual e culpas colectivas. E aquilo que é culpa de todos, não é culpa de ninguém e, no fim do dia, não só os senhores conselheiros viverão como nababos com o dinheiro dos pobres, como os senhores dos partidos andarão a dizer barbaridades enquanto não lhes calha a eles.
ResponderEliminarSão nove séculos disto...
Por acaso, a senhora de ontem até pode falar à vontade, porque nem goza de nenhum privilégio especial. Estar no Parlamento Europeu é mesmo castigo. Tem toda a autoridade para falar. Sobretudo porque ninguém a escuta.
ResponderEliminarComo bem comprovado com estas 'universidades',
ResponderEliminarnada a fazer.
Esta miss deputada swapp belga, tem que se lhe diga.
Ela e sua exma prole, famiglia, partido.
Nada a fazer.
Não ouvi os comentários de que fala, caro José Mário, mas não há dúvida de que estas alturas de grandes dificuldades propiciam grandes demagogias, sobretudo quando a responsabilidade de decidir cai sobre outros.
ResponderEliminarLamento que este artigo do Dr.J.M.F.Almeida só seja crítico em relação aos "iluminados" dos partidos. Com o que até concordo!Mas não haver sequer uma linha de crítica a estes nababos que gozam à nossa custa, que têm regalias inimagináveis e que,ainda por cima,têm o desplante de vir fazer comícios a rir-se de nós todos,que lhes pagamos essas mordomias,essa não aceito!
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